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Ex-diretor da CGD diz que Berardo não teve tratamento privilegiado
José Pedro Cabral dos Santos, ex-diretor de grandes empresas, afirma que Joe Berardo não teve um tratamento privilegiado. Isto depois de Paz Ferreira, antigo presidente do conselho fiscal da CGD, ter sugerido que o empresário era um "cliente especial".
José Pedro Cabral dos Santos, ex-diretor de grandes empresas da Caixa Geral de Depósitos (CGD), considera que Joe Berardo não teve um tratamento privilegiado no banco estatal.
"Que eu conheça, a Metalgest e a Fundação José Berardo nunca tiveram qualquer tipo de privilégio de tratamento na Caixa, muito menos um tratamento à margem das regras", disse o ex-diretor na sua intervenção inicial na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD, esta quarta-feira, 24 de abril.
Ainda assim, José Pedro Cabral dos Santos admitiu que, "dada a relevância dos problemas ligados às operações, obviamente que o cliente José Berardo teve sempre um tratamento de grande atenção, de grande cuidado e de grande proximidade".
A declaração é feita depois de Paz Ferreira, antigo presidente do conselho fiscal da CGD, ter sugerido que o empresário madeirense era um "cliente especial e à margem das regras" no banco.
"Seguramente que a generalidade das pessoas que está nesta sala tem a perceção que Berardo é um cliente totalmente especial e à margem das regras na Caixa", disse Eduardo Paz Ferreira durante a sua audição no Parlamento.
O também ex-presidente do conselho de auditoria da CGD (2011-2015) contou ainda um episódio de uma reunião em que perguntou a um ex-administrador executivo do banco, responsável por operações envolvendo Joe Berardo, se o empresário era "tratado na Caixa como qualquer outro cliente". "Não, isso não posso dizer", terá respondido o ex-administrador.
Perante a relutância de Eduardo Paz Ferreira em nomear o administrador presente na reunião, a deputada do BE Mariana Mortágua afirmou tratar-se de José Pedro Cabral dos Santos, conforme consultado em ata.
Nessa reunião, sobre as operações que envolviam Joe Berardo, o administrador executivo começou por ficar "ofendidíssimo por ter sido convocado por uma comissão de auditoria", tendo conduzido a reunião "de uma forma muito irritada, muito tensa", de acordo com Eduardo Paz Ferreira.
Sobre estas declarações, o ex-diretor das Grandes Empresas afirmou lembrar-se dessa reunião "porque acho que foi a única para que fui convocado para uma comissão de auditoria", acrescentando que sempre valorizou "o trabalho de quem tem competências de auditoria" e que "seria estranho se numa reunião em que se tratavam assuntos tão graves e importantes estar bem-disposto e descontraído".