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Panama Papers: rede global de fuga ao fisco e corrupção expõe líderes mundiais (act)

Uma fuga de informação de grande dimensão revela esquemas de fuga fiscal, através de "offshores", utilizados por chefes de Estado e celebridades, que vão desde Vladimir Putin a Lionel Messi. A fuga veio do Panamá.

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03 de Abril de 2016 às 20:22
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O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ na versão inglesa) - que inclui o Expresso em Portugal, que divulgou este domingo, 3 de Abril, em exclusivo, dados sobre o caso - investigou durante um ano um esquema global de ocultação de património e dinheiro por parte de líderes mundiais, chefes de Estado e figuras públicas. A fuga tem origem no Panamá, a partir de uma discreta sociedade de advogados: Mossack Fonseca.

Os nomes e os cargos que aparecem em cerca de 11,5 milhões de ficheiros são mais ou menos notáveis e estão mais ou menos implicados: Vladimir Putin, presidente russo; Xi Jinping, presidente da China; Petro Poroshenko, presidente ucraniano; os reis Mohammed VI e Salman, de Marrocos e Arábia Saudita, respectivamente; Sigmundur Gunnlaugsson, primeiro-ministro islandês; o pai do primeiro-ministro britânico, David Cameron, vários altos membros da FIFA; Lionel Messi e o seu pai; Jackie Chan, o popular actor de Hollywood. Mas a lista é extensa e antiga, remontando a 1977 e incluindo palavras históricas com o "Watergate".

Os números dão a dimensão do tipo de rede global de fuga ao controlo das autoridades com base em esquemas montados em paraísos fiscais: os documentos incluem transacções financeiras secretas de 140 políticos em todo o mundo; foram detectadas 33 figuras que integram a lista negra da Casa Branca, nos Estados Unidos, suspeitas de serem patrões de droga mexicanos, terroristas ou ligados a países como Coreia do Norte e Irão; os dados indicam a criação por grandes bancos - como UBS e HSBC - de mais de 15.000 empresas fictícias para esconder as fortunas de clientes; a sociedade responsável pela fuga tinha dados de mais de 200.000 entidades "offshore" que serviam de cobertura às finanças de centenas de pessoas em mais de 200 países. 

A movimentação ilegal de dinheiro através de sociedades "offshore" escondem esquemas de branqueamento de capitais, corrupção política, proveitos de crimes de sangue, droga, terrorismo, fuga ao fisco, de acordo com a investigação feita por 370 jornalistas de 76 países. Em Portugal, o Expresso revelou este domingo as primeiras informações sobre esta fuga fiscal gigante e está também a investigar casos relacionados com Portugal

Próximos de Putin desviaram 2 mil milhões

 

De acordo com o Guardian, a rede secreta de "offshores" ligadas a Putin serviu para pessoas próximas do presidente russo desviarem fundos no valor de mais de 2 mil milhões de dólares. O artigo do jornal britânico foca-se no presidente russo, que nunca é citado directamente nos documentos divulgados.

 

Contudo, envolve várias pessoas próximas do actual presidente russo, que criaram grandes fortunas nos últimos anos. Dinheiro que foi ganho à custa do apoio de Putin e desviado através de bancos e empresas fantasma.  

 

Os documentos fazem ligações a diversos chefes de Estado, actuais e antigos, incluindo ditadores acusados de saquear os seus próprios países. O presidente da UEFA, Michel Platini; a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón; e o cineasta espanhol Pedro Almodóvar também constarão da lista.

 

Segundo o ICIJ, os ficheiros contêm novos detalhes sobre diversos escândalos, desde o roubo de ouro no Reino Unido aos casos de lavagem de dinheiro e corrupção no Brasil e na FIFA. De acordo com a mesma fonte, o UBS e o HSBC foram dois dos bancos que ajudaram os seus clientes a esconder dinheiro nestas "offshore".

