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Monte dei Paschi afundou 11% com aumento de capital em risco de falhar
Depois de o fundo Atlante ter revelado "fortes reservas" quanto às possibilidades de sucesso de uma das partes do processo de recapitalização do Monte dei Paschi, os títulos da instituição afundaram 11%.
As acções do Banca Monte dei Paschi di Siena fecharam a sessão bolsista desta segunda-feira, 19 de Dezembro, a afundar 11,04% para 18,62 euros, num dia em que chegaram mesmo a recuar perto de 12,5%. Esta segunda-feira assinalava também o início do plano de recapitalização do Monte dei Paschi, cujo objectivo passa por assegurar um reforço de capital de 5 mil milhões de euros através de um processo dividido em três fases.
Contudo, no sábado passado a gestão do fundo Atlante - veículo constituído para a recapitalização da banca italiana através da compra do crédito malparado – revelou deter "fortes reservas" quando às possibilidades de sucesso de uma daquelas três fases, designadamente a que passa pela compra, por parte deste veículo, de créditos titularizados.
Foi o próprio Monte dei Paschi a revelar esta segunda-feira que está a tentar encontrar uma solução junto do Quaestio Capital Management - responsável pela gestão do fundo Atlante - garantindo de seguida que se não for ultrapassada esta questão será impossível cumprir a meta estipulada pelas regras europeias para a conclusão da recapitalização. O que significa que o banco teme que o insucesso desta fase coloque em causa todo o plano de capitalização.
No seguimento da crise política desencadeada em Itália com o resultado do referendo constitucional, o Monte dei Paschi pediu ao Banco Central Europeu (BCE) o dilatamento do prazo para a conclusão da recapitalização, contudo este pedido foi rejeitado pela autoridade monetária europeia.
O tempo está a correr contra o Monte dei Paschi, o terceiro maior do sistema italiano e o banco mais antigo do mundo ainda em actividade. A venda de títulos aos clientes de retalho termina na quarta-feira, para no dia seguinte acabar o prazo para a compra por parte dos investidores institucionais. O Atlante duvida em concreto da parte do plano que implica que este veículo compre créditos titularizados no valor de 1,5 mil milhões de euros. Desde o início deste ano o Monte dei Paschi já perdeu praticamente 85% do seu valor em bolsa.
Se falhar este plano, o Governo transalpino terá de avançar com a injecção de dinheiros públicos para salvar o banco (bailout), o que implicaria perdas para obrigacionistas e grandes depositantes.