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Monte dei Paschi pede mais tempo ao BCE para concluir recapitalização

O conselho de administração do banco italiano Monte dei Paschi di Siena diz que, com a demissão do primeiro-ministro Matteo Renzi e a abertura de uma crise política em Itália, não conseguirá ter o aumento de capital concluído até ao final de 2016 como previsto.

Bloomberg
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Itália pediu ao Banco Central Europeu (BCE) mais tempo - até meados de Janeiro - para a conclusão do processo de recapitalização do Monte dei Paschi di Siena (MPS). Segundo uma nota emitida pelo banco e citada pelo Il Sole 24 Ore, o Monte dei Paschi mantém a intenção de avançar com o plano A, que passa pelo aumento de capital num montante de 5 mil milhões de euros com recurso a privados. Mas para concretizar este plano pediu formalmente, esta quarta-feira, 7 de Dezembro, ao BCE o "prolongamento da data-limite para ser autorizada" a execução do referido aumento de capital até ao dia 20 de Janeiro de 2017, e já não até ao final deste ano.

 

Este pedido é explicado pelo banco mais antigo do mundo em exercício com a "alteração do contexto de referência", ou seja, com a entretanto aberta crise política italiana. Já o Financial Times refere que se Roma for forçada a um resgate urgente, que necessariamente implicaria perdas para os obrigacionistas, então irá colocar a responsabilidade na autoridade monetária liderada por Mario Draghi. 

 

A administração do MPS, que tem o Tesouro italiano como seu maior accionista, quer que o braço supervisor do BCE lhe dê até meados de Janeiro para injectar cinco mil milhões de euros – com esse prazo adicional [o limite está, actualmente, no final deste ano], evitará assim forçar perdas sobre os detentores de obrigações do banco, como está previsto pelas novas regras de resgate da União Europeia.

  

Recorde-se que no passado domingo, 4 de Dezembro, após a vitória do "não" (com 60% dos votos) no referendo sobre a reforma constitucional proposta pelo primeiro-ministro Matteo Renzi, este confirmou que iria apresentar a sua demissão ao Presidente da República, Sergio Mattarella. O chefe de Estado pediu a Renzi para adiar a sua demissão durante o tempo necessário para garantir a aprovação do Orçamento do Estado para 2017. Uma vez que este foi aprovado hoje no Senado, Renzi já pediu formalmente a sua saída.

 

"Se o BCE não aprovar a extensão do prazo que é pedida, o MPS poderá ter de avançar para uma recapitalização por parte do Estado italiano nos próximos dias", comentou ao jornal britânico uma fonte próxima do processo.

 

O italiano Monte dei Paschi tem estado sob os holofotes devido às suas necessidades de recapitalização, identificadas nos testes de stress, cujos resultados foram conhecidos no Verão. O banco, o maior do sistema transalpino, foi o único que chumbou nos exames de solvabilidade. E precisa de se recapitalizar em cinco mil milhões de euros.

 

Na passada sexta-feira foi aprovado esse aumento de capital no referido montante. Porém, tem sido avançado que a resolução do problema poderá implicar a passagem da discussão para o plano europeu. Se o recurso ao tradicional "bail out" é dificultado pelas regras europeias, adoptar a via do "bail in" (que implica perdas para os obrigacionistas e depositantes) configura um enorme risco de contágio à economia italiana e, consequentemente, ao restante sistema financeiro da Zona Euro.

O plano inicial passa por assegurar mil milhões de euros vindos dos obrigacionistas e os restantes 4 mil milhões de grandes investidores e venda de acções em mercado (com um prémio entre 23% e 37% sobre os preços em bolsa).

 

Contudo, o resultado do referendo de domingo de Itália acabou por levantar muitas dúvidas sobre a viabilidade deste plano e foi noticiado que se o banco não conseguir até ao final deste ano realizar o aumento de capital, pode ter de voltar a resgatado.

 

Na segunda-feira, 5 de Dezembro, os consultores do Monte dei Paschi que estão a gerir estas operações optaram por adiar a decisão sobre se mantêm o plano ou se o deixam cair, por falta de condições de mercado.

 

Entretanto, desde ontem que as notícias sobre um resgate público se têm multiplicado. Já antes do referendo tinha sido noticiado que o Governo estava a negociar com Bruxelas um potencial resgate financeiro do Monte dei Paschi. Ontem foi revelado que se não for possível concretizar o processo de recapitalização através dos investidores, o Governo italiano tem preparado um plano B.

 

Já esta quarta-feira foi noticiado que está mesmo a ser preparada uma intervenção pública. O jornal italiano La Stampa deu como certo que o Governo italiano iria pedir um resgate tipo espanhol para o seu sistema financeiro, com um empréstimo de 15 mil milhões de euros do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). A notícia foi negada tanto pelo Governo, como pelo ESM, mas uma intervenção pública, ainda que noutros moldes, poderá estar a caminho. Isso é, pelo menos, o que garante a Reuters.

 

As acções do Monte dei Paschi subiram esta quarta-feira 10,05% para 20,80 euros, animando a restante banca italiana – e, por arrasto, os títulos financeiros de toda a Europa, incluindo o BCP (que nas duas últimas sessões já ganhou 11%).

(Notícia actualizada dia 8 de Dezembro com mudança de título e correcção. O pedido foi feito pelo Monte dei Paschi e trata-se de recapitalização e não de um resgate.)

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