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Independentistas desfazem dúvidas: participam nas eleições e acatam demissões

Apesar de considerarem que a destituição do governo catalão e a dissolução do parlamento regional são medidas antidemocráticas, os partidos independentistas (PDeCAt e ERC) anunciaram que vão às urnas nas eleições agendadas para o próximo dia 21 de Dezembro. Independentistas aceitam demissões.

Reuters
30 de Outubro de 2017 às 16:26
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Está desfeita uma das principais incógnitas em torno das eleições autonómicas antecipadas convocadas pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy para o dia 21 de Dezembro (21-D). Os maiores partidos do bloco soberanista (PDeCAT, conservador de centro-direita, e a ERC, esquerda nacionalista) anunciaram esta segunda-feira que vão participar nas eleições autonómicas de 21-D.

 

"Senhor Rajoy, vêmo-nos nas urnas", atirou a coordenadora-geral do PDeCAT após a reunião da direcção do partido que decorreu esta manhã e que não contou com a presença do agora ex-presidente do governo autonómico catalão (Generalitat), Carles Puigdmeont, que estará na Bélgica. Marta Pascal reiterou que "a aplicação do [artigo] 155 é miserável", referindo-se à intervenção de Madrid na Catalunha que implicou a suspensão de facto da autonomia da região.


Antes, tinha sido a ERC a confirmar que a força de esquerda nacionalista encontrará "uma forma de participar" nas eleições autonómicas, que classifica de "ilegítimas". Através do porta-voz Sergi Sabrià, a ERC garante que "as urnas não nos metem medo".

 


Nenhum destes partidos se tinha ainda pronunciado sobre a eventual participação nas eleições autonómicas de 21-D, já que as duas forças que integravam a aliança de governo independentista Juntos pelo Sim se tinham remetido ao silêncio sobre esta questão desde que na, passada sexta-feira, Rajoy revelou as primeiras medidas a serem implementadas com a colocada em prática do artigo 155 da Constituição, através do qual Madrid assumiu o controlo sobre a Catalunha. Havia a possibilidade de estas forças boicotarem o processo eleitoral. 

Porém, nem o PDeCAT (antiga Convergência Democrática da Catalunha, CDC) nem a ERC adiantaram se pretendem manter de pé a aliança com que concorreram, e venceram, nas eleições regionais de Setembro de 2015.

A outra força do campo independentista (CUP, partido de extrema-esquerda anti-sistema, que apoiava no parlamento catalão o governo do Juntos pelo Sim) revelou este domingo que "não descarta" concorrer às eleições agendadas por Madrid, no entanto deixa essa decisão nas mãos dos seus militantes.

"Não descartamos apresentar-nos em 21-D porque não descartamos nada, e isso terão de ser os militantes a decidir", explicou Núria Gibert que insiste em não reconhecer nenhuma das medidas aplicadas ao abrigo daquele mecanismo constitucional porque a CUP só aceita "o mandato de 1 de Outubro (1-O)".

Até aqui persistia a dúvida sobre se os partidos "catalanistas" aceitariam concorrer a uma eleições que consideram "ilegítimas" e usurpadoras da "legítima república" catalã proclamada na sexta-feira com base na clara vitória do "sim" à independência na consulta popular de 1-O.

A intenção parece clara, voltar a utilizar as eleições autonómicas como uma espécie de plebiscito à independência: "hoje a nossa república não tem a capacidade que queríamos para se impor, mas apesar disso queremos defende-la. E por isso precisaremos de todos. Juntos chegámos até aqui", declarou hoje o porta-voz da ERC que quer converter o acto eleitoral "numa oportunidade".


Uma sondagem ontem publicada no El Mundo – com entrevistas realizadas entre 23 e 26 de Outubro, o dia anterior à declaração de independência e entrada em marcha do artigo 155 – mostra a ERC (26,4%) como o partido mais votado em 21-D, enquanto o PDeCAT de Puigdemont deixa de ser a maior força catalã com apenas 9,8%. A CUP alcança 6,3%.

 

As forças soberanistas perderiam a actual maioria absoluta no parlamento catalão (42,5% e 65 deputados, a três da maioria). Já o bloco "espanholista" surge reforçado face às eleições de há dois anos, com os partidos constitucionalistas a conseguirem 43,4% das intenções de voto. À parte de independentistas e constitucionalistas, o Catalunha Sim Podemos (aliado do Podemos na Catalunha, força que criticou a declaração de independência e também o accionar do artigo 155) alcança 11%. Esta sondagem mostra ainda uma queda do independentismo na Catalunha, com apenas 33,5% dos inquiridos favoráveis à independência.

 


Soberanistas acatam demissões impostas por Madrid


Outra das dúvidas que persistiu ao longo do fim-de-semana passava por perceber se, esta segunda-feira, os independentistas titulares de cargos executivos (e no parlamento) iriam ocupar os respectivos postos de trabalho ou se acatariam as demissões decretadas pelo governo chefiado por Mariano Rajoy.


A única excepção coube a Josep Rull, demitido do cargo de conselheiro (ministro) do Território e Sustentabilidade, que esta manhã se apresentou ao trabalho tendo mesmo publicado uma fotografia nas redes sociais senado à secretária.

Carme Forcadell, presidente do parlamento catalão dissolvido e membro da associação independentista ANC, desconvocou a reunião ordinária da Mesa do "parlament" prevista para esta terça-feira de manhã, justificando a decisão com o facto de a câmara parlamentar ter "sido dissolvida."

 

A histórica líder independentista cumpriu assim os ditames de Madrid. No entanto, Forcadell continua a ser a presidente do parlamento catalão até que sejam realizadas eleições e também pode continuar a presidir a reunião da Mesa permanente, órgão composto por 23 parlamentares.

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