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Lesados do papel comercial do GES voltam a manifestar-se. "Queremos o nosso dinheiro"

Perto de 50 clientes do Novo Banco que compraram dívida do GES aos balcões do antigo BES invadiram as instalações do banco no Porto. Pedem a devolução do dinheiro que investiram. Muitos defendem ter sido burlados.

Bruno Simão/Negócios
12 de Fevereiro de 2015 às 13:52
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Na Avenida dos Aliados, no Porto, há uma nova manifestação. Alguns dos clientes do Banco Espírito Santo que, aos seus balcões, adquiriram títulos de dívida de curto prazo que nunca foram pagos juntaram-se mais uma vez para pedir o reembolso.

 

"Queremos o nosso dinheiro" é a palavra-de-ordem que se ouve nas imagens transmitidas pelos canais de informação TVI24 e RTP Informação. Segundo os dois canais e, de acordo com o que conta também a agência Lusa, os clientes lesados invadiram as instalações da dependência do Novo Banco na principal avenida do Porto.

 

A associação que junta vários clientes do BES - Associação Os Indignados e Enganados do Papel Comercial (anteriormente conhecida por Lesados Novo Banco) - havia marcado um protesto para esta quinta-feira, 12 de Fevereiro. No último ano, foi vendido papel comercial nos balcões do antigo BES que acabou por nunca ser devolvido. Muitos dos subscritores defendem que tinham um perfil conservador mas que os gestores de conta acabaram por vender-lhes aquele título de dívida de sociedades do Grupo Espírito Santo que estavam em situação financeira delicada - em alguns casos, o papel foi vendido tendo como base contas falsificadas da ESI, razão pela qual o grupo se diz burlado.

 

Neste momento, discute-se a forma de reembolso destes clientes e se ele será assegurado. As emitentes (ESI e Rioforte) são as primeiras responsáveis mas estão ambas em processo de insolvência no Luxemburgo, onde estão sedeadas. O BES constituiu uma provisão de 700 milhões de euros para assegurar aquela devolução. Após a resolução do banco, a provisão ficou no BES, ou seja, no banco "mau": o seu presidente, Luís Máximo dos Santos, já afirmou que não há dinheiro que consiga pagar aqueles investimentos, dado que o capital próprio da entidade é "claramente negativo" (mesmo vendendo tudo o que tem, não conseguiria pagar tudo o que deve). 

 

Assim, o Novo Banco é a esperança destes subscritores, embora Eduardo Stock da Cunha garanta que não tenha obrigação de os reembolsar. "O Novo Banco não tem qualquer responsabilidade sobre o papel comercial. Não existe nenhuma provisão no Novo Banco para o papel comercial. Essa provisão não passou para o Novo Banco. Não existe nenhuma obrigação legal de o Novo Banco pagar o que quer seja do papel comercial", disse esta semana na comissão parlamentar de inquérito. Daí que fale apenas em indemnização e de solução que seja justificada por motivos comerciais. Contudo, na sua audição, o líder do herdeiro dos activos e passivos considerados saudáveis afirmou ainda não ter atirado "a tolha ao chão", mostrando que procura ainda uma solução que seja aceite pelo Banco de Portugal e pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.


Os titulares de papel comercial da ESI e da Rioforte adquiridos nos balcões do BES já se manifestaram na Avenida da Liberdade, sede do Novo Banco em Lisboa, no Banco de Portugal, também em Lisboa, e alguns dos seus representantes reuniram-se com Stock da Cunha antes da audição da comissão parlamentar de inquérito.

 

 

(Notícia corrigida às 16h11: no título estava BES quando se queria escrever GES; por lapso, falava-se no primeiro parágrafo em Avenida da Liberdade quando, obviamente, se referia à Avenida dos Aliados)

 

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