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Unicredit negoceia venda da Pioneer por três mil milhões
O maior banco italiano quer reduzir as preocupações em torno da sua solidez. Para isso está a negociar a venda da Pioneer por três mil milhões de euros, avança o Financial Times.
O Unicredit está a negociar a venda da gestora de activos Pioneer. As negociações estão a ser feitas com a francesa Amundi e os valores em cima da mesa superam os três mil milhões de euros, avança o Financial Times, que cita fontes próximas do processo.
Esta venda tem como objectivo o aumento de capital, numa altura em que a banca italiana está sob os holofotes devido, essencialmente, às fragilidades do Monte dei Paschi. A operação tenta assim afastar o maior banco italiano de um foco de stress.
O negócio surge em antecipação ao novo plano estratégico que deverá ser apresentado pelo presidente executivo do banco, Jean-Pierre Mustier , no próximo dia 13 de Dezembro.
O FT adianta que o plano em causa deverá passar por um aumento de capital total no valor de 13 mil milhões de euros e a venda de activos. Um deles será a gestora de activos Pioneer, o outro a unidade polaca Pekao.
O Unicredit tenciona ainda fazer uma divisão do portefólio de crédito malparado, avaliado em 50 mil milhões de euros, e vender uma parcela a um ou a vários investidores. O mesmo jornal diz que a Fortress, a Cerberus e a Pimco estão entre os potenciais compradores, adiantaram fontes ligadas às negociações.
A banca italiana está sob forte pressão, depois dos testes de stress, cujos resultados foram conhecidos no Verão, terem revelado fragilidades. O alvo é o Monte dei Paschi, o único que chumbou no exame. Mas o Unicredit conta com um rácio de solvabilidade CET1 de 10,8%, um valor que cumpre os requisitos exigidos pelo Banco Central Europeu, mas que se encontra no final na tabela quando comparado com os congéneres europeus.
Além disso, o Monte dei Paschi poderá encontrar muitas dificuldades em cumprir com as exigências que lhe foram feitas depois dos testes de stress. E isso poderá contaminar toda a banca, em especial a italiana.
Um cenário que poderá ainda agravar-se dependendo do resultado do referendo que está a realizar-se este domingo. Se o resultado for "não", a reacção dos mercados poderá ser de apreensão, já que as leituras que estão a ser feitas são de que, no pior cenário, um "não" poderá levar a uma saída de Itália da Zona Euro. E neste contexto de incerteza, emitir dívida no mercado ou angariar investidores será uma tarefa mais complicada.
Ainda na sexta-feira, foi noticiado que Itália está a negociar com a Comissão Europeia os termos de um resgate ao Monte dei Paschi.
O plano de resgate já terá sido apresentado e, caso seja necessário, poderá ser accionado na próxima semana, avançou Corriere della Sera, citado pela Reuters.
O banco italiano, o único que chumbou nos testes de stress cujos resultados foram conhecidos este Verão, tem de se recapitalizar em cinco mil milhões de euros para cumprir os rácios exigidos pelo Banco Central Europeu.
A instituição financeira prevê levantar cerca de mil milhões de euros junto dos actuais obrigacionistas através de um acordo para trocar dívida por capital. O valor é parte dos 5.000 milhões de euros que a instituição tem de encaixar para garantir a sua sobrevivência. De acordo com o plano de recapitalização, dado a conhecer no dia 15 de Novembro, e citado pela Reuters, o Monte dei Paschi oferece em média um prémio de entre 23% e 37% sobre preços de mercado. Os analistas do BNP Paribas vêem o valor de mil milhões como "realista", acreditando que o valor arrecadado, previsivelmente no próximo mês, pode chegar a 1.500 milhões.