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Mossack Fonseca rejeita culpas por crimes dos clientes
A sociedade administradora de empresas "offshore" que está no centro de um escândalo de corrupção a nível global diz que está a ser vítima de uma "campanha internacional contra a privacidade".
O director da Mossack Fonseca reclamou que a "grande maioria" das mais de 240 mil empresas criadas por esta sociedade de advocacia especializada em paraísos fiscais foi usada para "propósitos legítimos", lamentando a divulgação de informação sobre os seus clientes, que já foram todos notificados deste problema.
"Acreditamos que há uma campanha internacional contra a privacidade. A privacidade é um direito humano sagrado, mas há pessoas no mundo que não percebem isso. Nós acreditamos decididamente na privacidade e vamos continuar a trabalhar para que a privacidade legal possa funcionar", disse Ramon Fonseca à agência Reuters.
O co-fundador da empresa, que é conselheiro do presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, salvaguardou ainda que não pode ser responsabilizada pelas actividades dos seus clientes, detalhando que se dedicam a construir "estruturas legais para vender a intermediários", como bancos ou escritórios de advogados, e que "eles têm os seus clientes finais que não [conhece]".
Também num extenso comunicado publicado pelo The Guardian, a empresa com sede no Panamá que administra empresas "offshore" e faz gestão de fortunas reclamou que "legalmente e na prática é limitada a [sua] capacidade para regular o uso das empresas que incorpora e a que presta outros serviços".
"Não estamos envolvidos na gestão das empresas dos nossos clientes. Excluindo os pagamentos profissionais que nos são feitos, nós não tomamos posse ou temos o dinheiro dos clientes sob custódia, nem temos nada a ver com os aspectos financeiros directos relacionados com a operação destes negócios", lê-se no comunicado assinado pelo director de relações públicas, Carlos Sousa.
Rejeitando responder a temas particulares com o argumento de que estaria a violar as suas obrigações legais e políticas de confidencialidade, a empresa que está no centro de um esquema de corrupção à escala global e que envolve centenas de políticos e outras personalidades mundiais, deixou também a garantia de cumprimento dos protocolos internacionais para assegurar que "as empresas que [incorpora] não estão a ser usadas para evasão fiscal, lavagem de dinheiro, financiamento de terrorismo ou outros propósitos ilícitos".