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Volkswagen usou dispositivo para “manipular” emissões poluentes em meio milhão de veículos

A fabricante automóvel alemã arrisca-se a uma coima de 18 mil milhões de dólares e vê beliscados os seus planos de expansão em território americano. Winterkorn já veio pedir desculpa. As vendas dos veículos afectados estão suspensas.

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VW Admits Cheating on U.S. Pollution Test
21 de Setembro de 2015 às 12:59
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É uma batota que sairá cara à Volkswagen. A fabricante automóvel alemã admitiu ter instalado um "dispositivo manipulador" de emissões em meio milhão dos seus veículos a diesel (a gasóleo) produzidos desde 2009.

Quando sujeitos aos testes de controlo de emissões nos Estados Unidos da América, os veículos respeitavam os limites impostos pela lei. Na estrada, e sem o dispositivo em funcionamento, esses níveis podiam ser até 40 vezes superiores ao permitido.


As normas de emissão em território americano são mais apertadas do que na Europa. A emissão acima do permitido de óxido de nitrogénio, associada ao surgimento de doenças respiratórias, é o exemplo dado pela imprensa internacional.


A situação já levou o CEO Martin Winterkorn a pedir desculpas este domingo, 20 de Setembro. "Lamento profundamente que tenhamos quebrado a confiança dos nossos clientes e do público", afirmou. Winterkorn prometeu ainda "fazer o que for necessário para reverter o dano". A empresa diz estar a cooperar com as investigações.


Uma das primeiras medidas é precisamente suspender a venda nos Estados Unidos dos carros com motores a diesel integrados neste escândalo. Entre eles contam-se o Volkswagen Passat e o Jetta. Todavia, a empresa não faz ideia de quantos veículos ficarão parados nos concessionários após esta decisão.


A Volkswagen vai chamar às oficinas americanas quase meio milhão de veículos produzidos entre 2009 e 2015. As contas da EPA (Agência de Protecção Ambiental) – que ordenou o "recall" – apontam para uma coima de 37.500 dólares para cada veículo. A fabricante arrisca-se assim a pagar 18 mil milhões de dólares (cerca de 16 mil milhões de euros) no total.


Mas o principal impacto negativo, acreditam os analistas, dar-se-á mesmo nos planos de expansão da Volkswagen em território americano bem como na sua reputação. A companhia tem feito esforços para aí reforçar posição, uma vez que se trata do segundo maior mercado automóvel do mundo.


No início de Setembro, recupera o The New York Times, a Volkswagen informou que 23% dos carros novos vendidos em Agosto nos Estados Unidos da América eram a diesel. Tal representou um total de 7.400 carros.


Com esta polémica, abre-se margem para que se discutam assuntos pendentes na fabricante automóvel, nomeadamente a continuidade de Martin Winterkorn como CEO depois dos confrontos este ano com o ex-presidente da empresa, Ferdinand Piëch. O episódio ficou conhecido como uma guerra familiar pela sucessão na empresa.


A própria veracidade do compromisso da Volkswagen com a redução de emissões também fica colocada em causa. Recorde-se que na mais recente edição do Frankfurt Motor Show, a empresa comprometeu-se a apresentar 20 novos modelos híbridos ou totalmente eléctricos até 2020.


Para já, o impacto faz-se já sentir na negociação em bolsa da Volkswagen. As acções da empresa chegaram a cair mais de 20% em Frankfurt. A quebra em valor supera os 15 mil milhões de euros.

Na última semana, a Volkswagen anunciou outras duas operações de "recall" na China e no Brasil.

Peter Mock, responsável por uma associação dedicada ao estudo do ar, teve uma ideia depois de notar discrepâncias nos testes europeus dos modelos diesel Volkswagen Passat e Jetta e BMW X5: replicar esses testes nos Estados Unidos, onde os níveis de emissões permitidos são mais apertados.

Mock e o parceiro John German puseram então mãos à obra, conta a Bloomberg. O objectivo era analisar se as versões americanas dos veículos passariam nos testes de emissão e mostrar aos europeus que o diesel é uma opção "limpa". Tal como a própria Volkswagen tinha vindo a defender ao longo dos últimos anos.

"Não tínhamos nenhum motivo de suspeita. Pensámos que os veículos seriam limpos", afirmou German em entrevista. A sua equipa pediu ajuda à West Virginia University para os testes. Os veículos passaram pelo laboratório, mas foram os resultados na estrada que acabaram por surpreender e despoletar toda esta polémica.

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