Notícia
Madrid demite governo da Catalunha e marca eleições para 21 de Dezembro
Com os acontecimentos a sucederem-se a um ritmo vertiginoso, o parlamento catalão proclamou a independência da Catalunha e o governo de Madrid demitiu todo o executivo catalão depois de o artigo 155 ter sido validado pelo Senado. E marcou novas eleições para 21 de Dezembro.
- Resumo
- Rajoy defendeu no Senado que "não há alternativa" ao artigo 155
- Independentista propõem declaração unilateral de independência
- Oposição ao governo catalão abandona plenário se independência for votada
- Serviços do parlamento catalão avisa para ilegalidade da resolução independentista
- PSOE retirou emenda apresentada no Senado
- Plenário continua atrasado
- Se for votada a independência o Ministério Público vai actuar
- Plenário a começar
- Pedido de respeito e não coacção
- Cidadãos inicia os trabalhos
- PCS acusa independentistas de há muitos anos prepararem esta situação
- Catalunha Sim Podemos critica Madrid e Barcelona
- CUP lembra líderes independentistas detidos
- Juntos pelo Sim lembra que independência foi validade em referendo
- Cidadãos pede que todos os líderes parlamentares possam intervir
- Já está a ser votada a resolução independentista
- Partidos da oposição abandonam parlamento antes de ser votada a independência
- Votação já terminou e foi secreta
- Parlamento proclamou a independência da Catalunha
- Rajoy apela à "tranquilidade"
- Ibex reage em queda e juros em alta
- Rajoy convoca conselho de ministros para o final desta tarde
- Votação do artigo 155 no Senado está iminente
- Senado aprova artigo 155 da Constituição
- Gritos de "liberdade" no parlamento catalão
- Constitucional vai deixar a declaração de independência sem efeitos
- Rajoy promete agir com "eficácia e moderação"
- UE reitera não reconhecimento da Catalunha e apela ao não recurso à força
- Puigdemont fala em decisão de "parlamento legítimo"
- EUA apoiam "medidas constitucionais" de Madrid
- Sánchez responsabiliza Puigdemont e Junqueras pela "fractura" catalã
- Costa sobre Catalunha: "É um factor de perturbação da vida política no país vizinho"
- Puigdemont: "Catalunha é e será terra de liberdade"
- Cidade catalã retira bandeiras de Espanha e da UE
- ANC marca festa da proclamação da república catalã
- Deputados catalães também podem ser acusados de rebelião
- Medidas ao abrigo do artigo 155 publicadas no Boletim Oficial do Estado
- Guterres quer "soluções dentro do marco da Constituição"
- Londres e Roma não reconhecem nem vão reconhecer Catalunha independente
- Iglesias responsabiliza PP pela situação na Catalunha
- Já terminou o conselho de ministros. Rajoy prestes a falar
- Governo português não reconhece a declaração
- Rajoy demite todo o governo catalão e marca eleições para 21 de Dezembro
- Medidas postas em prática por Madrid
- Marcelo critica declaração de independência
- Rajoy diz que não suspendeu autogoverno catalão
- Vidros partidos na emissora de rádio catalã
- Cidadãos promete ir às eleições para ganhar
- CUP promete continuar a construir a república catalã
- As medidas anunciadas entram em vigor logo que publicadas no Boletim Oficial
- Apesar do artigo 155.º, festa continua nas ruas
- Governo de Espanha começa transferência de poderes
- Resumo de um dia de decisões consequentes
Sexta-feira, 27 de Outubro, assinala outro dia histórico para a Catalunha. Ou melhor, é o dia em que será formalizada a intervenção de Madrid na Catalunha e consequente suspensão da autonomia catalã, depois de o Senado espanhol aprovar, como tudo indica, o recurso ao artigo 155 da Constituição que resultará na destituição do governo autonómico catalão (Generalitat) e na convocação de eleições antecipadas naquela região.
Além da votação no Senado, o parlamento catalão reúne-se em plenário para discutir as propostas de resolução que venham a ser apresentados pelos partidos catalães.
