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Deutsche Bank poderá ter ajudado Monte dei Paschi a esconder perdas

Uma auditoria dos reguladores alemães ao Deutsche Bank conclui que o banco poderá ter manipulado índices internos no âmbito de um esquema fraudulento com o objectivo de esconder perdas do Monte dei Paschi.

reuters
Negócios 08 de Dezembro de 2016 às 11:06
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De acordo com uma auditoria, citada pela agência Bloomberg, realizada pelos reguladores alemães ao Deutsche Bank, este banco alemão terá ajudado o italiano Banca Monte dei Paschi a esconder perdas num negócio levado a cabo entre as duas instituições financeiras, em 2008.

 

A Bloomberg refere que no relatório do Bafin a que teve acesso é referida a existência de "anomalias" nos valores dos activos utilizados para definir o preço do Monte dei Paschi. Em causa estará a manipulação, pelo Deutsche Bank, de índices internos relacionados com produtos indexados à Taxa Euribor (DB FRB EUR; DB Trends EUR).

 

Apesar de os investigadores não terem conseguido estabelecer uma ligação directa entre a alegada manipulação e o resultado final do negócio realizado entre os dois bancos em 2008, concluíram que o Deutsche Bank não seguiu quaisquer directrizes por forma a monitorizar eventuais irregularidades nos referidos índices.

 

Este negócio foi inicialmente noticiado já em 2013, também pela agência Bloomberg, que então reportava a forma como o negócio realizado com o Deutsche Bank tinha permitido ao Monte dei Paschi - o terceiro maior banco do sistema italiano e o mais antigo do mundo ainda em actividade – esconder centenas de milhões de euros em perdas decorrentes de uma anterior transacção que havido sido feita com o banco germânico.


Este negócio, conhecido como "Santorini", entre o banco alemão e a instituição italiana terá permitido ao Deutsche Bank lucrar cerca de 60 milhões de euros somente nas duas primeiras semanas de Dezembro de 2008.

 

Um tribunal de Milão também vai iniciar, em princípio já no próximo dia 15 de Dezembro, um julgamento aos dois bancos, isto depois de os procuradores italianos terem concluído que o referido negócio "Santorini" terá permitido ao Monte dei Paschi falsificar as contas do banco transalpino. O Deutsche Bank e seis antigos gestores de topo do banco italiano estão indiciados pelo tribunal milanês.

 

Em 2015 o Deutsche Bank foi condenado ao pagamento de 2,5 mil milhões de dólares por se considerar que o banco havia criado um esquema de manipulação de taxas de juro com o propósito de obter ganhos financeiros.

 

Apesar de ter sido resgatado pelo Estado italiano, o Monte dei Paschi luta há já cerca de oito anos pela sobrevivência. Na passada sexta-feira foi aprovado um aumento de capital de 5 mil milhões de euros. Porém, tem sido avançado que a resolução do problema poderá implicar a passagem da discussão para o plano europeu. Para já, Itália pediu ao Banco Central Europeu mais tempo - até meados de Janeiro - para resgatar o Monte dei Paschi di Siena.

Se o recurso ao tradicional "bail out" é dificultado pelas regras europeias, adoptar a via do "bail in" (que implica perdas para os obrigacionistas e depositantes) configura um enorme risco de contágio à economia italiana e, consequentemente, ao restante sistema financeiro da Zona Euro. 

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