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Apple doa 2 milhões a associações anti-ódio após confrontos em Charlottesville

Num e-mail aos funcionários, o CEO da empresa da maçã afasta-se da posição de Donald Trump de não distinguir entre grupos movidos pelo ódio e manifestantes que se erguem pelos direitos humanos.

Tim Cook a criar uma nova Apple: Acabou 2016 como o 11.º CEO do mundo em valor criado para os accionistas. O ano marca a tentativa do sucessor de Steve Jobs de deixar a sua marca na Apple. Apesar de o foco continuar nos aparelhos - foi lançado o iPhone 7 e o novo MacBook Pro -, a Apple já aposta a sério nos conteúdos (é a segunda maior fonte das suas receitas, que caíram pela primeira vez desde 2001) e aventura-se em áreas como o automóvel e a saúde. Pelo meio, a guerra política devido aos impostos - Bruxelas determinou que a Apple devolvesse à Irlanda 13 mil milhões de euros - continua a dar-lhe dores de cabeça.
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17 de Agosto de 2017 às 12:25
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A tecnológica Apple vai doar 2 milhões de dólares (1,7 milhões de euros à cotação actual) a duas associações que promovem a tolerância e combatem o ódio e extremismos nos Estados Unidos, depois dos confrontos com supremacistas brancos na semana passada em Charlottesville, Virgínia.

Numa mensagem aos colaboradores - citada pelo site Recode - o CEO Tim Cook condenou esta quarta-feira os acontecimentos de sábado, distanciando-se da reacção titubeante do presidente norte-americano Donald Trump. E anunciou o apoio financeiro de 1 milhão de dólares a cada instituição: o Southern Poverty Law Center e a Anti-Defamation League.

"Tal como muitos de vós, a igualdade está no centro das minhas crenças e valores. (...) Os acontecimentos dos últimos dias têm sido profundamente perturbantes para mim e sei de muitas pessoas na Apple que se sentem zangadas, ultrajadas ou confusas," afirma Cook na mensagem de e-mail.

"O que aconteceu em Charlottesville não tem lugar no nosso país. (...) O ódio é um cancro e se não for reprimido destrói tudo no seu caminho. As suas cicatrizes vão permanecer por gerações. A história ensinou-nos desta vez e outra vez, tanto nos EUA como noutros países," defende.

Até 30 de Setembro, a companhia promete ainda duplicar, com verbas próprias, os donativos que sejam entregues por colaboradores a organizações humanitárias. Por outro lado, está a desenvolver uma funcionalidade a instalar no software de música iTunes, para permitir aos utilizadores "apoiarem directamente o trabalho" do Southern Poverty Law Center (SPLC) com doações.

Fundada há 104 anos, a Anti-Defamation League tem origem em esforços para combater o anti-semitismo e na defesa do povo judeu, alargando depois o seu âmbito ao combate a outras "ameaças à democracia", como o ciber-ódio, assédio, preconceitos na escola e no sistema judicial, terrorismo, crimes de ódio, coerção de minorias religiosas e desprezo pela diferença, lê-se no site da organização.

Já o SPLC assume-se como a principal organização sem fins lucrativos dos EUA a monitorizar as actividades de mais de 1.600 grupos de ódio e extremistas – onde se incluem o Ku Klux Klan, o movimento neo-nazi movement e os neo-Confederados, além de racistas, separatistas negros, milícias anti-governamentais ou membros da Christian Identity.

Os confrontos entre supremacistas brancos, neo-nazis e membros do Ku Klux Klan (que protestavam contra a retirada de uma estátua de um general da Confederação, símbolo da época da escravatura) com contra-manifestantes no sábado fizeram um morto e mais de três dezenas de feridos. Numa primeira reacção, Donald Trump condenou a violência, responsabilizando depois "todos os lados" pelos actos.

Declarações que geraram reacções de repúdio e que levariam a Casa Branca a emitir um comunicado em que o presidente apontava o dedo aos supremacistas e ao KKK. Contudo, numa conferência de imprensa posterior, Trump viria, numa troca de argumentos com os jornalistas, a referir que há "boas pessoas" dos dois lados dos protestos e que se existe uma "alt-right" [direita alternativa] também existe uma "alt -left".

"Discordo do presidente e de outros que acreditam que há uma equivalência moral entre supremacistas brancos e nazis e os que se opõem a eles erguendo-se pelos direitos humanos. Igualar os dois lados contraria os nossos ideais como americanos," acrescenta Cook na carta aos funcionários.

Essa dificuldade de Trump condenar, à partida, o envolvimento de movimentos extremistas à direita precipitou a saída de vários empresários de topo dos seus conselhos económicos em desacordo com o pensamento expresso pelo presidente, à semelhança do que já tinha acontecido na sequência do veto parcial de Trump à imigração e refugiados.

Ontem, depois das várias saídas,Trump anunciou o fim dos seus dois conselhos económicos.
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