Depois de o presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, ter ontem deixado cair a possibilidade de convocar eleições antecipadas para travar ou conter os efeitos do artigo 155, ganhou força a via da desobediência aberta em relação a Madrid.
Este é o caminho defendido por boa parte do bloco independentista, designadamente pela CUP, pela ERC e também por vários elementos do PDeCAt, e que consiste na declaração unilateral de independência (DUI), vista como a única forma de respeitar o mandato resultante do referendo de 1 de Outubro (1-O) que deu uma clara vitória ao "sim" à independência.
Mariano Rajoy sustentou que "não há alternativa" ao recurso ao mecanismo constitucional através do qual Madrid pretende demitir todo o governo da Generalitat e agendar eleições antecipadas na Catalunha. O Senado votará ainda hoje o pacote de medidas proposto no passado sábado pelo primeiro-ministro.
Depois de aprovado pelo Senado, que dá autorização ao governo para implementar essas medidas, o executivo de Rajoy terá de dar a aprovação final ao disposto constitucional, o que poderá acontecer ainda esta sexta-feira ou no sábado.
Seja como for, é provável que o artigo 155 entre em vigor apenas na próxima segunda-feira.
A proposta conjunta da aliança no poder Juntos pelo Sim (PDeCAT, de centro-direita, ERC, de esquerda) e a CUP (extrema-esquerda que apoia no parlamento a coligação de governo) faz referência à constituição de "uma república catalã como estado independente, soberano, democrático e social".
O parlamento catalão tinha plenário agendado para as 12:00 de hoje em Barcelona (menos uma hora em Lisboa), porém ainda não começou a discussão das propostas apresentadas.
Apesar de a proposta de resolução do campo soberanista ser suficientemente ampla e fazer referência à "declaração dos representantes da Catalunha" que os deputados independentista assinaram em 10 de Outubro, dia em que Carles Puigdemont anunciou a DUI com efeitos suspensos, é provável que desta feita a maioria parlamentar favorável à secessão formalize mesmo uma declaração de independência.
Foi precisamente esta a posição adoptada por estas três forças contrárias à independência catalã aquando da votação, em Setembro, das leis do referendo e da desconexão, votações feitas após alterações à ordem de trabalhos prevista.
No entanto, a presidência da Mesa, detida por Carme Forcadell, membro da organização cívica independentista ANC, decidiu aceitar a proposta.
O PSOE considerava que ao agendar eleições autonómicas, a Generalitat estaria a dar um passo em direcção ao regresso à ordem constitucional, pelo que Madrid devia responder dando também um passo que evitasse o reforço do confronto institucional.
El PSOE retira la enmienda que permitía parar el 155 si convocan elecciones. Por si alguien dudaba que PP-PSOE-Cs van con el 155 a lo bestia
— Irene Montero (@Irene_Montero_) 27 de outubro de 2017
L'hora d'inici del Ple del #Parlament s'endarrereix. Pròximament informarem de l'hora de represa de la sessió
— Parlament Catalunya (@parlament_cat) 27 de outubro de 2017
A justificar o atraso está a reunião ainda em curso da junta de porta-vozes dos partidos com assento parlamentar que analisam as petições apresentadas pelo PP,PSC e Cidadãos. ARTVE adianta que as três forças apresentaram uma petição conjunta.
Reunida la Junta de Portaveus per tractar les peticions de reconsideració de CS, PSC i PPC sobre les resolucions de JxSí i la CUP #Parlament
— Parlament Catalunya (@parlament_cat) 27 de outubro de 2017
O Ministério Pública já contempla acusar Puigdemont e restantes membros da Generalitat do crimes de rebelião, cuja moldura penal pode ir até à pena máxima de 30 ano de prisão.
Carrizosa referiu-se também ao público presente no plenário e avisou que não pretende que a sessão se torne numa espécie de comício das organizações independentistas como a ANC ou da CUP.
