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Puigdemont diz-se "preparado" para ser preso em Espanha

O presidente deposto do governo catalão reconhece que ele e os quatro ex-ministros que foram para a Bélgica poderão ser presos a exemplo do que sucedeu com os ex-governantes que permaneceram em solo espanhol.

Reuters
07 de Novembro de 2017 às 12:38
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Em entrevista emitida esta terça-feira pela Catalunya Ràdio, Carles Puigdemont mostra-se "preparado" para ser detido na Espanha se assim o entenderem as autoridades belgas e afiança que a Justiça espanhola passará "vergonha" nos tribunais internacionais.

O presidente destituído do governo autonómico da Catalunha (Generalitat) admite inclusivamente ser candidato à presidência da Generalitat mesmo na condição de preso preventivo e garante que também os quatro ex-conselheiros (ex-ministros) que o acompanharam na ida para a Bélgica estão preparados para ser presos.

"Todos sabemos que podemos terminar na prisão."

Puigdemont insiste na tentativa de europeização da crise catalã, considerando que o que está em causa são "direitos humanos" que estão a ser violados pela Justiça espanhola ao prender pessoas por motivos eminentemente políticos. Na segunda-feira, em artigo assinado no Guardian, o ex-dirigente catalão pedia uma solução política e não jurídica para o problema catalão. "A Europa não pode ter um governo todo preso ou no exílio", sustentou na entrevista à rádio catalã.

 

Por outro lado, Puigdemont volta a instar Madrid a aceitar os resultados que venham a sair das eleições autonómicas agendadas pelo governo liderado por Mariano Rajoy para o próximo dia 21 de Dezembro (21-D). Ou seja, insistindo na configuração das eleições regionais como uma espécie de plebiscito independentista, Puigdemont quer que Madrid respeite e actue em conformidade mesmo se o bloco soberanista sair vencedor em 21-D.

Ainda sobre as eleições, o membro do conservador PDeCAT voltou também a defender a ida conjunta às urnas por parte das forças favoráveis à independência catalã, numa reedição da aliança Juntos pelo Sim (PDeCAT e ERC) que venceu as eleições de Setembro de 2015.

Puigdemont considera "urgente" a constituição de um "núcleo democrático que desmascare o bloco do [artigo] 155", aludindo também à participação da extrema-esquerda (CUP) que se excluiu ao agendar para hoje a decisão sobre a participação ou não no acto eleitoral promovido por Madrid.

O El Mundo noticia que a ERC (esquerda soberanista) tem vindo a colocar condições difíceis de aceitar, isto numa altura em que lidera as sondagens. Esta terça-feira termina o prazo para a inscrição de coligações candidatas às eleições de 21-D. Oriol Junqueras, líder da ERC e ex-vice-presidente da Generalitat, que se encontra detido por ordem do tribunal madrileno Audiência Nacional, pede a libertação para participar na campanha.  

 

"Atentado" à democracia deixará Espanha "envergonhada"

Outra das linhas de defesa dos políticos catalães exilados na Bélgica assenta na acusação de desrespeito pelas regras democráticas atribuídas ao governo espanhol, a quem Puigdemont acusa de politicar a Justiça para punir governantes e políticos da Generalitat que não fizeram mais do que cumprir o mandato soberanista atribuído nas eleições de há dois anos, que fazia uma referência clara e concreta à declaração unilateral de independência (DUI).

Carles Puigdemont, que acusa Madrid de acções conexas ao "franquismo" e reitera ter sido demitido "por um golpe ilegal do Estado espanhol", assegura que todo este caso "terminará nos tribunais internacionais e não será a primeira vez que a Espanha passa vergonha nestes tribunais", atirou o antigo autarca de Girona.

Todo o governo da Generalitat bem como os cinco elementos da mesa do parlamento catalão foram alvos de queixas do Ministério Público que os acusa dos crimes de rebelião, sedição e fraude. Oito dos nove ex-governantes da Generalitat que ficaram na Espanha foram detidos preventivamente, sem direito ao pagamento de fiança, enquanto os membros da Mesa serão ouvidos no dia 9 de Novembro no Supremo Tribunal. Já Puigdemont e os quatro ex-ministros foram ouvidos no domingo pelas autoridades belgas e ficaram impedidos de sair do país até que sejam tomada uma decisão sobre a ordem de detenção europeia emitida pela Audiência Nacional espanhola. 

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