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Procuradoria pede detenção de Puigdemont e dos quatro ex-ministros que estão na Bélgica
O Ministério Pública de Espanha pediu à juíza encarregada do caso relativo às queixas contra o deposto governo autonómico da Catalunha para emitir uma ordem internacional de detenção de Puigdemont e dos quatro ex-ministros que também permanecem na Bélgica.
A Procuradoria-Geral espanhola pediu à juíza Carmen Lamela que escreva uma ordem de procura, captura e detenção de Puigdemont, Antoni Comín, Lluís Puig, Clara Ponsatí e Meritxell Serret, o presidente e quatro ministros que foram destituídos por Madrid e que estão em território belga. Os cinco não compareceram à chamada para depor em tribunal sobre as queixas, apresentadas pela Procuradoria-geral, pelos crimes de rebelião, sedição e desvio de fundos públicos.
Entretanto, a Procuradoria-Geral belga já garantiu, segundo noticia a agência Efe, que vai "aplicar a lei" se receberem uma ordem de detenção europeia da parte das autoridades judiciárias espanholas. A ordem de detenção europeia substituiu, no seio do quadro normativo dos Estados-membros da União Europeia, as tradicionais ordens de extradição, caracterizando-se pela maior agilidade (prazo de 60 dias) em termos burocráticos e pelo facto de ao contrário do pedido de extradição esta ordem não envolver os governos dos países em questão.
Para a emissão desta ordem de detenção europeia, a juíza Lamela precisava receber um pedido para tal do Ministério Público, o que agora se confirma. Se aceite pela Audiência Nacional, a ordem de detenção será enviada para as entidades belgas, que depois encarregarão um juiz local de analisar o pedido e decidir sobre a entrega a Espanha das pessoas em causa.
Também esta quinta-feira, a Procuradoria-Geral solicitou a prisão preventiva "incondicional" de todos os membros do governo da Generalitat demitidos pelo executivo de Mariano Rajoy na sequência da declaração unilateral de independência (DUI) da Catalunha. A excepção foi o ex-conselheiro (ex-ministro) Santi Vila, membro do PDeCAt que se demitiu na véspera da proclamação de independência. Foi esta a prática seguida com os líderes das associações cívicas independentistas ANC e Òmnium Cultural (os dois "Jordis"), que foram detidos apesar de estarem acusados somente do crime de sedição.
Também estiveram na capital espanhola os cinco membros da Mesa do parlamento catalão, que compareceram no Supremo Tribunal - uma vez que permanecem em funções até às eleições antecipadas para 21 de Dezezembro (21-D) é perante este tribunal que respondem - para responderem pelos mesmos três crimes (rebelião, sedição e fraude). Contudo, o Supremo aceitou o pedido feito pelos representantes legais daqueles cinco parlamentares que requisitaram mais tempo para preparar a sua defesa. Até essa data, os cinco ficam sob vigilância policial e telefónica.
Os independentistas acusam a Justiça espanhola de estar a politizar os seus casos, considerando que o Ministério Público está a fazer um "juízo político" e a pedir penas "desproporcionadas", insistindo ainda que o "governo legítimo" da Catalunha demitido continua a funcionar (parte em Bruxelas e outra parte em Barcelona). Puigdemont afiança ainda não estar em Bruxelas para pedir asilo político, mas para tentar recolher apoio e "garantias jurídicas" por parte da União Europeia que, por sua vez e à imagem da generalidade dos seus Estados-membros, recusa reconhecer a "república independente catalã" declarada na sexta-feira da semana passada.
(Notícia actualizada às 16:00)