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Petróleo: O sentimento é “urso”, mas em Londres a festa foi de luxo

Centenas de pessoas participaram na Semana Internacional do Petróleo. Após um duro ano para os produtores e sem haver ainda razões para optimismo, nos repastos preparados para os convivas houve tudo menos crise.

Bloomberg
12 de Fevereiro de 2016 às 18:50
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Escreve a Bloomberg que quem esperava encontrar razões para algum optimismo no evento anual da Semana Internacional do Petróleo deparou-se em Londres com uma cacofonia de vozes com a mesma mensagem: Não há razões para optimismo, o mundo está inundado de petróleo e o sentimento no mercado é "urso", ou seja, muito negativo.

"A indústria do petróleo está a atravessar uma crise", resumiu Patrick Pouyanne, CEO da Total. Bob Dudley, presidente executivo da BP, brincou ao dizer que o excesso de matéria-prima no mercado é tão extremo que qualquer dia as pessoas estão a encher piscinas com crude em vez de água, cita aquela agência noticiosa.

"Eu não ficaria surpreendido se o mercado recuasse para abaixo dos 20 dólares [por barril]", disse Jeff Currie, analista da Goldman Sachs.

E nem a especulação recente sobre uma acção coordenada para limitar a produção animou os presentes na Semana Internacional do Petróleo em Londres, que decorreu entre 9 e 11 de Fevereiro. "Digam-me quem é que é suposto cortar? Vai a Arábia Saudita cortar a produção? O Irão? O México? Quem irá cortar?", questionou Igor Sechin, CEO da russa Rosneft.


Mas se estes são tempos duros para a indústria, isso não se reflectiu nos repastos preparados para os convivas. No jantar oferecido pela empresa estatal de petróleo do Kuwait, no salão de baile do hotel Four Seasons, havia espetadas, ostras, cordeiro e uma fonte de chocolate com taças de morangos para os convidas. No Grosvenor House Hotel, a companhia estatal do Azerbaijão recebeu os convidados com quatro cordeiros assados inteiros, sushi e trufas de chocolate.

O encontro de Londres teve lugar numa semana em que a Agência Internacional de Energia (AIE) alertou que, segundo as suas estimativas, o excesso de oferta será maior do que o previsto no primeiro semestre deste ano e que os preços vão continuar a cair. 

"Com o mercado já inundado em petróleo, é muito difícil ver como os preços podem subir significativamente no curto prazo", refere o relatório mensal da AIE, citado pela Bloomberg. E, "nestas condições, o risco para a queda no curto prazo aumentou", acrescenta o mesmo comunicado.


Para Ian Taylor, CEO do grupo Vitol, a maior empresa do mundo especializada em transacções no mercado do petróleo, o preço do barril deverá manter-se baixo nos próximos dez anos. O responsável justifica esta perspectiva com o abrandamento da economia chinesa e o excesso de produção da matéria-prima.

"Devemos acreditar que há uma possibilidade de nunca mais voltarmos [preço do barril de petróleo] acima dos 100 dólares", disse Taylor em entrevista à Bloomberg. A sua expectativa é que os preços variem entre os 40 e os 60 dólares ao longo da próxima década. Para o CEO, a recuperação dos preços da matéria-prima deverá iniciar na segunda metade deste ano.

A BP antecipa também uma recuperação na segunda-metade do ano, mas contrariamente a Taylor vê os preços a negociarem novamente nos 100 dólares nos próximos anos.


Actualmente, o Brent, negociado em Londres e preço de referência para a Europa soma 9,18% para 32,82 dólares por barril, e o West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, dispara 11,48% para os 29,22 dólares por barril, recuperando dos mínimos de quase 13 anos ontem registados.

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