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Moody’s corta perspectiva sobre Itália de "estável" para "negativa"
A agência de notação norte-americana cortou a perspectiva sobre a dívida pública de Itália de "estável" para "negativa", numa altura em que ganha forma a crise política no país. Ainda assim decidiu manter o "rating" em nível de investimento.
A agência de "rating" norte-americana Moody’s cortou na noite da última quarta-feira, 7 de Dezembro, a perspectiva sobre a dívida pública italiana de "estável" para "negativa", reflectindo assim o crescendo de incerteza em torno do futuro Governo do país numa altura em que Matteo Renzi já formalizou a demissão de primeiro-ministro.
A Moody’s aponta o "lento progresso" verificado ao nível da prossecução de reformas económicas como razão justificativa desta redução da perspectiva. Por outro lado, a agência de notação financeira acrescenta que a redução do peso da dívida pública transalpina (que é superior a 130%) deverá ser novamente adiada tendo em conta as agora menores perspectivas de crescimento económico do país no médio prazo.
Ainda assim a Moody’s decidiu reiterar o "rating" atribuído à dívida pública da República italiana em "Baa2", classificação ainda considerada favorável ao investimento.
Esta decisão da agência norte-americana surgiu poucas horas depois de Matteo Renzi ter apresentado formalmente a sua demissão de chefe de Governo ao presidente da República, Sergio Mattarella. As declarações feitas por Renzi na reunião da direcção do seu partido (PD), que também foi ontem realizada, deixaram uma nuvem ainda mais negra sobre o futuro político do país.
Matteo Renzi disse defender a formação de um Governo de "responsabilidade nacional" com a participação de todos os partidos, o que pode ler-se como uma chamada às consideradas forças políticas mais moderadas, como é o caso do Força Itália de Silvio Berlusconi. Caso contrário, Renzi garantiu que o único caminho viável é ir o mais rapidamente possível a eleições.
Na segunda-feira passada, dia seguinte à derrota do Governo no referendo às alterações constitucionais propostas por Renzi, a agência Fitch já havia alertado para o reforço da incerteza política em Itália como consequência da vitória do "não" na consulta popular de domingo.
Esta quinta-feira, 8 de Dezembro, e após dois dias a aliviar a dívida pública italiana segue em alta, com as obrigações com prazo a 10 anos a subirem 6,9 pontos base para 1,955%, isto numa altura em que os mercados estão especialmente atentos à decisão que será hoje tomada pelo Banco Central Europeu (BCE), esperando-se que a instituição liderada pelo italiano Mario Draghi possa anunciar o prolongamento por mais seis meses do programa mensal de compra de activos que se previa terminar em Março de 2017.