 

Os ficheiros foram obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung através de uma fonte anónima. Os meios de comunicação que colaboram neste consórcio ICIJ – entre os quais figuram o Expresso e a TVI – classificam esta como a maior fuga de informação de sempre, superando o Wikileaks. São 11,5 milhões de documentos e 2,6 terabytes de informação.

  

De acordo com o Expresso, o ICIJ divulgará a lista completa das empresas e pessoas a elas ligadas no início de Maio. Os dados incluem emails, relatórios financeiros, passaportes e registos empresariais que revelam os titulares secretos de contas bancárias e empresas em 21 jurisdições offshore.

Um vídeo do ICIJ mostra mais detalhes do Panama Papers



A empresa do panamá Mossack Fonseca A Mossack Fonseca, que está no epicentro deste caso, é uma firma de serviços jurídicos sedeada no Panamá que é especialista em incorporar empresas em regimes "offshore". É a quarta maior do mundo nesta actividade. Emprega cerca de 600 pessoas e está presente em 42 países. 

A companhia, segundo a Lusa, já negou à agência espanhola Efe qualquer vinculação a delitos que possam ter cometido centenas de milhares de clientes. Ramón Fonseca Mora, sócio da empresa, disse que a companhia tem 40 anos de actividade legal e que criou 240 mil estruturas jurídicas, sem ter sido acusada ou condenada por qualquer crime.

Segundo a imprensa, a empresa comunicou aos seus clientes que foi alvo de um ataque informático e que os seus dados poderão ter sido afectados.

A lista
Quem está envolvido no Panama Papers

CHEFES DE ESTADO

Mauricio Macri, Presidente da Argentina

 

Bidzina Ivanishvili, ex-primeiro-ministro da  Georgia

 

Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, primeiro-ministro da Islândia

 

Ayad Allawi, ex-primeiro-ministro do Iraque

 

Ali Abu al-Ragheb, ex-primeiro-ministro da Jordânia

 

Hamad bin Jassim bin Jaber Al Thani , Antigo primeiro-ministro do Qatar

 

Hamad bin Khalifa Al Thani, ex-emir do Qatar

 

Salman bin Abdulaziz bin Abdulrahman Al Saud, Rei da Arábia Saudita

 

Ahmad Ali al-Mirghani, ex-presidente do Sudão

 

Khalifa bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, Presidente dos Emirados Árabes Unidos

 

Pavlo Lazarenko, ex-primeiro-ministro da Ucrânia

 

Petro Poroshenko, Presidente da Ucrânia


PESSOAS COM LIGAÇÕES A CHEFES DE ESTADO

Família do primeiro-ministro do Azerbeijão, Ilham Aliyev

 

Li Xiaolin, filha do primeiro-ministro chinês, Li Peng

 

Arkady e Boris Rotenberg, amigos de infância do presidente russo, Vladimir Putin

 

Sergey Roldugin, amigo do presidente russo, Vladimir Putin

 

Rami e Hafez Makhlouf, primos do presidente da Síria, Bashar Assad

 

Ian Cameron, pai do primeiro-ministro britânico, David Cameron

 

Alaa Mubarak, filho do antigo president do Egipto

 

Mounir Majidi, secretário pessoal do rei de Marrocos, Mohammed VI

 

Mariam Safdar, Hasan e Hussain Nawaz Sharif, filhos do primeiro-ministro do Paquistão

 

John Addo Kufuor, filho do ex-presidente de Gana

 

Mohd Nazifuddin bin Mohd Najib, filho do primeiro ministro da Malásia

 

Daniel Muñoz, assessor dos ex-presidentes argentinos Kirchner

 

Juan Armando Hinojosa, "empreiteiro favorito" do presidente do México, Enrique Peña Nieto

 

Pilar de Borbón, irmã do rei da Espanha, Juan Carlos

 

Clive Khulubuse Zuma,  sobrinho do presidente sul-africano, Jacob Zuma

 

Mamadie Touré, viúva do ex-ditador da Guiné, Lansana Conte

(notícia actualizada às 00:10 com mais informação)

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