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Faria de Oliveira diz que não aprovou créditos na CGD com parecer de risco desfavorável

O antigo presidente do banco público diz que não aprovou qualquer crédito que tenha merecido parecer desfavorável da direção de risco. Admite ter aprovado créditos com parecer condicionado.

Miguel Baltazar
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Fernando Faria de Oliveira, antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), afirma não terem sido aprovados, durante o seu mandato, créditos que mereceram parecer desfavorável da direção de risco. Houve vários, por outro lado, aprovados com parecer de risco condicionado - mas a razão para que esses tenham resultado em perdas de milhões de euros para o banco público foi da crise financeira mundial, defende.

"Tanto quanto me recordo, no meu mandato, operações relevantes com parecer negativo acho que não ocorreram", afirmou o atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), que está a ser ouvido, esta sexta-feira, 3 de maio, na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco.

E acrescenta: "Com parecer condicionado, sim. Mas o que é um parecer condicionado? Significa 'sim, mas'. Significa que devemos olhar para vários aspetos e tentar conformar estas condicionantes". Isso, defende, faz toda a diferença na hora de avaliar as práticas de gestão seguidas pela sua administração, que liderou o banco público num período marcado pela crise financeira mundial.

"O risco tem uma função essencial, insubstituível: tem a obrigação de identificar os vários fatores de risco que uma operação apresenta. E deve também procurar identificar o conjunto de riscos complementares que derivam da situação da economia. Vivemos, entre 2008 e 2013, um período particularmente difícil de fazer previsões. Os decisores das empresas são sempre muito influenciáveis pelas previsões das instituições responsáveis", recordou.

Seja como for, admite que, olhando para trás, voltaria a aprovar os créditos com parecer condicionado "se estivesse a defender apenas os interesses da instituição Caixa". Já "se defendesse os interesses da economia nacional, tenho dúvidas sobre se aprovaria".

O relatório da auditoria feita pela EY à gestão da Caixa entre 2000 e 2015 não permite concluir com certeza se foram aprovados créditos com parecer de risco desfavorável durante o mandato de Faria de Oliveira. O atual presidente da APB esteve à frente da Caixa entre janeiro de 2008 e julho de 2011, data em que o banco público passou a ser liderado por José de Matos. O relatório da auditoria mostra que, em 2011, foram aprovados dois créditos com parecer de risco desfavorável, mas não especifica em que mês foram concedidos estes créditos.

Por outro lado, mostra a auditoria, durante o mandato de Faria de Oliveira, foram aprovados pelo menos 34 créditos com parecer de risco condicionado (outros dois foram concedidos a partir de 2011) e três em que não existia qualquer parecer de risco.
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