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Mendes critica Portas: saída do governador é "solução errada para causa justa"

"Paulo Portas tem uma causa justa e uma solução errada." Marques Mendes critica a defesa da saída de Carlos Costa do Banco de Portugal pelo antigo líder do CDS-PP. Mas compreende as suas razões: combater a espanholização da banca portuguesa.

Negócios 14 de Março de 2016 às 11:33
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O comentador da SIC, Luís Marques Mendes, criticou este domingo, 13 de Março, os apelos de Paulo Portas à saída de Carlos Costa da liderança do Banco de Portugal feitos pelo antigo vice-primeiro-ministro no discurso de despedida como presidente do CDS-PP.

 

"Paulo Portas tem uma causa justa e uma solução errada", resumiu o também conselheiro de Estado do Presidente da República. Para Marques Mendes, a posição do antigo líder centrista deve-se à sua preocupação de "combater uma certa espanholização da banca" portuguesa, por achar que "há uma orientação do Banco Central Europeu (BCE)" nesse sentido.

 

O comentador considera que Portas "até pode ter alguma razão". Segundo o Expresso, o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pretende travar o crescente peso dos bancos espanhóis em Portugal. No entanto, Marques Mendes considera que não é com a ideia do "tira-se o governador" que se resolve o problema, porque "a ideia da espanholização da banca não é do Banco de Portugal mas do BCE".

 

Para o conselheiro de Estado, o apelo à demissão até pode ser a forma "mais 'sexy'" de colocar a questão. No entanto, na sua opinião, "o correcto é os órgãos de soberania – o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo –, articulados com Banco de Portugal, combaterem esse ideia, se é que ela existe" da espanholização da banca portuguesa promovida pelo BCE.

 

Marques Mendes aponta ainda alguns problemas políticos às afirmações de Paulo Portas. Por um lado, considera que representam "uma certa deselegância" para com a sua sucessora na liderança do CDS, Assunção Cristas. Isto porque "o tema mais forte do congresso" de eleição da nova presidente foi "lançado pelo líder que sai e não pelo que entra". Daí que Cristas tenha respondido demarcando-se do antecessor, "dizendo que não é um problema de pessoas mas da forma de nomear o governador".

 

Mas para o comentador da SIC, a posição de Portas apresenta ainda um "problema de coerência", já que, "há menos de um ano, aprovou a recondução" de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal, quando era número dois do primeiro-ministro Passos Coelho.

 

O antigo presidente do CDS-PP aproveitou o seu discurso de despedida da liderança, no congresso do partido que decorreu este fim-de-semana em Gondomar, para sugerir a Carlos Costa que se demita.

 

"Aceitei a recondução do actual governador apenas e só porque estávamos em plena venda do Novo Banco". Falhado este processo, "é importante que cada um saiba perguntar-se a si próprio se é parte da solução ou parte do problema", defendeu Portas no sábado, 12 de Março.

 

No dia seguinte, no primeiro discurso como líder do CDS-PP, Assunção Cristas não subscreveu o apelo do seu antecessor. Mas defendeu a necessidade de "mudar o sistema de designação do governador", uma vez que "o modelo tem mostrado deficiências. Todos estamos cansados de ver bancos a cair e a regulação a lamentar de não ter conseguido evitar". 
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