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Perguntas e respostas para não andar aos "papéis" no caso Panamá

Conheça os dados-chave da investigação jornalística a este esquema de evasão fiscal e corrupção à escala global, baseado na maior fuga de informação de sempre.

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04 de Abril de 2016 às 17:00
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O que são os "Papéis do Panamá"?

Só começaram a ser divulgados na noite de domingo, 3 de Abril, mas os "Papéis do Panamá" ("Panama Papers" em inglês) já são apontados como a maior investigação jornalística da história, envolvendo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington. Resultado de uma fuga de informação, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em "offshores" e paraísos fiscais para centenas de personalidades mundiais administrarem o seu património.

 
Que quantidade de dados foi interceptada?
Mais de 11,5 milhões de documentos e 2,6 terabytes de informação secreta foram retirados da base de dados interna da empresa Mossack Fonseca, com sede no Panamá e especializada na gestão de capitais e de património, respeitantes a quase quatro décadas de actividade desta sociedade. É o maior caso de fuga de dados, maior do que os telegramas diplomáticos dos Estados Unidos lançados pelo WikiLeaks em 2010 e também do que os documentos de serviços secretos facultados em 2013 por Edward Snowden.

 

Quem está a divulgar a informação?

Os documentos que envolvem mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200 países e territórios foram obtidos pelo jornal alemão Sueddeutsche Zeitung, que os partilhou com o consórcio internacional de jornalistas. Deu assim origem a uma investigação que envolveu mais de 370 jornalistas de 76 países, incluindo os órgãos de comunicação social portugueses, Expresso e TVI.

Quantos nomes estão envolvidos?

Os dados já revelados apontam para o envolvimento de 140 políticos e autoridades públicas em esquemas montados em paraísos fiscais, mas a lista completa das empresas e nomes envolvidos só deverá ser divulgada em Maio. Os nomes incluem ainda 12 antigos e actuais líderes mundiais, entre eles Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, primeiro-ministro da Islândia, o primeiro-ministro do Paquistão, o Presidente da Ucrânia e o Rei da Arábia Saudita. E há pelo menos 33 pessoas ou entidades que constam da "lista negra" dos Estados Unidos, devido ao seu envolvimento em negócios com os barões da droga mexicanos, organizações terroristas como o Hezbollah ou países como a Coreia do Norte e o Irão.


E não há nenhum português abrangido?

Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira é o único português envolvido até este momento. É CEO do Lusitania Group, constituído por 14 companhias sedeadas nas Ilhas Virgens Britânicas e criadas entre 2003 e 2011. Apesar de pouco conhecido em Portugal, está a ser investigado no âmbito da operação Lavo Jato por ter transferido 10 milhões de dólares para uma conta suíça de um lobista do partido PMBD, que terá depois transferido 1,5 milhões de dólares para o presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo Cunha. O Expresso, que integra o consórcio de jornalistas, já revelou que há mais portugueses na lista.

O que faz e quem gere a Mossack Fonseca?
É um escritório de advogados com sede no Panamá e operações em 42 países, cujos serviços incluem a administração de património e a incorporação de empresas em jurisdições "offshore", como as Ilhas Virgens Britânicas. É o quarto maior fornecedor mundial de serviços offshore, conta com 600 colaboradores e trabalha actualmente para mais de 300 mil empresas. A Mossack Fonseca resultou em 1986 da fusão dos pequenos negócios do alemão Jürgen Mossack, filho de um operacional nazi, e de Ramón Fonseca Mora, que até Março foi ministro conselheiro do Presidente da República, Juan Carlos Varela. E que já salvaguardou que não pode ser responsabilizada pelas actividades dos seus clientes.

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