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Escândalo Volkswagen. Como tremeu este quarto dia?

Matthias Müller é, cada vez mais, apontado como o substituto certo na liderança da Volkswagen. Nesta quarta-feira, a torrente noticiosa neste escândalo foi mais calma. Mas igualmente reveladora da sua dimensão. Quatro temas neste quarto dia de escândalo.

Bloomberg
24 de Setembro de 2015 às 18:24
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Quem o garante é o ministro dos Transportes alemão, Alexander Dobrindt, esta quinta-feira, 24 de Setembro: a Volkswagen manipulou os testes de emissão também na Europa. O maior escândalo de sempre na fabricante automóvel adensa-se, como uma nuvem de fumo.


De acordo com o político, a comissão pública que está a investigar o caso foi informada por executivos de Wolfsburg, onde está sedeada a empresa, de que "veículos na Europa com motores diesel 1.6 e 2.0 litros também foram afectados pelas manipulações".


A Volkswagen reconheceu ter manipulado os testes de emissões de veículos com motores a diesel (isto é, movidos a gasóleo) nos Estados Unidos da América. Nos testes de laboratório, os níveis de emissão cumpriam as regras. Na estrada, os níveis de poluição podiam ser 40 vezes superiores ao permitido. O "dispositivo manipulador" terá sido instalado em 11 milhões de carros.


Esta sexta-feira, 25 de Setembro, a fabricante vai publicar uma lista com os veículos afectados por este caso. As agências de ‘rating’ estão atentas ao tema: depois da Fitch, também a Standard & Poors colocou a Volkswagen numa posição onde fica em risco um corte de ‘rating’, conhecida como ‘CreditWatch Negative’.


A dimensão deste escândalo está a criar margem para comparações: há analistas que consideram que o impacto deste problema para a Europa pode ser muito maior do que a instabilidade grega, outros sugerem que esta saga pode ser tão grande como o escândalo da petrolífera BP no Golfo do México.


Investigações há muitas (em Portugal inclusive)

A Volkswagen enfrenta mais de 30 processos judiciais em vários pontos do globo. São vários os países a admitirem investigações, como França, Reino Unido, Itália, Coreia do Sul e México.


As críticas mais fortes têm vindo de França, mas o The Guardian mostra que há um volte-face em toda esta história. O jornal britânica cita documentos que revelam que há quatro meses França, Alemanha e Reino Unido estariam a pressionar os reguladores para a adopção de uma legislação menos apertado no que respeita às emissões poluentes.


Inicialmente, a Comissão Europeia admitiu que era "prematuro" avançar com uma investigação comunitária, mas apela agora aos Estados-membros que procedam a investigações de âmbito nacional.


"Os veículos produzidos em Portugal não tiveram a incorporação deste kit fraudulento", assegurou o ministro da Economia português, António Pires de Lima, quanto à produção da fábrica da Volkswagen Autoeuropa em Palmela. Pires de Lima acrescentou ainda que o Governo está a trabalhar com o IMT, o regulador, para perceber se haverá alguma implicação da fraude no país.


O Governo britânico anunciou entretanto que irá começar uma investigação, executando novos testes laboratoriais em motores de toda a indústria. Depois, comparará esses resultados com testes de emissão na estrada, para determinar discrepâncias.


Quem sai, quem fica

Certo é que o antigo CEO Martin Winterkorn já abandonou o cargo. Quem se segue? A resposta deve chegar esta sexta-feira, 25 de Setembro, após a reunião do Conselho de Administração. Winterkorn sai com uma reforma na ordem dos 28 milhões de euros.


O nome recorrentemente apontado como substituto é o de Matthias Müller, o actual CEO da Porsche. Já o tinha sido quanto Ferdinand Piëch contestou a continuidade de Winterkorn no cargo em Abril deste ano. Müller, de 62 anos, está na empresa há mais de quatro décadas e goza do apoia da família que a controla.


Herbert Diess, Winfried Vahland e Rupert Stadler são outras hipóteses levantadas pela imprensa estrangeira, embora com menos força. Vahland pode mesmo assumir a liderança da marca nos Estados Unidos, uma vez que Michael Horn estará de saída.


Mas há mais cabeças a rolar neste caso: Ulrich Hackenberg da Audi e Wolfgang Hatz da Porsche são dois potenciais nomes. Ambos estiveram ligados à área de desenvolvimento de motores da Volkswagen.


Os primeiros sinais de fumo

Em Abril, a Volkswagen América enviou aos proprietários de carros com motores a diesel na Califórnia uma carta a alertar para um problema de emissões nos veículos. A empresa pedia aos donos para que se dirigissem às oficinas, a fim de resolver o problema.


O que não informou é que a carta tentava satisfazer as exigências dos reguladores americanos, uma vez que as duas entidades já estavam em conversações sobre este caso.


As autoridades norte-americanas informaram que estão a analisar se outras fabricantes automóveis não terão também manipulado os níveis de emissões. Toyota, Honda e Renault já rejeitaram tal cenário. A BMW também, mas acabou apanhada por uma notícia de uma revista alemã.


A Auto Bild escreve esta quinta-feira, 24 de Setembro, que o BMW X3 xDrive 20d excede as normas europeias de emissão de óxido nítrico em mais de onze vezes. Na bolsa, as acções da BMW já afundaram mais de 9% após a notícia. Em comunicado, a BMW negou ter utilizado um "dispositivo manipulador" como o da Volkswagen.


Também a Seat acabou envolvida no escândalo. A filial espanhola do grupo alemão montou mais de meio milhão de motores sobre investigação desde 2009, adiantam fontes do El País. A empresa reconheceu ter montado tais motores, mas recusou-se a adiantar números.

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