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Cofres cheios levam EDP a tirar Renováveis de bolsa

A energética vendeu a espanhola Naturgas por 2,6 mil milhões de euros, o que permite ao grupo EDP avançar para a compra dos 22,5% da EDP Renováveis que estão nas mãos dos accionistas minoritários. A companha também quer usar o encaixe para reduzir a dívida.

Miguel Baltazar/Negócios
27 de Março de 2017 às 23:15
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O grupo EDP fechou a venda da espanhola Naturgas por 2,59 mil milhões de euros. Com os cofres cheios de dinheiro, a energética tem dois objectivos: comprar a fatia da EDP Renováveis que está nas mãos de accionistas minoritários e reduzir o fardo da dívida.

A EDP anunciou a oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP Renováveis no final da tarde de segunda-feira. O valor da oferta é de 1,33 mil milhões de euros, caso a EDP compre os 22,5% que não detém na EDP Renováveis, a 6,80 euros cada acção.

A EDP Renováveis foi lançada na bolsa de Lisboa em Junho de 2008, com cada acção a valer oito euros. Agora poderá sair de bolsa. A EDP sublinha que "admite requerer a retirada das acções" da EDP Renováveis da bolsa de Lisboa, caso venha a deter, em resultado da OPA, acções que ultrapassem 90% dos direitos de voto correspondentes ao capital social da EDP Renováveis. O grupo liderado por António Mexia diz, no anúncio preliminar, que a "eficácia da oferta não estará subordinada à verificação de qualquer condição".

Ao adquirir as acções da sua subsidiária, o grupo EDP quer, segundo diz no anúncio preliminar, "reforçar a aposta como líder na actividade de produção de energia através de fontes renováveis e continuar a apostar no crescimento do negócio e actividade da EDP Renováveis". E também permitir aumentar a sua exposição à "actividade desenvolvida pela EDP Renováveis, com o intuito de beneficiar em maior escala do crescimento atractivo das energias renováveis".

A EDP compromete-se a "dar continuidade à actividade empresarial da EDP Renováveis e das subsidiárias, mantendo a linha estratégica definida pelo conselho de administração da sociedade visada e a confiança no mesmo e na respectiva equipa de direcção".

Após comunicar a OPA, a EDP anunciou que tinha fechado a venda da espanhola Naturgas por 2.591 milhões de euros. "A oferta vinculativa, totalmente financiada, foi apresentada por parte de um consórcio de investidores composto entre outros por investidores institucionais assessorados pela JP Morgan Asset Management, pelo Abu Dhabi Investment Council e pelo Swiss Life Asset Managers. A oferta foi submetida pela Nature Investments, veículo instrumental criado pelo consórcio composto pela Covalis Capital e pela White Summit Capital", informou a EDP.

A energética liderada por Mexia diz que este encaixe financeiro vai ser "parcialmente aplicado" na oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP Renováveis, enquanto o "valor remanescente se destinará à redução da dívida e nível de endividamento da EDP". A eléctrica tinha uma dívida líquida no final do ano superior a 15 mil milhões de euros. Este negócio vai ter um "impacto esperado de cerca de 2,3 mil milhões de euros na redução da dívida líquida da EDP em 2017".

António Mexia tinha garantido no início de Março que não estava em curso qualquer operação para vender a gasista. "Não há nada no que diz respeito à Naturgas", afirmou durante a apresentação de resultados  ao ser inquirido pelos jornalistas.

Esta transacção não terá impacto nos resultados da EDP no primeiro trimestre, representando uma mais-valia líquida esperada de cerca de 700 milhões de euros em 2017.

A EDP e o consórcio de investidores têm o objectivo de avançar para a assinatura de acordos definitivos no mês de Abril, sendo que a "conclusão da transacção proposta estará sujeita às habituais aprovações regulatórias".

Os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) da Naturgas atingiram os 165 milhões de euros em 2016. A Naturgas é a subsidiária da EDP para a distribuição de gás em Espanha. A gasista dispõe de mais de um milhão de pontos de abastecimento de gás natural e gás propano liquefeito nas regiões do País Basco, Cantábria e Astúrias. A EDP sublinha que este negócio "não inclui as actividades de comercialização de gás, não tendo qualquer impacto na relação com os seus clientes em Espanha".

Os activos regulados de distribuição de gás em Espanha têm sido muito procurados por fundos de pensões e de infra-estruturas, pela previsibilidade das suas receitas.

Preço da OPA à EDP Renováveis é justo?

Oferta representa prémio de 8,5%

A EDP oferece 6,80 euros por cada acção da EDP Renováveis. Este valor representa um prémio de 8,5% face à cotação de fecho de segunda-feira, e um prémio de 10,5% face ao preço médio dos últimos seis meses. Aos 6,80 euros é preciso deduzir "qualquer montante (ilíquido) que venha a ser atribuído a cada acção, seja a título de dividendos, de adiantamento sobre lucros de exercício ou de distribuição de reservas". Esta dedução acontece quando tiver lugar algum destes pagamentos, mesmo que ocorram antes de a OPA estar concluída,  diz o grupo EDP no comunicado divulgado na CMVM. A EDP Renováveis foi lançada na bolsa de Lisboa em 2008, com cada acção a valer oito euros. A EDP Renováveis remunerou desde 2013 os seus accionistas com um total de 16 cêntimos em dividendos, isto sem ainda incluir os 5 cêntimos relativos a 2016, que, segundo a Bloomberg, serão pagos no próximo mês de Maio.

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