Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque

Caos e desordem no mundo dos vinhos portugueses

Os excedentes, alegadas fraudes, os apoios do Estado e a importação de vinho espanhol são os temas por estes dias de todas as conversas de produtores, viticultores, empresários do setor vinícola e dirigentes associativos. Afinal, o que está em causa no mundo dos vinhos em Portugal? Quem está no meio conhece a realidade, mas não tem todas as respostas.
Augusto Freitas de Sousa 17 de Agosto de 2024 às 11:00

"A produção de vinho não é suficiente para o conjunto do consumo no país e das exportações, e o país necessita importar vinho para compensar a diferença", resume Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, que não tem, contudo, dúvidas que um dos problemas atuais se prende "com o volume de importação, que é superior às necessidades, entrando vinho a um preço inferior aos nossos custos de produção". Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes à última década corroboram o cenário, ao indicarem que em Portugal o consumo e a exportação são superiores ao total produzido em todas as regiões, mas que o país continua a importar mais do que seria necessário. No ano passado o INE concluiu que a produção foi de 754 milhões de litros para um mercado que, entre exportação e consumo, absorveu 1.050 milhões. Essa diferença é compensada com a importação de vinho, a esmagadora maioria espanhol, mas ao longo da última década acima da procura.

 

De Norte a Sul do país, os produtores estão atentos à situação. Para Adrian Bridge, CEO da Fladgate, o eventual excesso de vinho no mercado "advém do facto de o setor continuar a reger-se por leis antiquadas e desajustadas à atualidade". Já Manuel Bio, presidente executivo da Abegoaria dos Frades, salienta que "Portugal tem tido nos últimos cinco anos produções médias e médias altas em quase todas as regiões, sendo que a pandemia agravou muito os ‘stocks’ nos produtores que vendiam quase exclusivamente para a restauração, o que, a par da redução do consumo de vinho tinto às refeições, levou a excedentes graves".

 

Manuel Marques da Cruz, presidente das Caves Santa Marta, garante que a sua empresa "não tem excesso de vinho, pelo contrário, os associados da cooperativa não produzem o suficiente para as necessidades de comercialização, particularmente de vinho de mesa".

Ver comentários
Saber mais Vinhos ViniPortugal INE Fladgate Adrian Bridge Sogevinus Sogrape José de Mello Bruxelas União Europeia Espanha Douro PIB
Outras Notícias
Mais notícias Negócios Premium
+ Negócios Premium
Capa do Jornal
Publicidade
C•Studio