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Escândalo Volkswagen. Que respostas dois meses depois?

O império alemão tremeu. Não uma, mas duas vezes. Desde 18 de Setembro, a corrente de novidades nunca parou. Há ainda dúvidas que continuam por esclarecer.

Bloomberg
18 de Novembro de 2015 às 16:39
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Setembro de 2015. O calendário marca sexta-feira, 18. Ao final do dia chegava a notícia, a partir dos Estados Unidos da América. A Volkswagen tinha manipulado os testes de emissões de óxido de azoto (NOx) em meio milhão de carros no país. Os níveis de poluição podiam ser 40 vezes superiores ao permitido.

Não foram precisos muitos dias para que um caso isolado se transformasse num escândalo que rasga fronteiras. Da América para o mundo: há 11 milhões de carros a gasóleo com emissões de NOx adulteradas.

Rolaram as primeiras cabeças, colocou-se em causa a capacidade de liderança de Martin Winterkorn. O CEO acabaria por apresentar a demissão a 23 de Setembro. Na mesma semana o antigo líder da Porsche, Matthias Müller, assumiria o cargo. Com um desafio enorme: recuperar a confiança dos consumidores.

Multiplicaram-se as dúvidas e os processos judiciais. Estará o meu carro afectado? Aos poucos, os representantes dos diversos países foram disponibilizando plataformas onde era possível perceber se sim ou não.

A solução para os carros afectados, embora sem contornos definidos, chegaria a 7 de Outubro ao regulador alemão. O grupo automóvel proponha que a chamada às oficinas fosse voluntária, o KBA decidiu que a medida teria de ser obrigatória.

Entre a simples mudança do "software" manipulado e a mudança de motor, o leque é vasto. A partir de Janeiro do próximo ano, os carros integrados no 'dieselgate' começam a ser chamados às oficinas europeias. Neste território são 8,5 milhões.

Quando tudo parecia estar a encaminhar-se, um novo foco. No início de Novembro – na sequência das investigações internas levadas a cabo pela VW – o grupo anunciou que o problema era ainda maior. Havia uma nova vaga, com emissões de dióxido de carbono (CO2) manipuladas. Na lista dos novos 800 mil carros, a estreia dos motores a gasolina e de modelos populares como Golf, Polo ou Passat.

Abriu-se aqui margem para um ajuste fiscal, uma vez que os níveis de dióxido de carbono integram a base tributável dos impostos automóveis. Com esta manipulação, os países receberam um valor de impostos inferior ao devido. A VW já garantiu que irá cobrir esse diferencial. Nos Estados Unidos disponibilizou um vale de mil dólares (930 euros) para compensar todos os clientes afectados.

Tudo isto vai complicando as contas. O grupo separou 8,7 mil milhões de euros para fazer face aos custos do escândalo, mas não chegará. Há reparações, custos judiciais, indemnizações e compensações fiscais. Os analistas acreditam que tudo junto poderá custar quatro vezes mais: 35 mil milhões de euros.

A Volkswagen já anunciou um corte de mil milhões de euros nos investimentos previstos, adiando ou mesmo cancelando alguns. Administração e trabalhadores chegaram a acordo para discutir quais as prioridades de investimento para os próximos anos. As novas metas chegam ainda este mês. A viragem para os veículos eléctricos é um dos pilares.

Fora dos cortes ficou a fábrica da Autoeuropa. O grupo alemão garantiu, por três vezes, ao Governo português que se mantinha o investimento de quase 700 milhões de euros em Palmela. A aposta dotará a unidade de tecnologia de tecnologia para a produção de novos veículos.

Nas estradas portuguesas há 125 mil carros com emissões de NOx manipuladas. O resto permanece em mistério. O Governo português espera perceber até ao final de Novembro qual o impacto da vaga de CO2 no país. Só aí será possível avançar com medidas neste sentido. A importadora SIVA está a apurar o número de veículos em Portugal nesta segunda leva.

Mesmo não se conhecendo ainda a fundo a dimensão deste escândalo, a quebra nas vendas já se fez sentir no primeiro mês completo após o escândalo. Em Outubro, a marca Volkswagen viu as vendas caírem mais de 5%. Em Portugal, a quebra foi de 3%.

O grupo automóvel deu até ao final de Novembro para que os seus trabalhadores possam, de forma anónima, revelar mais informações sobre este caso. As investigações internas decorrerem, com algumas conclusões a serem tornadas públicas após as sucessivas reuniões da administração.

O maior receio para o sector, agora, é que a Volkswagen não esteja sozinha. O regulador alemão testou mais de 50 modelos de 23 marcas e concluiu que alguns não respeitavam os níveis estabelecidos de NOx. Quais as marcas envolvidas? Terá a acção sido intencional? São respostas que ditarão o futuro de uma indústria.

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