#EnDirecto | Cs: "No nos gusta que el parlamento parezca la sede del ERC, ANC o JxSI. Nos sentimos coaccionados a la hora de exponer nuestras ideas" https://t.co/mHFVJCLhdE pic.twitter.com/dMtObakKCN
— Europa Press (@europapress) 27 de outubro de 2017
Coube a Carlos Carrizosa dar início aos trabalhos, com o deputado do Cidadãos a acusar a maioria parlamentar de ter, desde o início da legislatura, desafiado permanentemente a legalidade promovendo acções ilegais e de ter apenas conseguido "romper a convivência" na Catalunha.
Enquanto Carrizosa falava, o número dois da Generalitat, Oriol Junqueras (ERC), abandonou o plenário. Durante a sua intervenção inicial, Carrizosa rasgou a resolução independentista apresentada pelo Juntos pelo Sim e pela CUP.
DIRECTO https://t.co/1oy9Yek3nZ El vídeo viral de @carrizosacarlos rompiendo en el Parlament la resolución de independencia pic.twitter.com/ogWGl7AsrL
— EL PAÍS (@el_pais) 27 de outubro de 2017
Granados acusou ainda aGeneralitat de "irresponsabilidade" e lamentou os custos económicos já verificáveis com a saída de várias empresas daquela região.
#EnDirecto | PSC critica el procés independentista: "Una estrategia pagada con el dinero de todos, una estrategia para generar división. Cuánta irresponsabilidad, ¿qué país van a construir así?" https://t.co/mHFVJCLhdE pic.twitter.com/ff1bp0IUnM
— Europa Press (@europapress) 27 de outubro de 2017
Criticando a partidarização deste processo, Marta Ribas anunciou que o Catalunha Sim Podemos vai votar não a todas as propostas de resolução apresentadas.
MartaRibas insistiu na necessidade de realização de um referendo independentista que permita medir o pulso à vontade da sociedade catalã. A deputada defendeu que o referendo de 1-O não permite fazer essa avaliação.
#DIRECTO Marta Ribas: «Vamos a votar que no a todo, porque no coincidimos con las propuestas» https://t.co/1zJrRlbtM5 pic.twitter.com/BVgSaHeLTS
— ABC.es (@abc_es) 27 de outubro de 2017
O deputado da força de extrema-esquerda e anti-sistema pediu ao plenário para aprovar a DUI enquanto única forma de respeitar o mandato independentista de 1-O.
Rovira admitiu que o futuro promete "tempos difíceis", mas a deputada afiançou que "não temos alternatvia". A deputada recordou ainda que até hoje o diálogo institucional entre Madrid e Barcelona de pouco ou nada serviu no que aos interesses da Catalunha diz respeito.
"Esse diálogo acabou em acordos que nunca se cumpriram", lembrou aludindo claramente ao Estatuto de Autonomia da Catalunha aprovado em 2006, após negociações com o governo do PSOE (Zapatero), que anos depois foi parcialmente considerado inconstitucional após pedido de revisão feito pelo executivo de Mariano Rajoy.
14:35La diputada de Junts pel Sí, Marta Rovira: "Vienen tiempos difíciles y de tensión, pero no tenemos alternativa. No será fácil ni gratuito, ni de un día para el otro".
Carme Forcadell rejeitou e deu-lhe apenas autorização para uma intervenção de três minutos. Arrimadas acusou as forças da maioria parlamentar de cometerem "o maior ataque à democracia" feito desde 1978.
@InesArrimadas demana una segona intervenció dels grups@ForcadellCarme li dona 3 minuts per al·lusions
— Catalunya Ràdio (@CatalunyaRadio) 27 de outubro de 2017
?? https://t.co/UGElG7XBcG pic.twitter.com/V4tbfZ20UC
A maior parte dos deputados dos partidos constitucionalistas, contrário à independência da Catalunha, abandonaram a sessão plenária antes de ser iniciada a votação da declaração unilateral de independência (DUI).
