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Donald Trump volta a defender controversa posição sobre manifestação racista

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu hoje a sua controversa posição inicial sobre a violência de sábado em Charlottesville, numa manifestação racista, afirmando haver erros dos dois lados.

Reuters
16 de Agosto de 2017 às 07:15
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"Penso que há erros dos dois lados", disse Donald Trump, referindo-se aos membros de extrema direita que convocaram a manifestação para a pequena cidade do estado de Virgínia e aos manifestantes que lá se reuniram para os denunciar, no último sábado.

Uma mulher de 32 anos foi morta em Charlottesville quando um jovem neonazi, James Fields, conduziu o carro intencionalmente contra manifestantes.

Numa discussão com jornalistas hoje na Torre Trump, em Nova Iorque, o Presidente dos Estados Unidos começou por justificar a primeira declaração, no dia da manifestação, por falta de informação.

"Quando faço uma declaração gosto de estar correto. Eu quero os factos. Os acontecimentos tinham acabado de acontecer", disse, para explicar porque esperou por segunda-feira para finalmente condenar a "violência racista" que aconteceu na pequena cidade.

Mas depois acrescentou: "Eu olhei de perto, de muito mais perto do que a maioria das pessoas. Vocês tinham um grupo de um lado que era agressivo. E vocês tinham um grupo do outro lado que era também muito violento. Ninguém o quer dizer", afirmou.

Trump questionou se os dois lados não tiveram responsabilidade sobre o que aconteceu e ao mesmo tempo que condenava os neonazis afirmava que nem todos os que estavam no local eram neonazis ou supremacistas brancos.

Na segunda-feira, Donald Trump declarou que o "racismo é mau" e qualificou aqueles que praticam a violência em seu nome, como o Ku Klux Klan (KKK), os neonazis e os supremacistas brancos, como "criminosos e bandidos".

As declarações de Trump surgem 48 horas depois dos incidentes violentos de Charlottesville e depois de muitas criticas pelas declarações que fez no sábado.

Numa primeira reação ao caso, Trump classificou como "terríveis" os acontecimentos em Charlottesville, mas sem mencionar de forma direta os supremacistas brancos que tinham convocado a marcha, entre eles David Duke, ex-líder do KKK (Ku Klux Klan, movimento de supremacia branca), e vários elementos que exibiam símbolos relacionados com o regime nazi.

A Casa Branca sentiu a necessidade de esclareceu no domingo que o Presidente condenava "todas as formas de violência, intolerância e de ódio" e "todos os grupos extremistas", incluindo os movimentos associados à supremacia branca.

Donald Trump tem sido igualmente criticado por causa do seu consultor estratégico, Steve Bannon, conotado com a extrema direita, mas hoje também o defendeu, afirmando que é um homem bom e não um racista.

"É alguém de bem, não um racista", é "um amigo", disse, acrescentando depois que Bannon chegou tarde à sua equipa. "Vamos ver o que acontece ao senhor Bannon", concluiu.

Bannon dirigiu a página na internet Breitbart, um portal da extrema direita norte-americana.


Nova-iorquinos manifestam-se a favor dos imigrantes perto da Trump Tower

Centenas de nova-iorquinos manifestaram-se na terça-feira perto da Trump Tower para demonstrar o seu apoio à comunidade imigrante do país, no segundo dia de visita do Presidente dos Estados Unidos à cidade.

Os manifestantes defenderam a manutenção do programa de Acção Diferida (DACA, na sigla em inglês), quando se assinalam cinco anos desde a sua criação, pelo anterior Presidente Barack Obama, o qual beneficiava jovens que chegaram aos Estados Unidos antes de cumprirem os 16 anos de idade.

Indocumentados como Ángel Ortega Morales concentraram-se perto da Trump Tower, onde permanece o chefe de Estado durante a breve visita à cidade, para pedir que o programa não seja cancelado.

"Se o eliminarem, perco o meu emprego e não poderei pagar os meus estudos de mestrado", afirmou o imigrante mexicano à agência noticiosa espanhola EFE. No cartaz que transportava podia ler-se: "Indocumentado, mas sem medo".

Ortega Morales, de 27 anos, que chegou aos Estados Unidos quando tinha apenas 4, trabalha como professor substituto e, com o salário, paga os estudos de mestrado.

O seu caso é semelhante ao de milhares de jovens 'dreamers', como são conhecidos, que chegaram aos Estados Unidos antes de cumprirem 16 anos e ali residiram continuamente desde 1 de Janeiro de 2010.

Para César Vargas, o primeiro indocumentado a tornar-se advogado em Nova Iorque, cancelar o DACA pode significar a perda da licença de advogado, a carta de condução, o trabalho e a casa que comprou há um ano, tal como para milhares de beneficiários do programa.

Neste sentido, advertiu que "com ou sem DACA" milhares de jovens indocumentados vão continuar os estudos superiores, apesar de reconhecer que tal será muito difícil por não poderem trabalhar legalmente.

Dezenas de nova-iorquinos, jovens indocumentados e outros residentes da cidade manifestaram-se em apoio aos imigrantes, numa acção sob estritas medidas de segurança que se tornou num verdadeiro pesadelo para condutores e transeuntes.

O procurador-geral do Texas, o republicano Ken Paxton, advertiu, em Junho, o procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, que processaria a administração de Donald Trumo, se não eliminasse o programa DACA antes de 05 de setembro, numa carta assinada por outros nove procuradores republicanos e pelo governador de Idaho.

Durante a manifestação foi ainda defendida a manutenção do Estatuto de Protecção Temporária (TPS), também ameaçado.

Trata-se de um benefício concedido pelos Estados Unidos a imigrantes indocumentados, que não podem regressar aos países devido a conflitos civis, desastres naturais ou outras circunstâncias extraordinárias. O TPS permite que trabalhem com um autorização temporária.

As centenas de nova-iorquinos, que se concentraram no segundo dia de protestos, exibiam ainda cartazes com mensagens como: "Defendam o DACA", "Parem com a criminalização de imigrantes" ou "Estamos aqui para ficar". Noutros podia ler-se: "Nova Iorque odeia-te".

Também foram ouvidos 'slogans' como "muçulmanos e refugiados são bem-vindos", numa referência às ordens executivas da administração de Donald Trump, que proibiram a entrada de imigrantes de sete países de maioria muçulmana.
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