Notícia
Faria de Oliveira: Relatório da EY está "enviesado" e "viciado"
O antigo presidente da Caixa, agora à frente da APB, está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao banco público.
O relatório da auditoria feita pela EY à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2000 e 2015 está "enviesado" e "viciado em várias das suas ilações", para além de apresentar "falhas de obtenção de informação em vários dados e conclusões". É desta forma que Fernando Faria de Oliveira, atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), olha para as conclusões da consultora, que avaliou os atos dos antigos gestores do banco público.
O antigo presidente do conselho de administração da Caixa, entre 2008 e 2011, está a ser ouvido, esta sexta-feira, 3 de maio, na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco. Na intervenção inicial a que tem direito, Faria de Oliveira dedicou-se a deixar duras críticas à auditoria feita pela EY, que concluiu que as práticas de concessão de crédito, com falhas na área do risco, levaram a que o banco público reconhecesse perdas próximas de 1,3 mil milhões de euros, apenas com os 25 maiores devedores do período em análise.
Estas são, contudo, "conclusões grosseiras e erradas", na visão de Faria de Oliveira. Desde logo, aponta, por todas as "linhas de ação" implementadas, durante o seu mandato, na área de gestão de risco.
"Foi implementada uma metodologia de preço ajustado ao risco, estabelecendo as condições de taxas de juro que deveriam ser aplicadas em função do rating ou do scoring do cliente. Foi criado o conselho de imparidades, em que o conselho de administração, em conjunto com a direção geral de risco e as direções comerciais, revia trimestralmente os resultados da imparidade. Foi reforçada a atenção sobre a recuperação de crédito com evidências de incumprimento, com especial foco nos segmentos de construção e promoção imobiliária", enumerou.
"Os resultados obtidos na área de gestão de risco, seja de crédito ou operacional, foram claramente positivos, atentas as condicionantes da conjuntura em que o mandato decorreu", concluiu, sobre este assunto, o presidente da APB.
Em resumo, diz, "a auditoria da EY, bem assim como as conclusões que aponta, enferma de inúmeros e inaceitáveis vícios de forma e erros de facto, ao esquecer o contexto macroeconómico e regulamentar. Não distingue suficientemente os diferentes mandatos ao longo do período em análise e não efetua o benchmarking face aos outros bancos".
Os casos Artlant e Pescanova
Sobre os 25 créditos que mais perdas geraram para a Caixa, e que são analisados na auditoria da EY, Faria de Oliveira apresentou ainda explicações sobre dois em concreto, que tiveram origem durante o seu mandato: a Artlant e a Pescanova.
Sobre a Artlant, refere que esta foi uma operação de financiamento a um projeto classificado como de interesse nacional (PIN), "com uma forte componente expxortadora, com potenciais sinergias positivas no setor petroquímico em Portugal e assente numa tecnologia comprovada e energeticamente eficiente".
Na versão de Faria de Oliveira, a intenção inicial de "sindicar a operação estrutura deparou-se com um mercado bancário praticamente encerrado para estas operações, devido à grande crise financeira internacional e, posteriormente, ao deflagrar da crise das dívidas soberanas que tão duramente atingiu o nosso país". Por outro lado, a "queda de mais de 50% do preço internacional do produto produzido" pela Artlant, e posterior falência da La Seda, "tiveram um impacto muito negativo no sucesso do projeto".
Já sobre a Pescanova, cujo financiamento também era destinado a um projeto classificado como PIN, com "forte componente exportadora e também "com forte apoio do Estado português" Faria de Olveira refere que a "insolvência inesperada do acionista do projeto, então considerado como uma empresa de elevada reputação e uma das maiores a nível mundial do setor, assim como problemas técnicos na produção tiveram um impacto decisivo no insucesso do projeto".
Notícia atualizada pela última vez às 15:28 com mais informação.
O antigo presidente do conselho de administração da Caixa, entre 2008 e 2011, está a ser ouvido, esta sexta-feira, 3 de maio, na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco. Na intervenção inicial a que tem direito, Faria de Oliveira dedicou-se a deixar duras críticas à auditoria feita pela EY, que concluiu que as práticas de concessão de crédito, com falhas na área do risco, levaram a que o banco público reconhecesse perdas próximas de 1,3 mil milhões de euros, apenas com os 25 maiores devedores do período em análise.
"Foi implementada uma metodologia de preço ajustado ao risco, estabelecendo as condições de taxas de juro que deveriam ser aplicadas em função do rating ou do scoring do cliente. Foi criado o conselho de imparidades, em que o conselho de administração, em conjunto com a direção geral de risco e as direções comerciais, revia trimestralmente os resultados da imparidade. Foi reforçada a atenção sobre a recuperação de crédito com evidências de incumprimento, com especial foco nos segmentos de construção e promoção imobiliária", enumerou.
"Os resultados obtidos na área de gestão de risco, seja de crédito ou operacional, foram claramente positivos, atentas as condicionantes da conjuntura em que o mandato decorreu", concluiu, sobre este assunto, o presidente da APB.
Em resumo, diz, "a auditoria da EY, bem assim como as conclusões que aponta, enferma de inúmeros e inaceitáveis vícios de forma e erros de facto, ao esquecer o contexto macroeconómico e regulamentar. Não distingue suficientemente os diferentes mandatos ao longo do período em análise e não efetua o benchmarking face aos outros bancos".
Os casos Artlant e Pescanova
Sobre os 25 créditos que mais perdas geraram para a Caixa, e que são analisados na auditoria da EY, Faria de Oliveira apresentou ainda explicações sobre dois em concreto, que tiveram origem durante o seu mandato: a Artlant e a Pescanova.
Sobre a Artlant, refere que esta foi uma operação de financiamento a um projeto classificado como de interesse nacional (PIN), "com uma forte componente expxortadora, com potenciais sinergias positivas no setor petroquímico em Portugal e assente numa tecnologia comprovada e energeticamente eficiente".
Na versão de Faria de Oliveira, a intenção inicial de "sindicar a operação estrutura deparou-se com um mercado bancário praticamente encerrado para estas operações, devido à grande crise financeira internacional e, posteriormente, ao deflagrar da crise das dívidas soberanas que tão duramente atingiu o nosso país". Por outro lado, a "queda de mais de 50% do preço internacional do produto produzido" pela Artlant, e posterior falência da La Seda, "tiveram um impacto muito negativo no sucesso do projeto".
Já sobre a Pescanova, cujo financiamento também era destinado a um projeto classificado como PIN, com "forte componente exportadora e também "com forte apoio do Estado português" Faria de Olveira refere que a "insolvência inesperada do acionista do projeto, então considerado como uma empresa de elevada reputação e uma das maiores a nível mundial do setor, assim como problemas técnicos na produção tiveram um impacto decisivo no insucesso do projeto".
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