A votação decorreu na ausência dos grupos parlamentares do Cidadãos, PSC e PP. Terá havido um deputado do campo independentista a não votar a favor da resolução para a constituição de "uma república catalã como estado independente, soberano, democrático e social", já que Juntos pelo Sim e CUP totalizam 71 mandatos no parlament.
Confirmada a DUI, ouviram-se aplausos e gritos de "viva a Catalunha". Depois os deputados do bloco soberanista começaram a cantar o hino catalão (Els Segadors).
Los diputados cantan 'Els Segadors' en el Parlament tras su declaración de independencia. pic.twitter.com/59QmP2iax4
— EL MUNDO (@elmundoes) 27 de outubro de 2017
Ao referir-se à restauração da legalidade, Mariano Rajoy aludia ao artigo 155 da Constituição que deverá ser aprovado esta sexta-feira no Senado espanhol. De acordo com a imprensa espanhola, a aprovação será publicada ainda hoje no Boletim Oficial do Estado. Tudo aponta para que o conselho de ministros se possa reunir ainda esta tarde de forma a que o mecanismo constitucional possa entrar em vigor ainda hoje.
Pido tranquilidad a todos los españoles. El Estado de Derecho restaurará la legalidad en Cataluña. MR
— Mariano Rajoy Brey (@marianorajoy) 27 de outubro de 2017
A banca espanhola lidera as perdas na bolsa madrilena, em especial os bancos Sabadell, a cair acima de 6%, e o CaixaBank, a resvalar mais de 4%, duas instituições que até há duas semanas detinham as respectivas sedes na Catalunha.
Também os juros da dívida pública espanhola acentuaram a subida, com as obrigações espanholas a 10 anos a crescerem 8 pontos base para 1,618%.
#EnDirecto ? Momento en el que el Senado ha aprobado la activación del 155 que comunicará a Gobierno, Generalitat y Congreso. pic.twitter.com/2e672di7Je
— EL MUNDO (@elmundoes) 27 de outubro de 2017
A intervenção de Madrid na Catalunha foi aprovada com o voto a favor de 214 senadores, 47 contra e uma abstenção.
Votación y video de la propuesta de la Comisión conjunta en aplicación del art. 155 https://t.co/Bg3w0R4XR2 pic.twitter.com/TraZLzMsGJ
— Senado de España (@Senadoesp) 27 de outubro de 2017
Crits de "llibertat" al Parlament de Catalunya en record de @jordisanchezp i @jcuixart https://t.co/LBjY0cnWR9
— El Món (@MonDiari) 27 de outubro de 2017
Ao dar provimento a este pedido doPSC, o Constitucional deixa sem efeitos aDUI.
Depois dos dois encontros do elenco governamental em que será dada luz verde ao pacote de medidas hoje aprovado pelo Senado com vista à suspensão do autogoverno da Catalunha, Mariano Rajoy fará uma comunicação ao país.
DIRECTO https://t.co/1oy9Ye2rZp Rajoy anuncia "eficacia y mesura" en la aplicación del 155 pic.twitter.com/l1I16sMHd9
— EL PAÍS (@el_pais) 27 de outubro de 2017
For EU nothing changes. Spain remains our only interlocutor. I hope the Spanish government favours force of argument, not argument of force.
— Donald Tusk (@eucopresident) 27 de outubro de 2017
"Hoje o parlament do nosso país, legítimo e saído das eleições de 27-S, deu um passo há muito esperado", disse Puigdemont referindo-se às eleições autonómicas de 27 de Setembro 2015 que deram uma maioria absoluta parlamentar ao bloco independentista (Juntos pelo Sim e CUP) que porém ficou aquém da maioria dos votos (menos de 50%).
?? #President @KRLS: "Avui el #Parlament del nostre país, legítim, sorgit de les eleccions del 27-S ha fet un pas llargament esperat" pic.twitter.com/otiH2C6MDQ
— Partit Demòcrata (@Pdemocratacat) 27 de outubro de 2017
PedroSánchez garante que osecessionismo catalão não é nenhuma "bandeira da esquerda", mas o resultado da "irresponsabilidade" dos líderes daGeneralitat. O líder socialista assegura que a Catalunha continuará a ser Espanha pese embora a irresponsabilidade dos seus líderes.
