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António de Sousa: Criação de departamento de risco "não foi bem aceite por todos" na CGD
António de Sousa foi o responsável pela criação de um departamento de gestão de risco na CGD, em 2000. Na altura, conta, este departamento gerou "choques e reações".
A criação de um departamento de gestão de risco na Caixa Geral de Depósitos (CGD), há quase duas décadas, "não foi bem aceite" por todos dentro da instituição. Quem o diz é António de Sousa, antigo presidente do banco público e o responsável pela criação deste departamento.
"Como qualquer alteração profunda que se faça numa organização, inevitavelmente, ela causa uma série de choques e reações. A criação de um departamento de risco, que iria permitir contrapor uma opinião aos pareceres jurídicos, não foi igualmente bem aceite por toda a gente dentro da instituição. Ainda por cima, era relativamente inovador em Portugal, não era comum", recordou António de Sousa, que está a ser ouvido, esta terça-feira, 30 de abril, na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco.
António de Sousa foi presidente do banco público entre 2000 e 2004. Logo no início do mandato, criou um departamento de gestão de risco, numa altura em que a avaliação do risco na banca "não tinha, nem de longe, a importância que veio a adquirir mais tarde".
A implementação deste departamento, conta, foi gradual, mas nem por isso a receção desta inovação dentro da instituição foi melhor. "Não foi imediato, foi progressivo. Mesmo assim, houve reações. À minha frente não eram muito grandes, mas sei que elas existiam", afirma, reconhecendo que a implementação do departamento poderia ter sido mais rápida, mas que isso tornaria a adaptação mais difícil. "Foi com a velocidade possível e foi sendo progressivamente consubstanciada numa prática".
Esta versão dos factos corrobora aquela que já tinha sido partilhada por Vasco d'Orey, antigo diretor do departamento de gestão de risco durante o mandato de António de Sousa. Na sua audição nesta comissão de inquérito, este mês, o ex-responsável pelo risco no banco público afirmou que este "não era propriamente um órgão amado na CGD". O responsável disse ainda que, embora este departamento não fosse "desconsiderado", muitas vezes a decisão da administração "não seguia" o que era determinado pelo departamento de risco.
Atas não apresentavam fundamentação
No arranque da audição, em resposta à deputada social-democrata Margarida Mano, António de Sousa falou ainda sobre a elaboração das atas, das quais, segundo o antigo presidente da CGD, não constavam detalhes sobre a argumentação que levou à tomada de algumas decisões.
"Não havia fundamentação nas atas, até porque, como penso que era tradicional na altura, as atas deviam ser sucintas e não deviam ter sequer a argumentação", disse.
E acrescentou: "Mesmo havendo muito poucos casos em que isso terá acontecido, terão existido casos em que aconteceu um não convencimento da gestão de risco em relação à decisão final. Mas não é necessário as pessoas estarem sempre de acordo e não era necessário isso estar em ata".
Notícia atualizada às 10:46 com mais informação.
"Como qualquer alteração profunda que se faça numa organização, inevitavelmente, ela causa uma série de choques e reações. A criação de um departamento de risco, que iria permitir contrapor uma opinião aos pareceres jurídicos, não foi igualmente bem aceite por toda a gente dentro da instituição. Ainda por cima, era relativamente inovador em Portugal, não era comum", recordou António de Sousa, que está a ser ouvido, esta terça-feira, 30 de abril, na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco.
A implementação deste departamento, conta, foi gradual, mas nem por isso a receção desta inovação dentro da instituição foi melhor. "Não foi imediato, foi progressivo. Mesmo assim, houve reações. À minha frente não eram muito grandes, mas sei que elas existiam", afirma, reconhecendo que a implementação do departamento poderia ter sido mais rápida, mas que isso tornaria a adaptação mais difícil. "Foi com a velocidade possível e foi sendo progressivamente consubstanciada numa prática".
Esta versão dos factos corrobora aquela que já tinha sido partilhada por Vasco d'Orey, antigo diretor do departamento de gestão de risco durante o mandato de António de Sousa. Na sua audição nesta comissão de inquérito, este mês, o ex-responsável pelo risco no banco público afirmou que este "não era propriamente um órgão amado na CGD". O responsável disse ainda que, embora este departamento não fosse "desconsiderado", muitas vezes a decisão da administração "não seguia" o que era determinado pelo departamento de risco.
Atas não apresentavam fundamentação
No arranque da audição, em resposta à deputada social-democrata Margarida Mano, António de Sousa falou ainda sobre a elaboração das atas, das quais, segundo o antigo presidente da CGD, não constavam detalhes sobre a argumentação que levou à tomada de algumas decisões.
"Não havia fundamentação nas atas, até porque, como penso que era tradicional na altura, as atas deviam ser sucintas e não deviam ter sequer a argumentação", disse.
E acrescentou: "Mesmo havendo muito poucos casos em que isso terá acontecido, terão existido casos em que aconteceu um não convencimento da gestão de risco em relação à decisão final. Mas não é necessário as pessoas estarem sempre de acordo e não era necessário isso estar em ata".
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