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Stournaras: "Ninguém tem mandato para tirar a Grécia do euro"

O governador do banco central grego lembra que não há mandato político para tirar a Grécia do euro. Dentro do Syriza, volta a falar-se de eleições antecipadas caso o acordo com a troika signifique rasgar mais promessas eleitorais. Tsipras, ainda confiante num "acordo honorável", repete que a bola está do lado dos credores.

02 de Junho de 2015 às 12:22
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O governador do banco central grego afirmou nesta terça-feira, 2 de Junho, estar "muito optimista" sobre a manutenção da Grécia no euro, não obstante o impasse que persiste entre o governo grego e as instituições da troika. Falando numa conferência organizada pelo ‘think-tank’ Chatham House, Yannis Stournaras lembrou que "ninguém tem mandato para tirar a Grécia do euro, pelo que estou muito optimista sobre a impossibilidade de um Grexit". O governador do banco central grego lembrou ainda que as sondagens mais recentes mostram que 80% dos gregos quer manter-se na Zona Euro e que 65% estão dispostos a mais sacrifícios para aí permanecerem.

 

O Syriza foi eleito prometendo acabar com a austeridade, dispensar novos empréstimos, obter um novo perdão de dívida mas manter a Grécia no euro, ao contrário do que o partido defendia há dois anos. Dentro da coligação de esquerda radical, a Plataforma de Esquerda continua porém a defender a retirada da Grécia da união monetária, e no seio do partido e do Governo a possibilidade de eleições antecipadas está a ser de novo referida. "Quando se é eleito não se recebe carta branca [do eleitorado]. Se for alcançado um acordo que não possa ser considerado honorável, as pessoas terão de ser consultadas antes de o assinarmos", disse esta manhã em Atenas Panos Skourletis, ministro do Trabalho, citado pelo Guardian, que avança 28 de Junho como uma data provável para um referendo ou eleições antecipadas.

 

O ministro grego Alexis Tsipras voltou, entretanto, a manifestar-se confiante num acordo honorável, repetindo que a bola está do lado dos credores, já que, em seu entender, o Governo grego já apresentou propostas concretas, abrangentes e credíveis, que significam cedências consideráveis face ao mandato com que o Syriza foi eleito. "Submetemos um plano realista para a Grécia sair da crise (…) é agora claro que a decisão sobre se querem ajustar ao realismo cabe às lideranças políticas da Europa", afirmou.

 

Já o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, constatou "significativos progressos" mas advertiu que ainda "trabalho por fazer". Moscovici falava a uma rádio francesa após o encontro de ontem em Berlim que juntou a chanceler alemã Angela Merkel, os presidentes francês (François Hollande), da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker) e do BCE (Mario Draghi), assim como a directora-geral do FMI, Christine Lagarde. O encontro estava agendado para preparar a cimeira do G7, que terá lugar na Alemanha, mas acabou também por abordar a situação na Grécia. Após o encontro, uma nota do Governo alemão indicava que os cinco líderes fizeram o balanço das discussões havidas com Atenas e decidiram prosseguir esta análise "com mais intensidade" e permanecer "em contacto estreito nos próximos dias", como têm estado nos últimos dias, "tanto entre si, como com o Governo grego".

 

Atenas vai ter de reembolsar o FMI em 1,6 mil milhões de euros durante o mês de Junho, com a primeira tranche de 300 milhões de euros a ter de ser paga nesta sexta-feira. Em artigo de opinião publicado no domingo no Le Monde, Tsipras escreveu que a ausência de acordo se deve à "insistência de certos actores institucionais em submeterem propostas absurdas ao demonstrarem uma indiferença total à recente escolha democrática do povo grego". 

 

"Mais do que artigos de opinião, o que interessa são medidas concretas",  ripostou no dia seguinte a porta-voz de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia. Sobre a urgência de ser fechado um acordo, a responsável lembrou que o "prazo final é o fim de Junho, que é quando o programa actual termina formalmente".

 

Numa nota de análise enviada aos investidores na segunda-feira, o economista-chefe para a Europa do Goldman Sachs escreve que ultrapassar o impasse instalado nas negociações entre Atenas e os seus credores internacionais poderá exigir uma clarificação política interna - através de referendo ou de novas eleições - e esse evento poderá ser acelerado se o país entrar em incumprimento e/ou tiver de impor controlo de capitais. "O mandato com o qual o actual governo grego foi eleito previa a permanência no euro mas sem ajustamentos adicionais e supervisão externa", o que é "impraticável", pelo que, defende Huw Pill, poderá ser necessário um novo mandato político para encarar a nova realidade.

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