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Chama-se Ulta Beauty e é a mais recente aposta de Buffett
Cadeia de cosméticos viu ações dispararem cerca de 15% depois de a Berkshire Hathaway ter tornado pública a sua carteira e a compra de 690 mil ações da companhia, posição avaliada em 266 milhões de dólares.
As ações chegaram a valer 574 dólares no início deste ano, impulsionadas por um período de valorização pós-pandemia em que a preocupação com os cuidados pessoais deram gás ao setor da cosmética, mas vinham numa onda de quedas desde março, aprofundada em maio, depois de a empresa ter revelado que os resultados para o ano iriam ficar abaixo das expectativas.
Apesar de estar pressionada pelo mercado, a Ulta Beauty surge agora como a nova aposta da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, tendo valorizado mais de 15% desde que foi tornada pública, na última quarta-feira, a compra de 690 mil ações da empresa pelo Oráculo de Omaha. A posição estava avaliada em 266 milhões de euros no final de junho.
Seguindo a lógica de "os investidores devem ser gananciosos quando os outros são medrosos", e depois de desinvestir na Apple, Buffett aproveitou o baixo valor por ação da Ulta Beauty para investir na empresa de cosmética.
Segundo o Wall Street Journal, antes da divulgação do investimento da Berkshire Hathaway, as ações da Ulta tinham caído 42% desde a apresentação de resultados de março. No entanto, as expectativas de lucros por ação para o ano fiscal em curso apenas diminuíram cerca de 5% e as expectativas de receitas foram apenas 1,4% inferiores, de acordo com os analistas inquiridos pela FactSet. Números que, segundo o mesmo jornal, não explicavam uma reação tão exagerada dos mercados.
A Ulta Beauty é uma cadeia de retalho de cosmética, fora dos centros comerciais, que vende desde produtos de beleza para o mercado de massas a cosméticos e fragrâncias de luxo
Ainda de acordo com o Wall Street Journal, a Ulta Beauty aumentou o seu volume de negócios a uma taxa de crescimento média composta de 11% nos últimos cinco anos.
Apresenta também um perfil de margens atrativo, em grande parte graças às rendas e aos custos de exploração mais baixos que resultam da sua presença fora dos centros comerciais. As margens de exploração são de cerca de 15% - praticamente o dobro de um conjunto de retalhistas que fazem parte do S&P 500.
A empresa que vende produtos de cosmética tem ainda um balanço saudável, tendo sido um alocador de capital eficaz, de acordo com o jornal norte-americano. A sua rendibilidade do capital investido foi, em média, superior a 26% nos últimos cinco ano
Tem uma gama de produtos bastante diversificada, tanto em termos de gama de preços como de categoria, não sendo tão vulnerável a tendências de beleza pontuais ou a uma alteração das condições económicas.
Apesar disso, o jornal adianta que os riscos detetados pelos investidores podem estar associados ao facto de a expansão da marca ter entrado agora numa fase de declínio.
No final de maio, a própria empresa reconhecia qe tinha perdido quota de mercado numa série de marcas relevantes. Além disso, na década iniciada em 2010 a retalhista acrescentou cerca de 100 lojas por ano, um número que abrandou para 30 a 50 novas aberturas nos últimos anos.
Certo é que a Berkshire Hathaway vê na empresa potencial de crescimento. A participação na Ulta Beauty, avaliada em 266 milhões de dólares, representa uma posição relativamente pequena para a Berkshire Hathaway, mas revela a convicção de Buffett na força do setor do retalho de beleza.