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Jogadores de futebol querem acabar com transferências milionárias

O sindicato internacional de jogadores de futebol, FIFPro, está a preparar uma batalha jurídica para acabar com o sistema centenário de compra de direitos desportivos dos jogadores pelos clubes. Pode ser o princípio de uma revolução no futebol mundial, num momento em que a FIFA está fragilizada.

Bloomberg
22 de Agosto de 2015 às 15:00
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A FIFPro está disposta a financiar uma batalha jurídica de centenas de milhares de euros se um jogador concordar em fazer frente à FIFA e ao esquema de contratação base no desporto, em que os clubes adquirem os direitos desportivos de um atleta, escreve a Bloomberg esta sexta-feira, 21 de Agosto, acrescentando que o sindicato já está conversações confidenciais com autoridades da União Europeia para abolir este sistema.

Em causa está o facto dos jogadores de futebol não terem a mesma liberdade que qualquer outro trabalhador para fechar ou rescindir contratos, uma vez os clubes detêm ou seus direitos desportivos – vulgos passes – que estão sujeitos muitas vezes a cláusulas de rescisão milionárias, o que coloca entraves à mobilidade laboral destes profissionais.

"É possível fazer um bom caso em torno do fim do mercado de transferências, mas as autoridades futebolísticas não parecem estar muito interessadas", argumenta Geoff Pearson, professor de direito da Universidade de Manchester, citado pela Bloomberg, acrescentando que só a actualização, em 2001, da lei que regulamenta as transferências de jogadores demorou três anos a debater.

O objectivo da FIFPro é que os jogadores possam transferir-se de clube depois de notificarem a sua entidade patronal com um ou dois meses de antecedência, tal como acontece com profissionais das restantes áreas de actividade.

A FIFA informou que já está em conversações com a FIPPro e outros grupos do género para melhorar o sistema de transferências e acrescentou que foram feitos progressos nas medidas propostas para garantir pagamentos atempados e a resolução de disputas que opõe clubes, jogadores e empresários.

Actualmente, a FIFPro representa mais de 65 mil jogadores em todo o mundo, mas tem tido dificuldades em encontrar um profissional disposto a desafiar a FIFA, o organismo que regula o futebol mundial, de forma a desencadear o processo, escreve a Bloomberg.

Na União Europeia, os gastos com transferências aumentaram sete vezes entre 1994 e 2011, superando os 3 mil milhões de euros, escreve a Bloomberg, citando dados de um relatório da KEA European Affairs de 2013. Em 2015, segundo dados da FIFA, este valor já ascende aos 4,1 mil milhões de euros.

A incursão da FIFPro sobre este tema acontece numa altura em que a FIFA enfrenta o maior escândalo da sua história. A 27 de Maio rebentou o processo que levou à detenção de 14 dirigentes e antigos dirigentes da FIFA por suspeitas da prática de corrupção, designadamente de crimes de extorsão, constituição de redes fraudulentas e lavagem de dinheiro. A 2 de Junho Joseph Blatter anunciou que ia "convocar um congresso extraordinário" para o "substituir enquanto presidente". Mais tarde, a 26 de Junho, esclareceu que não se demitiu, o que fez foi colocar-se a si e ao seu gabinete "nas mãos do congresso da FIFA". A 20 de Julho, uma reunião de emergência do comité executivo da FIFA em Zurique determinou que o novo presidente da organização que dita o rumo do futebol mundial será eleito a 26 de Fevereiro de 2016.

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