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Portas questiona continuidade de Carlos Costa no Banco de Portugal

Paulo Portas assumiu que só aceitou a recondução de Carlos Costa porque o processo de venda do Novo Banco estava em curso. Agora, diz, "é importante que cada um saiba perguntar-se a si próprio se é parte da solução ou parte do problema".

CDS/PP
12 de Março de 2016 às 16:51
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António Costa pode ter um aliado no caso do Banco de Portugal. Um aliado chamado Paulo Portas. No último discurso, enquanto presidente do CDS-PP, Paulo Portas não disse meias palavras. "Estou à vontade para o dizer. Aceitei a recondução do actual governador apenas e só porque estávamos em plena venda do Novo Banco". Sem venda, que não aconteceu, tendo o processo sido suspenso, "é importante que cada um saiba perguntar-se a si próprio se é parte da solução ou parte do problema". Palavras que vão directas para Carlos Costa, governador do Banco de Portugal.

Paulo Portas tinha já dito, elogiando o papel que o eurodeputado centrista Nuno Melo (que teve papel de destaque na comissão de inquérito parlamentar ao BPN quando era deputado em Portugal), que o "Banco de Portugal continua a falhar". Continua a falhar, disse, na área da supervisão. Na última semana, o administrador do Banco de Portugal com o pelouro da supervisão, António Varela, demitiu-se da instituição. Falha também, disse Portas, na área da venda do Novo Banco. Mas aqui também Carlos Costa tem assumido que o Banco de Portugal não devia ter as competências decorrentes da resolução dos bancos, nomeadamente a de vender as instituições. No actual processo de venda do Novo Banco, o Banco de Portugal contratou Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Obras Públicas, para liderar o processo.

Portas, que considerou a resolução melhor que a nacionalização (uma frase que acaba por ser uma crítica ao governo socialista que em 2008 optou pela nacionalização do BPN, mas também o PCP que actualmente propõe a nacionalização do Novo Banco, tendo o PS admitido estudar todas as soluções), salientou que "o Banco de Portugal não tem conseguido instalar competências e capacidades transaccionais que o habilitem a vender bem, que é uma das suas tarefas recentes. E continua a ter falhas significativas na área da supervisão".

Nesta análise ao sistema financeiro, Portas falou ainda da hipótese de espanholização do sistema financeiro, lembrando que o "ajustamento português não teve verba para reestruturar o sistema financeiro e bem sabemos que visto de Frankfurt [onde está o BCE] e Bruxelas há a convicção que a Europa tem bancos a mais e a Península Ibérica é uma unidade de mercado, e como tal bancos portugueses devem agregar-se". Mas, acrescentou Portas, "porque conheço necessidade financiamento das empresas portuguesas, sobretudo as que investem e se internacionalizam, sei que há diferença nas análises de crédito e risco em Portugal e Espanha, peço a todos que tenham, na medida do possível, sentido estratégico na reestruturação do sistema financeiro". É que, disse, "seria indesejável que ficássemos com um sistema financeiro que se dividisse entre Espanha por um lado e a Caixa Geral de Depósitos por outro". E aqui puxou dos galões para lembrar que sempre defendeu a manutenção da Caixa na esfera pública.

Ainda na semana passada, Carlos Costa, em entrevista ao Expresso, frisou a necessidade dos bancos portugueses terem accionistas estrangeiros. E nessa mesma entrevista assumiu não ficar preocupado se o sistema financeiro for dominado por bancos espanhóis. "A questão que me preocupa é o financiamento à economia". E Santander, La Caixa ou BBVA dão essa garantia? "Sobre o BBVA não me posso pronunciar, não está presente no mercado português, ou está residualmente. O La Caixa tem sido um parceiro importante no BPI e eu espero que continue a ser importante, dada a importância que o BPI tem no sistema financeiro português". Com esta declaração, Carlos Costa abre novo tema de conversa. O BPI e as negociações entre Caixabank e Isabel dos Santos. "Acho que há interesse em que um accionista de referência se mantenha em Portugal, os bancos portugueses precisam de accionistas estrangeiros".

No seu último discurso, a 12 de Março de 2016, Portas fez o diagnóstico, dizendo que o problema de Portugal é não ter grupos portugueses suficientemente fortes e robustos para se candidatarem e ganharem privatizações. "É uma herança de um outro 11 de Março e de um Processo Revolucionário em Curso que Portugal teve e os espanhóis não". Esse é o problema, disse, e não o que "os arautos da gerigonça" pensam que é ter capitalismo a mais.
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