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Um morto e 35 feridos na sequência de confrontos com nacionalistas em Charlottesville, EUA

O mayor da cidade da Virgínia, que este sábado tem sido palco de confrontos envolvendo nacionalistas brancos, confirmou a existência de uma vítima mortal. A queda de um helicóptero matou dois agentes da polícia, mas não está confirmada relação com os protestos.

DR
12 de Agosto de 2017 às 20:39
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Pelo menos uma pessoa morreu e 35 ficaram feridas depois de confrontos este sábado, 12 de Agosto, entre nacionalistas brancos e outros manifestantes em Charlottesville, no estado norte-americano da Virgínia.

A vítima mortal, uma mulher de 32 anos, estava entre mais de uma dezena de pessoas que foram atropeladas por um automóvel na baixa da cidade, um incidente que causou 19 feridos mas ainda não foi oficialmente relacionado com os confrontos. O condutor já foi entretanto detido pelas autoridades. 


"Sinto-me desolado por uma vida se ter perdido aqui. Peço a todas as pessoas de boa-vontade -- vão para casa", lê-se na mensagem publicada no Twitter por Mike Signer, o mayor de Charlottesville, que avançou a existência da vítima mortal.





O governador da Virgínia, Terry McAuliffe, anunciou entretanto a morte de mais duas pessoas, dois agentes da polícia ocupantes de um helicóptero que caiu a poucos quilómetros do local onde ocorreram os conflitos. A polícia não confirmou as suas identidades nem se a queda está relacionada com os protestos.

Na tarde deste sábado, uma marcha convocada em protesto pela retirada de uma estátua de um general norte-americano da Confederação degenerou em violência e obrigou à intervenção da polícia, levando o governador da Virgínia a decretar o estado de emergência na cidade para repor a segurança pública.

Segundo o The New York Times, vários nacionalistas brancos envergando bandeiras nazis e da Confederação - evocando a união secessionista de estados criada na segunda metade do século XIX e defensora da escravatura - e proferindo slogans de inspiração nazi, encaminharam-se para a estátua de Robert E.Lee e envolveram-se em escaramuças com outros manifestantes, entre os quais membros do movimento afro-americano anti-racismo Black Live Matters.

Os confrontos ocorreram por volta das 16:30, hora em Portugal Continental - menos cinco horas em Charlotesville - quando a polícia recuou e as barreiras foram derrubadas. Os membros das forças de segurança tiveram de intervir com gás pimenta e várias pessoas ficaram feridas.

Nas redes sociais, o presidente norte-americano Donald Trump condenou entretanto os actos de ódio e afirmou que "não há espaço para este género de violência na América" e que os cidadãos devem unir-se.

Mais tarde, em declarações à imprensa, Trump voltaria a condenar a violência, mas sem nunca se referir aos nacionalistas brancos, neo-nazis ou membros do Ku Klux Klan que participaram na marcha.

"Condenamos, nos termos mais fortes possíveis, esta exibição flagrante de ódio, fanatismo e violência vinda de muitos lados, de muitos lados. (...) Isto vem acontecendo há muito tempo no nosso país - não só com Donald Trump, não só com Barack Obama. Vem acontecendo há muito, muito tempo. Não há lugar para isto na América," afirmou a partir do seu resort de golf em New Jersey, onde se encontra de férias.

O antigo líder do movimento supremacista Ku Klux Klan e também apoiante do presidente norte-americano na campanha de 2016, David Duke, criticou o agora 45.º chefe de Estado na mesma rede social: "Então, depois de décadas em que os Brancos Americanos são alvo de discriminação e ódio anti-Brancos, juntamo-nos como um povo e você ataca-nos? Eu recomendaria que se olhasse ao espelho e se lembrasse que foram os Brancos Americanos que o puseram na presidência, não a esquerda radical."



"Os actos e a retórica em Charlotesville nas últimas horas são inaceitáveis e têm de terminar. O direito à liberdade de expressão não é o direito à violência," escreveu o governador da Virgínia, Terry McAuliffe, no Twitter.

Os novos confrontos ocorrem horas depois de ter sido convocada a realização de uma marcha para este sábado denominada "Uni a direita", em protesto pela decisão de depor a estátua. Há mais de um ano que a cidade discute o futuro do monumento localizado em Emancipation Park, que os afro-americanos consideram evocar a época da escravatura nos EUA.

Ontem à noite, centenas de pessoas envergando tochas marcharam frente ao edifício da universidade da Virgínia gritando "Não nos substituirão" e "Os judeus não nos substituirão". Também na altura se registaram confrontos entre os nacionalistas brancos e outros manifestantes.

O mayor da cidade apelidou a marcha dos nacionalistas de "parada cobarde de ódio, racismo e intolerância.

(Notícia actualizada às 00:26 de domingo, 13 de Agosto, com mais informação)
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