Notícia
João Salgueiro "não sabia o que estava a assinar" na operação que gerou perdas de 340 milhões à CGD
António de Sousa, antigo presidente da Caixa, acusa a administração que o antecedeu de não ter percebido o risco que estava subjacente à operação da Boats Caravela, que gerou perdas de 340 milhões.
Os membros da administração de João Salgueiro, antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), "não entenderam bem aquilo que estavam a assinar" na operação da Boats Caravela, que gerou perdas de 340 milhões de euros para o banco público. É esta a conclusão de António de Sousa, o sucessor de João Salgueiro na presidência da Caixa, que, esta terça-feira, 30 de abril, está a ser ouvido na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco.
António de Sousa respondia às questões feitas pelos deputados sobre a Boats Caravela. Este era o nome de um instrumento financeiro complexo, no qual a Caixa investiu 447,1 milhões de euros em 1999, último ano de João Salgueiro à frente do banco público, cuja administração contava também, nessa altura, com António Vieira Monteiro e Tomás Correia. A operação foi feita em conjunto com o Crédit Suisse First Boston.
Este instrumento era um produto derivado, pelo que a sua valorização dependia da evolução do valor de outros ativos ou títulos subjacentes. Em teoria, a Caixa poderia, assim, minimizar o risco a que estava exposta, ao partilhá-lo com outros investidores. Contudo, na prática, a operação acabou por resultar em perdas de 340 milhões para a CGD. Este montante foi totalmente provisionado e, tendo em conta os dados que constam da auditoria feita pela EY a 15 anos de gestão na Caixa, só fica atrás das perdas de 520 milhões que o banco público sofreu com o investimento nas ações do BCP.
"Era uma operação muito complexa, feita antes do meu tempo, e eu sei como fui ruinosa porque fui eu que a amortizei a 100%", descreveu António de Sousa.
Durante a audição, António de Sousa tentou resumir o funcionamento desta operação. O objetivo da administração da Caixa que avançou com esta operação, acredita, era obter lucros através do recebimento de "uma taxa de juro substancial", mas o que aconteceu foi que o banco público ficava responsável pelo "default" dos ativos subjacentes às obrigações antes de conseguir obter qualquer lucro.
O antigo presidente da Caixa rejeita dizer quem terá sido o "ideólogo" desta operação, mas é claro sobre a forma como a mesma foi concretizada: "Não entenderam bem aquilo que estavam a assinar", considerou António de Sousa, referindo-se aos membros da administração que deram aval à operação. "Penso que João Salgueiro não se apercebeu do risco que estava subjacente a uma operação daquelas", acrescentou.
Sobre este assunto, António de Sousa concluiu que nunca lhe foi explicado "exatamente" como é que esta operação foi feita. "Sei que foi feita num prazo muito curto".
António de Sousa respondia às questões feitas pelos deputados sobre a Boats Caravela. Este era o nome de um instrumento financeiro complexo, no qual a Caixa investiu 447,1 milhões de euros em 1999, último ano de João Salgueiro à frente do banco público, cuja administração contava também, nessa altura, com António Vieira Monteiro e Tomás Correia. A operação foi feita em conjunto com o Crédit Suisse First Boston.
"Era uma operação muito complexa, feita antes do meu tempo, e eu sei como fui ruinosa porque fui eu que a amortizei a 100%", descreveu António de Sousa.
Durante a audição, António de Sousa tentou resumir o funcionamento desta operação. O objetivo da administração da Caixa que avançou com esta operação, acredita, era obter lucros através do recebimento de "uma taxa de juro substancial", mas o que aconteceu foi que o banco público ficava responsável pelo "default" dos ativos subjacentes às obrigações antes de conseguir obter qualquer lucro.
O antigo presidente da Caixa rejeita dizer quem terá sido o "ideólogo" desta operação, mas é claro sobre a forma como a mesma foi concretizada: "Não entenderam bem aquilo que estavam a assinar", considerou António de Sousa, referindo-se aos membros da administração que deram aval à operação. "Penso que João Salgueiro não se apercebeu do risco que estava subjacente a uma operação daquelas", acrescentou.
Sobre este assunto, António de Sousa concluiu que nunca lhe foi explicado "exatamente" como é que esta operação foi feita. "Sei que foi feita num prazo muito curto".