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Responsável do BCE admite que Itália terá que resgatar bancos
Ewald Nowotny lembra que ao contrário de outros países do euro, a Itália não providenciou ajuda estatal aos seus bancos.
Ewald Nowotny, governador do Banco Nacional da Áustria e membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu, admitiu esta segunda-feira que a Itália poderá ser forçada a injectar dinheiro público no seu sistema financeiro.
Em declarações aos jornalistas, citadas pela Reuters, Nowotny lembrou que Itália tem uma situação diferente de vários outros estados membros da Zona Euro. "A diferença entre Itália e outros países, como a Alemanha e a Áustria, é que, até agora, em Itália não houve qualquer ajuda estatal significativa ou compra de participações em bancos" por parte de entidades públicas, afirmou Nowotny.
Tendo em conta esta situação, "não pode ser descartado que seja necessário para o Estado [italiano] assumir participações em bancos" privados, acrescentou Nowotny.
As declarações do governador do banco central austríaco surgem no dia posterior ao referendo em Itália, que resultou na demissão do primeiro-ministro Matteo Renzi. E numa altura em que sector financeiro em Itália está no centro das preocupações, devido aos elevados níveis de crédito mal parado e baixos níveis de capitalização em alguns casos.
O Monte dei Paschi é apontado como o caso mais preocupante, uma vez que chumbou o último exame do BCE e está com dificuldades em cumprir o plano de capitalização que tem em cima da mesa com recurso a investidores privados.
O banco já convocou os consultores do JPMorgan e do Mediabanca para uma reunião esta segunda-feira, 5 de Dezembro, de manhã. O objectivo é decidir se se avança ou não com o plano de recapitalização de cinco mil milhões de euros, revela o Financial Times, que cita fontes próximas do processo.
Na sexta-feira foi noticiado que o Governo de Matteo Renzi estava a negociar as condições de um eventual resgate do Monte dei Paschi com Bruxelas. O plano de resgate já terá sido apresentado e, caso seja necessário, poderá ser accionado na próxima semana, avançou Corriere della Sera, citado pela Reuters. A Comissão Europeia terá demonstrado alguma abertura para limitar as perdas dos accionistas e dos detentores de dívida subordinada.
Depois de um início de sessão em queda acentuada, os bancos italianos estão a recuperar terreno e alguns já negoceiam mesmo em alta. O Monte dei Paschi recua 1,59% para 19,19 euros, sendo que hoje já esteve a cair 7,54% e a ganhar mais de 2%.