Sánchez: "Catalunya seguirà sent Espanya" https://t.co/NAYEdHTgAy #27oTV3 pic.twitter.com/4lzlBG4zGe
— 324.cat (@324cat) 27 de outubro de 2017
Em declarações a partir de Vila Nova de Poiares, onde se deslocou a propósito dos incêndios dos últimos meses, António Costa reconheceu que a tensão entre Madrid e Barcelona "é um factor de perturbação da vida política no país vizinho," mas considerou que a declaração de independência aprovada hoje no parlamento catalão "não tem nenhuma validade internacional, não é reconhecido pela União Europeia" e que é importante "assegurar que Espanha mantém a primazia do Estado de direito".
"Agora mais do que nunca", atirouPuigdemont.
Catalunya és i serà terra de llibertat. Al servei de les persones. En els moments difícils i en els moments de celebració. Ara més que mai
— Carles Puigdemont (@KRLS) 27 de outubro de 2017
L'Ajuntament de #Sabadell retira la bandera espanyola i europea! Benvinguda República! pic.twitter.com/6dyday5Atl
— Crida per Sabadell (@CridaSabadell) 27 de outubro de 2017
A les 18 h a la plaça Sant Jaume cap a la Festa de proclamació de la República Catalana!#HolaRepúblicaCatalana pic.twitter.com/gL4toEEFkv
— Assemblea Nacional (@assemblea) 27 de outubro de 2017
Tendo em conta que a Justiça espanhola já prepara há semanas processos contra o governo catalão, esta notícia poderá significar que também a Mesa do parlamento catalão, assim como os deputados que tenham participado na votação, poderão ser alvo de acusação de rebelião, cuja pena de prisão pode ir até aos 30 anos.
Lembre-se que Cidadãos, PSC e PP abandonaram o plenário, não tendo votado a resolução independentista.
Esta publicação permite ao conselho de ministros extraordinário ainda em curso adoptar o pacote de medidas que a câmara alta do Congresso espanhol autorizou o governo a adoptar.
Para Pablo Iglesias, o partido de Mariano Rajoy beneficia da crise institucional que se vive em Espanha porque assim passa para segundo plano o fenómeno de corrupção que mina o PP.
La DUI no es legítima, pero la cuestión es: ¿por qué un 48% de catalanes quiere irse de España? La respuesta está en el Partido Popular pic.twitter.com/z29aMm0oDp
— Pablo Iglesias (@Pablo_Iglesias_) 27 de outubro de 2017
O gabinete do primeiro-ministro António Costa enviou às redacções uma nota, onde dá conta que não reconhece a declaração de independência da Catalunha.
A nota na íntegra:
"O Governo português não reconhece a declaração unilateral de independência hoje anunciada no Parlamento Regional da Catalunha.
Portugal condena a quebra da ordem constitucional e o ataque ao Estado de direito em Espanha - parte integrante do quadro jurídico da União Europeia -, que este ato configura.
O Governo português confia que as instituições democráticas espanholas saberão restaurar o Estado de direito e a ordem constitucional, quadro natural do diálogo democrático, a fim de preservar os direitos e liberdades de todos os seus cidadãos e garantir que seja encontrada a melhor solução para preservar a unidade de Espanha".
O primeiro-ministro espanhol já anunciou as primeiras medidas, que colocará em marcha o mais rápido possível, em resposta à declaração de independência hoje feita pelo parlamento catalão.
Mariano Rajoy anunciou a demissão de todo o governo da Generalitat, a dissolução do parlamento catalão e convocatória de eleições para o próximo dia 21 de Dezembro, e a destituição do líder da política autonómica (Mossos d’Esquadra).
Ao contrário do que chegou a ser noticiado ao longo da já longa jornada em torno da independência catalã, o governo espanhol não vai intervir de forma gradual para repor a normalidade na Catalunha. Além de um conjunto de medidas anunciadas, o primeiro-ministro disse que vai propor ao Tribunal Constitucional que considere nulas todas as decisões hoje tomadas pelo parlamento catalão.
