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Como está a VW a (tentar) deixar a América contente?

No país onde rebentou o ‘dieselgate’, já lá vão quase dois meses, a Volkswagen não perde tempo. É preciso deixar os clientes afectados mais satisfeitos. E não só.

Bloomberg
10 de Novembro de 2015 às 15:50
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A notícia chegou no mesmo dia em que se discutiram mais cortes no grupo automóvel. A Volkswagen anunciou que irá disponibilizar vales de mil dólares (cerca de 930 euros) aos clientes americanos afectados pelo escândalo de manipulação de emissões poluentes.

Mas a tentativa de recuperar a confiança de um dos seus mercados mais promissores não se faz apenas numa direcção. A marca está a garantir um conjunto de incentivos aos concessionários para que a sua notoriedade se mantenha. Tudo para acalmar os ânimos.

Como funcionam os vales da Volkswagen?
São mil dólares por cliente afectado. No país existem 482 mil carros afectados, o que permite uma estimativa de compensação na ordem dos 482 milhões de dólares (cerca de 450 milhões de euros).

É o chamado "pacote de boa vontade". E o que inclui? São 500 dólares em cartão pré-pago e outros 500 dólares em créditos nos concessionários, para compra de serviços e produtos. A marca assegura ainda três anos de assistência em viagem sem custos.

A medida foi só adoptada em território americano. Os consumidores alemães, através das associações que os representam, já vieram dizer que querem algo semelhante em território germânico. O Negócios contactou a importadora SIVA para averiguar se Portugal a VW poderia adoptar essa medida, não tendo obtido nenhuma resposta nesse sentido.

Como a Volkswagen segura os concessionários?
O presidente da Volkswagen nos Estados Unidos, Michael Horn, garantiu que uma das prioridades era garantir a rentabilidade dos concessionários no país, na sequência deste escândalo. E há fundos preparados nesse sentido.

Depois dos incentivos às vendas de modelos a gasolina, a empresa está também a oferecer dinheiro e empréstimos sem juros aos quase 650 concessionários que se viram proibidos de vender os modelos afectados que tinham em "stock". É uma forma de compensar os concessionários pelo espaço que estes veículos ocupam nas lojas. A VW está ainda disponível para cobrir a diferença entre os preços dos veículos antes do escândalo e o valor efectivo de venda.

Mais uma vez, e pelo que foi possível apurar, esta é uma medida que se aplica apenas aos concessionários americanos. Também em território europeu, foram vários os países a anunciar que iriam suspender as vendas dos modelos potencialmente afectados até que houvesse medidas para a correcção dos mesmos. Em Portugal, por exemplo, há 250 carros bloqueados nos stands com estas características.

O que esperar do calendário de reparações?
As medidas para correcção dos veículos, seja pela simples alteração do ‘software’ ou pela substituição de peças, ainda não estão definidas. A Volkswagen já anunciou que a chamada às oficinas de 8,5 milhões de carros a gasóleo na Europa arranca em Janeiro de 2016, depois do plano ter sido aprovado pelo regulador alemão, o KBA.

Nos Estados Unidos, o calendário também deverá seguir nesse sentido. Em Portugal existem 117 mil carros afectados. Em todos os casos, o grupo alemão já garantiu que assumirá todos os custos das reparações.

Quanto custará todo este escândalo?
Na última semana, a Volkswagen juntou mais 800 mil carros ao balanço. Agora, o problema é com as emissões de dióxido de carbono e já atinge carros a gasolina. Não é certo que exista uma sobreposição entre estes e os 11 milhões de carros a gasóleo alvo da adulteração ao nível do óxido de azoto.

O grupo separou 8,7 mil milhões de euros para cobrir os custos todos. Mas não será suficiente, porque o valor só tem em conta os custos de reparação. Há processos judiciais (mais de duzentos só nos Estados Unidos), indemnizações e ajustes fiscais a ter em conta. Os analistas acreditam que o escândalo pode chegar aos 35 mil milhões de euros.

A empresa garantiu aos diversos ministros das Finanças da União Europeia que irá cobrir o desvio fiscal provocado pela manipulação de níveis de emissões de dióxido de carbono, já que este indicador integra a base tributável dos impostos automóveis. Portugal também já recebeu essa garantia.

A VW tem já em curso um plano que prevê um corte nos investimentos anuais de mil milhões de euros. A venda de activos, com a alienação de marcas, têm sido outra das opções referidas para atingir esta meta de poupança.
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