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Dijsselbloem: “Não é correcto pensar que podemos encontrar-nos a meio caminho”

O presidente do Eurogrupo insiste que "há progresso mas continua a não ser suficiente" para chegar a um acordo com a Grécia. Jeroen Dijsselbloem garantiu que "não é correcto pensar que podemos encontrar-nos a meio caminho".

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Creditors Still Far From Greece Deal: Dijsselbloem
02 de Junho de 2015 às 16:38
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Prossegue a profusão de declarações contraditórias quanto ao andamento das negociações entre a Grécia e as instituições credoras. Desta feita é o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, a admitir que "há progresso" nas negociações, "mas continua a não ser suficiente".

 

A declaração do político holandês, proferida esta terça-feira, 2 de Junho, denota que continua distante um acordo sobre o plano abrangente de reformas que Atenas terá de implementar para receber os 7,2 mil milhões de euros previstos no programa de assistência helénico em curso, e que permanecem bloqueados até que a quinta e última avaliação ao memorando seja considerada bem-sucedida pela troika. 

 

Esta manhã, a agência Reuters citava o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que garantia que "submetemos um plano realista para a Grécia sair da crise". Tsipras acrescentava que é agora claro que a decisão sobre se querem ajustar ao realismo cabe às lideranças políticas da Europa".

 

O governo Syriza pretende evitar cortes nas pensões e uma reforma ao mercado laboral do país, bem como a redução das taxas de IVA para apenas dois escalões. Tudo "linhas vermelhas" que ao longo da campanha eleitoral de Janeiro último, a coligação de esquerda radical prometeu não ultrapassar.

 

Contudo, aplicar medidas nestas áreas é uma exigência dos três credores que compõem o Grupo de Bruxelas. Jeroen Dijsselbloem esclarece precisamente que "não é correcto pensar que podemos encontrar-nos a meio caminho", dando a entender que Atenas terá de aceitar as condições exigidas pelas instituições credoras.

 

Isto quando se aproxima sexta-feira, 5 de Junho, dia para o qual está agendada a devolução de quase 311 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Há cerca de três semanas, as autoridades helénicas reconheciam que não teriam condições para cumprir este pagamento a menos que fosse alcançado um acordo. No entanto, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, mostrava-se esperançoso de que seria possível concluir as conversações com os parceiros gregos de forma a evitar a entrada do país em incumprimento.

 

Imprensa avança que acordo poderá estar iminente

 

As informações contraditórias avolumam-se. O Wall Street Journal escreve que o Grupo de Bruxelas estará já preparado para um acordo de compromisso. Este jornal refere que o FMI estará disposto a reduzir o grau das exigências nas quais insistem que os parceiros europeus demonstrem um sério compromisso em aliviar parte da dívida grega.

 

Já o Financial Times escrevia que depois do encontro que reuniu esta segunda-feira, em Berlim, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do BCE, Mario Draghi, e ainda a directora do FMI, Christine Lagarde, estes líderes deram indicações à equipa responsável pelas negociações ao nível técnico com Atenas para que tenham preparado um texto final a ser apresentado a Tsipras.

O Financial Times refere que esse mesmo texto deverá servir como base para um acordo que deverá consubstanciar-se até ao final desta semana, de forma a evitar maiores constrangimentos para a Grécia.

No entanto, o Financial Times, contrariamente ao referido pelo Wall Street Journal, adianta que o FMI insiste na exigência de que os governos dos países da Zona Euro aceitem reestruturar a dívida helénica, que está maioritariamente nas mãos dos países europeus, para o caso de não haver acordo até ao final da semana. Ao longo do mês de Junho, a Grécia tem prevista a devolução de cerca de 1,6 mil milhões de euros ao Fundo.

 

A incrementar o grau de incerteza inerente a estas negociações, Alexis Tsipras continua pressionado pelo seu próprio partido, o Syriza, formado por várias correntes políticas, e cujas reivindicações vão desde a defesa da permanência na Zona Euro e na União Europeia, até à saída de ambas. Uma das correntes políticas mais à esquerda do Syriza, Plataforma de Esquerda, sustenta que o país deve abandonar a moeda única.

 

Tsipras já chegou a defender a realização de um referendo popular sobre um eventual acordo que contivesse reformas estruturais que contrariassem as promessas do Syriza, alternativa que poderia permitir flexibilizar a posição do governo grego e viabilizar um acordo com os credores, garantindo ainda uma hipotética relegitimação do Executivo da coligação de esquerda radical. Já a Plataforma de Esquerda defende mesmo eleições antecipadas. Citado pelo The Guardian, o ministro grego do trabalho, Panos Skourletis, apontou o dia 28 de Junho como uma data possível, tanto para a realização de eleições antecipadas como do referendo.

 

Entretanto, Yannis Stournaras, governador do banco central grego, pediu ao governo para não desperdiçar os esforços feitos ao longo dos dois memorandos da troika e lembrou que "ninguém tem mandato para tirar a Grécia do euro", acrescentando que as sondagens mais recentes mostram que 80% dos gregos pretendem continuar no seio do euro, enquanto 65% do eleitorado garante estar disposto a mais sacrifícios para o conseguir.

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