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Tsipras confirma demissão. Gregos devem voltar às urnas
Sete meses depois de tomar posse, Alexis Tsipras confirmou que apresentou a sua demissão e apelou a eleições antecipadas. Decisão cabe ao Presidente da República.
A bola está agora nas mãos de Prokopis Pavlopoulos, conservador eleito com o apoio do Syriza e do Anel, partidos da coligação de extrema esquerda e direita formada após as eleições de 25 de Janeiro, que agora se desfaz. O presidente terá de consultar agora os demais partidos, a começar pelo Nova Democracia, segundo mais votado em Janeiro, para verificar a possibilidade de alianças de governo.
Sem fazer referência directa às dissidências no seio do seu partido, o Syriza, Alexis Tsipras enquadrou a sua demissão e o desejo implícito de ser reeleito com a necessidade de voltar a consultar o eleitorado sobre as condições que negociou no novo memorando a troco de um empréstimo de até 86 mil milhões de euros dos parceiros europeus, o terceiro desde 2010.
Reconhecendo que as medidas não são as queria, Tsipras disse serem menos gravosas do que as pretendidas pelos credores e prometeu melhorá-las, designadamente no que respeita às regras de contratação e alívio futuro da dívida pública.
"Decidi, por isso, submeter ao Presidente da República a minha demissão e agora vocês decidirão se o acordo que estabelecemos em Bruxelas é admissível para eleitorado grego". "O vosso voto decidirá como e com quem a Grécia irá prosseguir".
"Usámos a nossa resistência até onde ela era possível. Estou de consciência limpa sobre como conduzimos todo este processo. Cumprimos o voto do povo. Enfrentámos pressões muito fortes, diria terroristas, mas levámos o caso da Grécia ao plano mundial e o nosso país é hoje exemplo para os que estão na mesma situação". "Sei que não conseguimos tudo o que prometemos ao povo grego, mas salvámos o país, dizendo à Europa que a austeridade deve terminar", acrescentou.
Numa crítica explicíta à ala mais à esquerda do Syriza, disse que teve de resistir à "exigência de que voltássemos ao dracma de pessoas que estão no seio do nosso próprio partido" e, posicionado-se ao centro, disse que teve também de resistir aos que queriam manter o "velho sistema".
Alexis Tsipras venceu as eleições de Janeiro com a promessa de manter a Grécia no euro, acabar com a austeridade, travar e desfazer algumas privatizações, aumentar o salário mínimo, convencer os credores a perdoar "a maior parte" da dívida e livrar o país da troika – de novos empréstimos externos e respectivas condições (memorandos).
Antecipar eleições em Atenas pode servir melhor a ambição de reeleição de Tsipras, ainda líder de popularidade mas com a curva a descer, embora aumente o risco de comprometer a execução de medidas previstas no memorando de entendimento. "A iniciativa do primeiro-ministro grego pode elevar as preocupações sobre a implementação do programa e, potencialmente, por o financiamento do Estado em risco", advertiu a agência de rating Moody's, citada pelo Guardian.
(Notícia actualizada às 19h45)