As principais medidas anunciadas por Rajoy:
- Demissão do presidente, vice-presidente e todos os conselheiros (ministros) do governo catalão;
- Extinção dos gabinetes do presidente e vice-presidente da Generalitat;
- Dissolução do parlamento catalão e marcação de eleições autonómicas para o dia 21 de Dezembro;
- Extinção de todas as delegações da Generalitat, excepto a de Bruxelas;
- Demissão do director-geral da polícia autonómica (Mossos d’Esquadra);
- Demissão do secretário-geral do Departamento do Interior catalão
- Demissão dos delegados da Generalitat junto de Madrid e Bruxelas;
- Extinção do Conselho de Transição Nacional;
- Extinção do Conselho de Diplomacia Pública da Catalunha
- Designação dos órgão administrativos encarregados de dar seguimento às medidas aprovadas pelo Senado, que serão os ministérios do governo espanhol correspondentes;
Mariano Rajoy, presidente de España, disuelve el parlamento catalán y llama a elecciones. pic.twitter.com/4wKYpRIXOZ
— FOROtv (@Foro_TV) 27 de outubro de 2017
Esta posição de Marcelo Rebelo de Sousa foi transmitida numa nota divulgada pela Presidência da República aos jornalistas que acompanham a sua deslocação aos Açores.
"O Presidente da República, tal como o Governo, reafirma o respeito pela unidade do Estado espanhol, incompatível com o reconhecimento da invocada declaração unilateral de independência da Catalunha, que, além de não respeitar a Constituição [espanhola], não contribui para a salvaguarda do Estado de direito democrático e o regular funcionamento das instituições", lê-se no documento.
No final da comunicação, o presidente do PP e chefe de governo garantiu que com estas medidas não está a ser suspenso o autogoverno da Catalunha, apenas se está a recolocar a região dentro da "normalidade".
"Não se trata de suspender o autogoverno [catalão], nem de o reduzir, antes de o devolver à normalidade o mais rápido possível", explicou.
Mariano Rajoy começou por assinalar a "jornada triste" desta sexta-feira, em que o bloco independentista catalão mostrou "desprezo pelo interesse geral", notando que perante estas acções o governo espanhol "já começou a adoptar as medidas necessárias".
Rajoy frisou que é preciso agir com "prudência e serenidade" e assegurou que o Estado "dispõe de meios suficientes" para "recuperar a normalidade".
Sobre a marcação de eleições, Mariano Rajoy disse ser "urgente dar voz a todos os catalães" para que "ninguém possa cometer ilegalidades em seu nome". A "Catalunha necessita reconciliar-se com a verdade, com a lei e consigo mesma", acrescentou o líder conservador que disse que o governo por si chefiado "não quer dilatar um minuto mais essa tarefa".
No se trata de suspender ni de intervenir el autogobierno de Cataluña, sino devolver la normalidad y restituir la legalidad lo antes posible pic.twitter.com/QNmJHjtOD1
— Mariano Rajoy Brey (@marianorajoy) 27 de outubro de 2017
No exterior do edifício é possível ver pessoas empunhando bandeiras de Espanha e algumas de cara tapada, investindo contra as portas. Os relatos dão conta de que não é possível sair do edifício da estação de rádio.
Manifestació violenta davant de Catalunya Ràdio. Han trencat vidres i no es pot sortir de l’emissora CatRàdio pic.twitter.com/fuatRhPtIy
— JC Kommer (@Alea_) 27 de outubro de 2017
De acordo com o jornal catalão Ara, os danos foram provocados na sequência de uma manifestação de unionistas, que terminou com a chegada da polícia regional, os Mossos. Não sem antes os agentes da polícia serem insultados pelos manifestantes. A polícia mantém quatro carrinhas e vários agentes no local.Els fruits del discurs de l’odi cap als mitjans públics que alguns fa temps que practiquen. Irresponsable i perillós. Gràcies. pic.twitter.com/WXgEM6w6Ah
— Albert Mercadé (@albertmercade) 27 de outubro de 2017
As manifestações com bandeiras espanholas estendem-se a outras zonas da cidade, como a avenida Diagonal.
