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Yellen: "O cenário de aumento da taxa de juro reforçou-se nos últimos meses"

A presidente da Reserva Federal dos EUA, na sua intervenção em Jackson Hole, reconhece que a melhoria do mercado de trabalho, da actividade económica e da inflação nos EUA dão força a um cenário de subida de juros. Mas diz que é preciso esperar por mais dados.

8. Janet Yellen, presidente da Reserva Federal dos EUA
Bloomberg
26 de Agosto de 2016 às 15:12
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Primeiro foi Robert Kaplan, da Fed de Dallas, depois William Dudley, da Fed de Nova Iorque, Stanley Fischer, vice-presidente da Fed, Esther George, da Fed de Kansas City, e James Bullard, da Fed de St. Louis. Agora, foi a vez de Janet Yellen, presidente da Reserva Federal dos EUA, defender que há mais argumentos para subir a taxa de referência, actualmente entre 0,25% e 0,50%. No seu discurso no Simpósio de Jackson Hole, a responsável fez questão de salientar, no entanto, que os dados têm de confirmar as estimativas do banco central.

"De facto, à luz do desempenho sólido e contínuo do mercado laboral e da nossa previsão para a actividade económica e para a inflação, acredito que o cenário de um aumento na taxa de referência reforçou-se nos últimos meses", disse Janet Yellen esta sexta-feira, 26 de Agosto, no encontro em Jackson Hole, nos EUA. Até porque, explicou a presidente da instituição monetária, "a economia dos EUA está, agora, a aproximar-se dos objectivos estatutários da Fed de pleno emprego e estabilidade dos preços".

A menos de um mês da próxima reunião de política monetária da Fed, Janet Yellen é já a sexta responsável do banco central a apontar para uma subida dos juros no curto prazo. E tal como alguns dos seus colegas da instituição monetária, fez questão de salientar que "a decisão dependerá sempre do grau em que esses dados continuem a confirmar as previsões do comité" de política monetária.

As declarações de Janet Yellen não foram uma surpresa, até porque os mercados aguardavam para saber se a responsável reforçaria a posição dos seus colegas, ou colocaria um ponto final nas expectativas de curto prazo. A verdade é que o apoio da presidente da Fed, ao cenário de subida dos juros nos próximos vezes, foi apenas circunstancial. No entanto, sublinha o crescendo da retórica a favor da segunda subida dos juros nos EUA em dez anos.

Confirmada acabou também por ser a expectativa de que Janet Yellen não centraria o seu discurso na subida dos juros. O assunto ficou arrumado logo nos três primeiros parágrafos, deixando os restantes 25 para o tema que escolhera como principal: a reflexão sobre o passado, o presente e o futuro das ferramentas monetárias da Fed. E a verdade é que focou importantes tópicos para política monetária nos EUA.

Primeiro, admitiu que, "actualmente, há pouca margem para cortar a taxa de juro de referência". "Mas isso não significa que a Fed seria incapaz de fornecer uma flexibilização significativa, caso a expansão [económica] abrande no curto prazo", salientou, até porque poderia voltar a cortar os juros e a relançar as compras de activos. O efeito, no entanto, seria inferior ao registado no passado, até porque a política é já muito acomodatícia.

Quanto ao futuro, aponta que poderá haver a opção de "considerar algumas ferramentas adicionais, que foram aplicadas por outros bancos centrais". Mas alertou que "adicioná-las ao nosso arsenal iria querer uma análise muito cuidadosa dos custos e dos benefícios e, em alguns casos, legislação". E exemplificou que poderia estar em cima da mesa, no futuro, a compra de outros activos e uma revisão em alta do objectivo da Fed para a inflação.

Mas apontou também o dedo à política orçamental que, destacou, "tem tradicionalmente desempenhado um papel importante na gestão de severas recessões económicas". Tal como na Zona Euro, este reconhecimento não veio sem o aviso de que "seria importante assegurar que quaisquer alterações à política orçamental não comprometam a sustentabilidade orçamental no longo prazo".

Por fim, reconheceu aquele que é um dos problemas comuns às economias desenvolvidas: a fraca produtividade. "Um crescimento mais forte da produtividade tenderá a fazer subir o nível médio das taxas de juro e, por isso, daria à Fed uma maior margem para flexibilizar a política monetária em caso de recessão", explicou Janet Yellen.

Neste sentido, concluiu, as hipóteses poderiam ser "a melhoria do sistema educacional e um maior investimento no treino de trabalhadores, a promoção do investimento em capital e dos gastos em investigação públicos, tanto públicos como privados, bem como a procura por soluções para reduzir os fardos regulatórios".


(Notícia actualizada às 16:10, com mais informação)
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