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Galamba: "Sou contra a utilização de um cêntimo do PRR para apoiar painéis fotovoltaicos"

O ex-governante defende que os fundos da "bazuca" europeia devem ser canalizados para tecnologias que estão neste momento menos maduras, e sobretudo para ajudar a indústria nacional a descarbonizar.

12 de Setembro de 2024 às 10:52
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O ex-ministro das Infraestruturas e ex-secretário de Estado da Energia, João Galamba, afirmou-se esta quinta-feira contra a utilização dos fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para apoiar a instalação de centrais solares fotovoltaicas, seja em larga escala ou para autoconsumo das famílias, serviços e indústria. 

"Sou contra a utilização de um cêntimo do PRR para apoiar a instalação de painés fotovoltaicos", disse o agora consultor na área da energia  na conferência Energy 2024, organizada pelo ECO/Capital Verde. Ao atual Governo deixou críticas pelo facto de o programa Acelerar a Economia ser "omisso sobre a energia e descarbonizaçao enquanto oportunidade para industrializar o país".

"Tentei promover essa visão, mas sem sucesso. Não me ouviram", disse.

Galamba lembra os tempos em que esteve à frente da pasta da energia, no Governo de António Costa: "Sei bem o que vivemos na indústria em Portugal em 2022 com o aumento dos preços do gás, e lembro-me dos telefonemas desesperados que recebia dos empresários". Em defesa das empresas industriais portuguesas, o ex-governente lembrou que estas "não viviam numa bolha de gás russo barato, e que sempre tiveram de comprar gás natural liquefeito mais caro". 

O antigo governante defende uma eletrificação da economia portuguesa, sobretudo ao nível dos consumos que não são hoje ainda feitos com base em energia elétrica, devendo esta esta ser uma das prioridades da agenda política. Galamba referiu que na mobilidade elétrica, por exemplo, o país já está num bom rumo, apesar que existir ainda muito por fazer, o que não acontece ao nível da indústria. 

"Uma área política energética que tem tido pouca atenção é a eletrificação da indústria", apontou o dedo, acrescentando: "Não devemos dar apoio para fazer aquilo que já é possível sem apoios. Os apoios para instalar painéis fotovoltaicos parecem-me um desperdício de dinheiro e devem ser canalizados para a indústria". 

João Galamba diz que quer contrariar a ideia de que a indústria é um setor difícil de eletrificar e descarbonizar, "como se diz". "Devemos eletrificar o que está mais atrasado e acelerar o que já temos mais avançado", defendeu. 

Neste campo, diz o consultor, Portugal apresenta vantagens face aos países altamente industrializados do norte da Eutropa, como a Alemanha, por exemplo, por não ter indústrias tão pesadas e tao intensivas em consumo energético.

No mesmo painel, o antigo presidente da Endesa em Portugal e também ele ex-secretário de Estado da Energia, Nuno Ribeiro da Silva, defendeu que a indústria portuguesa é a "mais ansiosa de mudança" e o "setor mais sensível e preocupado em otimizar os seus consumos, mais do que os serviços e as famílias", por estar mais exposto aos preços elevados da energia.

"Devemos dar à indústria um panorama seguro e estável que permita viabilizar os investimentos em eletrificação e as alterações dos processos produtivos que são necessárias", acrescentou. 

Já Luís Pinho, diretor da Helexia em Portugal, também concorda que os apoios do PRR devem ser canalizados para tecnologias não maduras e quenão são economicamente viáveis, como o lítio, o hidrogénio verde, o armazenamento, entre outras.

"Podemos estar a cometerum erro na utilização das verbas do PRR", rematou. 

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