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Monte dei Paschi afunda e arrasta resto da banca italiana
O BCE recusou dar mais tempo ao Monte dei Paschi para se recapitalizar, o que aumenta a probabilidade de ter de ser intervencionado pelo Estado. As acções deslizam mais de 14% e arrastam o resto da banca italiana.
O Banca Monte dei Paschi tinha pedido ao Banco Central Europeu (BCE) para lhe dar mais tempo para conseguir implementar o plano de recapitalização no montante total de cinco mil milhões de euros. Mas o banco central respondeu com um "não".
Assim, o terceiro maior banco de Itália terá de se recapitalizar até ao final deste ano.
A reacção do mercado não se fez esperar. As acções seguem a cair 14% para 18,73 euros, tendo chegado a deslizar um máximo de 15,43%. Com esta queda, o Monte dei Paschi eleva para praticamente 85% a descida desde o início do ano.
O Monte dei Paschi ficou no centro das atenções depois dos testes de stress, cujos resultados foram conhecidos este Verão, terem revelado que o banco chumbou no teste, tendo sido identificadas necessidades de capital na ordem dos cinco mil milhões de euros.
O banco traçou um plano de recapitalização, que inclui a venda de activos, troca de dívida, mas também aumento de capital através da venda de novas acções.
E se a pressão sobre o banco mais antigo do mundo já era grande, depois do resultado do referendo em Itália no último domingo, 4 de Dezembro, disparou a pressão. É que a vitória do "não" às alterações à Constituição ditou a demissão do primeiro-ministro, Matteo Renzi. O que aumenta os receios em torno da situação política do país.
E neste contexto, o financiamento através do mercado torna-se difícil. O banco convocou uma reunião, logo na segunda-feira, para os consultores do JPMorgan e do Mediabanca avaliarem se avançavam com o plano de recapitalização ou se o deixavam cair. A reunião terminou sem decisão. Os consultores decidiram esperar uns dias para avaliar se há condições de mercado ou não.
Com o "não" do BCE, a expectativa de que o Estado italiano intervenha na recapitalização do Monte dei Paschi está a aumentar, o que provocará perdas para obrigacionistas e accionistas.
É essa a razão para a queda abrupta das acções, que está a arrastar todo o sector financeiro italiano.
O Unicredit, que também está a implementar um plano de recapitalização, está a deslizar 5,47% para 2,42 euros. Este, que é o maior banco italiano, já anunciou a venda da participação que detinha no polaco Pekao, por cerca de dois mil milhões de euros, e está a negociar a venda da Pioneer, por cerca de três mil milhões de euros. O plano de recapitalização, noticiado no domingo pelo Financial Times, revela que o Unicredit tem como objectivo elevar o capital num total de 13 mil milhões de euros, incluindo venda de activos.
As quedas são generalizadas. O Banca Popolare di Milano desliza mais de 5% e o Mediabanca recua mais de 4%.