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E vão três: CEO da Intel e da Under Armour abandonam conselho consultivo de Trump

Ontem tinha sido o líder da farmacêutica Merck a deixar um dos órgãos de aconselhamento do presidente por causa da hesitante condenação de Trump aos actos de supremacistas brancos em Charlottesville. Agora, os presidentes da Intel e da Under Armour seguem o exemplo.

Patrick T. Fallon/Bloomberg
15 de Agosto de 2017 às 09:48
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Em menos de 24 horas, a demora de Donald Trump em condenar claramente os supremacistas brancos, neo-nazis e membros do Ku Klux Klan pelos actos violentos de sábado passado em Charlottesville, Virgínia, voltou a custar ao presidente norte-americano a perda de apoio junto da comunidade empresarial, elevando para três as saídas de membros do seu conselho consultivo.

Depois de Kenneth Frazier, CEO do grupo farmacêutico Merck &Co, ter justificado ontem a exclusão com uma "questão de consciência pessoal" que o levou a tomar uma "posição contra a intolerância e o extremismo," nas horas seguintes foi a vez dos presidentes executivos da Intel e da Under Armour lhe seguirem as pisadas. Mesmo que Trump tenha entretanto acabado por apontar o dedo aos grupos extremistas.

"Demito-me para chamar a atenção para os sérios danos que o nosso clima político dividido está a causar em assuntos críticos, incluindo a necessidade urgente de resolver o declínio da indústria americana," invocou Brian Krzanich, líder do fabricante de microprocessadores Intel (na foto), numa publicação no blogue da empresa. 

"Devemos honrar - e não atacar - aqueles que se erguem pela igualdade e outros valores americanos que nos são queridos. Espero que isto mude e permaneço disponível para servir quando tal acontecer," acrescentou.

"A Under Armour envolve-se em inovação e desporto, não em política," justificou por seu lado Kevin Plank, o líder da empresa de equipamentos desportivos. "Estamos tristes por Charlottesville. Não há lugar para o racismo ou a discriminação neste mundo. Escolhemos o amor e a união - CEO Kevin Plank," publicou a marca na sua conta de Twitter.


No início do ano, segundo a Bloomberg, Plank referiu-se em tom elogioso a Trump, o que causou críticas de clientes e de personalidades que dão a cara pela marca. Numa entrevista televisiva, considerou que o novo presidente era alguém "pró-negócio" e um "verdadeiro activo".

Duas novas saídas que surgem mesmo depois de Donald Trump ter vindo a público referir-se, pela terceira vez em menos de 48 horas, aos confrontos de Charlottesville que deixaram um morto e mais de três dezenas de feridos, desta feita para condenar o Ku Klux Klan, os neo-nazis e os supremacistas brancos.

"O racismo é o mal e os que geram violência em seu nome são criminosos, incluindo o KKK [Ku Klux Klan], neo-Nazis, supremacistas brancos e outros grupos de ódio que repugnam tudo o que respeitamos enquanto americanos," afirmou a partir da Casa Branca, citado pela Reuters.

Ao contrário do que fez com Kenneth Frazier - a quem dedicou dois tweets, culpando o CEO da Merck pelos elevados preços dos medicamentos - Trump ainda não se pronunciou publicamente sobre estas duas novas saídas do conselho consultivo.

Nos últimos meses, decisões tomadas pelo presidente eleito com o apoio dos republicanos levaram ao afastamento de líderes empresariais de órgãos de aconselhamento, como aconteceu com os presidentes da Tesla e da Walt Disney depois da decisão de saída do Acordo de Paris, e com o então CEO da Uber, Travis Kalanick, que em Fevereiro se demitiu contra as limitações à política de imigração impostas pela Casa Branca a cidadãos oriundos de países de maioria muçulmana.

Desde Abril, de acordo com a Bloomberg, que nenhum dos dois conselhos empresariais criados por Trump – para estratégia e política e para a indústria – voltou a reunir-se. Além dos CEO agora de saída, marcam presença naquele órgão consultivo líderes de topo da Boeing, da Johnson&Johnson e da Dow Chemical.


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