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Paz Ferreira sugere que Berardo era "cliente especial e à margem das regras"
O antigo presidente do conselho fiscal da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Eduardo Paz Ferreira sugeriu esta quarta-feira que o empresário Joe Berardo era um "cliente especial e à margem das regras" no banco.
"Seguramente que a generalidade das pessoas que está nesta sala tem a perceção que Berardo é um cliente totalmente especial e à margem das regras na Caixa", disse Eduardo Paz Ferreira durante a sua audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, na Assembleia da República, em Lisboa.
O também ex-presidente do conselho de auditoria da CGD (2011-2015) contou ainda um episódio de uma reunião em que perguntou a um ex-administrador executivo do banco, responsável por operações envolvendo Joe Berardo, se o empresário era "tratado na Caixa como qualquer outro cliente". "Não, isso eu não posso dizer", terá respondido o ex-administrador.
Perante a relutância de Eduardo Paz Ferreira em nomear o administrador presente na reunião, a deputada do BE Mariana Mortágua afirmou tratar-se de José Pedro Cabral dos Santos, conforme consultado em ata.
Nessa reunião, sobre as operações que envolviam Joe Berardo, o administrador executivo começou por ficar "ofendidíssimo por ter sido convocado por uma comissão de auditoria", tendo conduzido a reunião "de uma forma muito irritada, muito tensa", de acordo com Eduardo Paz Ferreira.
Mais tarde, em resposta a Ana Rita Bessa, do CDS-PP, que mencionou os empréstimos de 50 milhões de euros à Metalgest e de 350 milhões a Berardo, Eduardo Paz Ferreira declarou que a linha de ideias da comissão de auditoria era "livrar-se" dos créditos ruinosos "o mais depressa possível".
Paralelamente, o anterior responsável da Caixa referiu que um aval pessoal dado por Joe Berardo "tem sido difícil de encontrar", especificando que se referia ao documento "em papel".
O antigo responsável da CGD adiantou que à medida que as ações do BCP iam caindo, ações essas adquiridas por Berardo com dinheiro emprestado pelo banco público, insistiu "sucessivamente para que se executassem" as garantias, tendo a resposta da comissão executiva da Caixa sido que iria estudar a hipótese "juridicamente".