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Tsipras confirma demissão. Gregos devem voltar às urnas

Sete meses depois de tomar posse, Alexis Tsipras confirmou que apresentou a sua demissão e apelou a eleições antecipadas. Decisão cabe ao Presidente da República.

Bloomberg
20 de Agosto de 2015 às 18:43
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Sete meses depois de tomar posse, o primeiro-ministro grego abriu caminho à possibilidade de serem convocadas eleições antecipadas. Falando ao país, Alexis Tsipras confirmou na tarde desta quinta-feira, 20 de Agosto, que submeteu o pedido de demissão ao Presidente da República, e defendeu uma nova chamada às urnas o mais rapidamente possível, em alternativa uma possível solução de governo dentro do actual quadro parlamentar.

A bola está agora nas mãos de Prokopis Pavlopoulos, conservador eleito com o apoio do Syriza e do Anel, partidos da coligação de extrema esquerda e direita formada após as eleições de 25 de Janeiro, que agora se desfaz. O presidente terá de consultar agora os demais partidos, a começar pelo Nova Democracia, segundo mais votado em Janeiro, para verificar a possibilidade de alianças de governo.

Sem fazer referência directa às dissidências no seio do seu partido, o Syriza, Alexis Tsipras enquadrou a sua demissão e o desejo implícito de ser reeleito com a necessidade de voltar a consultar o eleitorado sobre as condições que negociou no novo memorando a troco de um empréstimo de até 86 mil milhões de euros dos parceiros europeus, o terceiro desde 2010.

Reconhecendo que as medidas não são as queria, Tsipras disse serem menos gravosas do que as pretendidas pelos credores e prometeu melhorá-las, designadamente no que respeita às regras de contratação e alívio futuro da dívida pública.

"Decidi, por isso, submeter ao Presidente da República a minha demissão e agora vocês decidirão se o acordo que estabelecemos em Bruxelas é admissível para eleitorado grego". "O vosso voto decidirá como e com quem a Grécia irá prosseguir".

"Usámos a nossa resistência até onde ela era possível. Estou de consciência limpa sobre como conduzimos todo este processo. Cumprimos o voto do povo. Enfrentámos pressões muito fortes, diria terroristas, mas levámos o caso da Grécia ao plano mundial e o nosso país é hoje exemplo para os que estão na mesma situação". "Sei que não conseguimos tudo o que prometemos ao povo grego, mas salvámos o país, dizendo à Europa que a austeridade deve terminar", acrescentou.

Numa crítica explicíta à ala mais à esquerda do Syriza, disse que teve de resistir à "exigência de que voltássemos ao dracma de pessoas que estão no seio do nosso próprio partido" e, posicionado-se ao centro, disse que teve também de resistir aos que queriam manter o "velho sistema".

Alexis Tsipras venceu as eleições de Janeiro com a promessa de manter a Grécia no euro, acabar com a austeridade, travar e desfazer algumas privatizações, aumentar o salário mínimo, convencer os credores a perdoar "a maior parte" da dívida e livrar o país da troika – de novos empréstimos externos e respectivas condições (memorandos). 

O anúncio da demissão ocorre no dia em que chegou a Atenas a primeira parcela do terceiro resgate, mediante o qual os parceiros europeus se dizem disponíveis para nos próximos três anos emprestar ao Estado grego mais 86 mil milhões de euros (acresce aos cerca de 200 mil milhões emprestados deste 2010) a troco de um pacote de austeridade e de reformas económicas que é praticamente o negativo do programa eleitoral com que o líder do Syriza se elegeu há seis meses.

Antecipar eleições em Atenas pode servir melhor a ambição de reeleição de Tsipras, ainda líder de popularidade mas com a curva a descer, embora aumente o risco de comprometer a execução de medidas previstas no memorando de entendimento. "A iniciativa do primeiro-ministro grego pode elevar as preocupações sobre a implementação do programa e, potencialmente, por o financiamento do Estado em risco", advertiu a agência de rating Moody's, citada pelo Guardian.

(Notícia actualizada às 19h45)

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