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Presidente do Grupo de Trabalho do Eurogrupo elogia Alexis Tsipras
O austríaco Thomas Wieser, que lidera o Grupo de Trabalho do Eurogrupo, considera que Tsipras "demonstrou um maior nível de entusiasmo e compromisso na verdadeira implementação [de reformas] do que os seus antecessores".
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Por vezes criticado por alguns dos principais responsáveis políticos europeus, especialmente quando a 27 de Junho anunciou a marcação de um referendo sobre as medidas de austeridade defendidas pela troika, o agora ex-primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, foi esta sexta-feira, 21 de Agosto, elogiado pelo presidente do Grupo de Trabalho do Eurogrupo, Thomas Wieser (na foto).
O austríaco, que é responsável pela preparação dos documentos de trabalho discutidos nas reuniões dos ministros das Finanças do euro, disse hoje que Tsipras "demonstrou um maior nível de entusiasmo e compromisso na verdadeira implementação [de reformas] do que os seus antecessores, apesar de não gostar de parte do programa".
Numa entrevista concedida à rádio austríaca Oe1, citada pela Bloomberg, Wieser abordou a demissão de Alexis Tsipras ontem anunciada, considerando que a marcação de eleições antecipadas, o mais provável cenário político na Grécia, será positiva na medida em que permitirá alcançar "uma estrutura mais clara" do Governo helénico.
O líder do Grupo de Trabalho do bloco do euro faz assim referência às divergências no seio do Syriza que ao longo dos últimos meses dificultaram a tarefa negocial de Tsipras com os credores. O ainda líder da coligação de esquerda radical precisou mesmo dos votos dos partidos mais moderados da oposição (Nova Democracia, Pasok e To Potami) para aprovar, no Parlamento helénico, as medidas e metas orçamentais que permitiam a Atenas beneficiar de um novo resgate de 86 mil milhões de euros.
Entretanto, já esta manhã, 25 deputados do Syriza, afectos à Plataforma de Esquerda, a corrente mais à esquerda do Syriza e que mais se tem oposto à aprovação de novas medidas de austeridade, anunciaram que vão abandonar o partido e formar uma nova força partidária – Unidade Popular – que será liderada pelo ex-ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis. Sem estes 25 parlamentares e tendo em conta os resultados de 25 de Janeiro, o Syriza ficaria bem mais distante de uma maioria absoluta.
Thomas Wieser espera que as hipotéticas eleições sejam realizadas com "relativa rapidez", até porque lembra que o governo interino que venha a ser nomeado estará limitado na aplicação e delineação de novas medidas, o que, sublinha, irá abrandar o ritmo de implementação das reformas estruturais já acordadas entre Atenas e as instituições e que consta do memorando de entendimento oficializado pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) na passada quarta-feira.
"O que agora é mais importante é como é que o novo Governo, que muitas pessoas acreditam que irá ser novamente liderado por Alexis Tsipras, vai executar o programa de reformas", reforçou o responsável europeu.
Apesar de o cenário de eleições antecipadas ser o mais provável, esta sexta-feira, como obriga a Constituição da Grécia, o presidente da República, Prokopis Pavlopoulos, atribuiu um "mandato exploratório" ao actual líder do Nova Democracia, Evangelos Meimarakis, tendo em vista a formação de um governo. Meimarakis anunciou ainda ontem que iniciará, o quanto antes, conversações com o Pasok e o To Potami com o objectivo de formar um governo que, tendo em conta os 106 deputados eleitos por estes três partidos há sete meses, teria de ser, forçosamente, minoritário.