? Manifestación con banderas españolas en la Diagonal https://t.co/mQKswSGktm pic.twitter.com/PdrxZgu8Tc
— Onda Cero (@OndaCero_es) 27 de outubro de 2017
"Vamos restabelecer a democracia, a convivência, a legalidade e a sensatez catalã. Espera-nos uma nova étapa para todos os catalães", escreveu no Twitter a deputado do maior partido da oposição do parlament.
El 21D saldremos a ganar en las urnas de las elecciones. Vamos a restablecer la democracia, la convivencia, la legalidad y el seny català. Una nueva etapa para todos los catalanes nos espera
— Inés Arrimadas (@InesArrimadas) 27 de outubro de 2017
Continuarem construïnt la República! No ens sotmetrem ni a l'autoritarisme de Rajoy ni al 155 #BenvingudaRepública
— CUP #RepúblicaAra (@cupnacional) 27 de outubro de 2017
Nos vários vídeos colocados nas redes sociais são visíveis bandeiras catalãs agitadas por dezenas de pessoas, que entoam cânticos sob as luzes de fogo de artifício.
Celebrating the #catalan #republic in Sant Jaume's square #Barcelona #Catalunya #independent pic.twitter.com/bk9lGDWthE
— Alex Sardo (@AlexSardo83) 27 de outubro de 2017
El cant dels segadors a la Plaça Sant Jaume, pell de gallina. #27Oct #CatalanIndependence #DuiARV #RepúblicaCatalana pic.twitter.com/byVlxUryoX
— Cinéfilo que llora (@SergiMerchan) 27 de outubro de 2017
Petit castell de focs a Sant Jaume al ritme de 'Corren' dels @gossosgrup. Milers de persones continuen celebrant la independència #inforac1 pic.twitter.com/x93EbM7sth
— Eudald Martínez (@Eudi7) 27 de outubro de 2017
Plaça Sant Jaume #Catalanindependence pic.twitter.com/TAYBLONDZt
— Anna Solé Sans (@AnnaSole_) 27 de outubro de 2017
Celebrating the #RepublicofCatalonia in Plaça Sant Jaume, Barcelona pic.twitter.com/T06E6TQuW9
— Liz Castro (@lizcastro) 27 de outubro de 2017
A resposta de Madrid foi a esperada, com o governo de Mariano Rajoy a pôr no terreno a suspensão da autonomia catalã. Depois de o Senado validar o pacote de medidas proposto pelo primeiro-ministro, dois conselhos de ministros consecutivos, um ordinário e um extraordinário depois, permitiram efectivar a demissão do governo catalão (Generalitat), dissolver o parlament e marcar eleições autonómicas para 21 de Dezembro (21-D). Pela primeira vez o artigo 155.º da Constituição foi posto em prática.
As ruas de Barcelona foram sendo ocupadas, primeiro, por manifestações pró-independência e depois também por manifestações a favor de uma Espanha unida.
Os partidos catalães do campo independentista festejaram a declaração unilateral de independência (DUI) argumentando ser a única via de respeitar o mandato resultante do referendo independentista de 1 de Outubro.
Já as forças favoráveis à Constituição (PP, PSOE e Cidadãos) condenaram mais uma violação da lei e apoiaram Mariano Rajoy na intervenção na Catalunha. O Podemos mostrou-se contra ambos os lados: criticou a DUI e o recurso ao artigo 155.
Em 21-D será o povo da Catalunha a decidir o rumo a seguir, optando entre soberanistas ou unionistas.
Encerra aqui este minuto a minuto que acompanhou ao longo do dia a situação na Catalunha. As notícias mais relevantes podem ser acompanhadas ao longo das próximas horas em www.negocios.pt.