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Sócios da Mossack Fonseca detidos no Panamá pelo caso Lava Jato

A empresa, especializada na criação de sociedades "offshore", actuou alegadamente como uma organização criminosa dedicada a ocultar activos de origem suspeita dentro do caso "Lava Jato", segundo a investigação.

Reuters
10 de Fevereiro de 2017 às 12:14
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Os dois sócios principais da Mossack Fonseca, epicentro do escândalo dos Papéis do Panamá, foram detidos na quinta-feira, horas depois de as autoridades panamianas os terem acusado por alegado envolvimento no "Lava Jato", o maior caso de corrupção do Brasil.

Ramón Fonseca Mora (na foto), antigo ministro conselheiro do Presidente panamiano, Juan Carlos Varela, e Jürgen Mossack, foram transportados desde a sede do Ministério Público (MP) para os calabouços da polícia, na capital, para continuarem hoje um interrogatório iniciado na quinta-feira, informou o seu advogado de defesa, Elías Solano.

Ambos deslocaram-se horas antes aos escritórios do MP para serem ouvidos sobre crimes relacionados com o processo "Lava Jato".

Solano disse aos jornalistas, à porta da Direção de Investigação Judicial da polícia, que os seus clientes iriam passar ali a noite, mas que não impendia sobre eles nenhuma medida cautelar porque a "diligência ainda não terminou".

A empresa, especializada na criação de sociedades "offshore", actuou alegadamente como uma organização criminosa dedicada a ocultar activos de origem suspeita dentro do caso "Lava Jato", segundo uma investigação revelada esta quinta-feira pela procuradora-geral do Panamá, Kenia Porcell.

Segundo Porcell, o despacho de advogados dava instruções à sua "encarregada" no Brasil para "ocultar documentos e eliminar provas", e fazer com que dinheiro proveniente de subornos regressasse "lavado ou branqueado ao Panamá".

A procuradora também disse que a formulação de acusações é fruto de uma investigação que durou cerca de um ano e que se fez em conjunto com as procuradorias-gerais de outros países, incluindo o Brasil, Suíça e Estados Unidos.

O advogado dos sócios Mossack e Fonseca disse na quinta-feira que se trata de "acusações forçadas, carentes de provas" e que era "triste" que o Ministério Público baseasse uma acusação com "cópias simples, extraídas da Internet, supostamente procedentes do estrangeiro, mas sem cumprir os requisitos mínimos".

Os escritórios da empresa Mossack Fonseca, que está a ser investigada pelos designados Papéis do Panamá, foram alvos de buscas na quinta-feira, pouco antes de Fonseca Mora e Mossack se apresentarem perante o Ministério Público.

Antes de ir depor, Fonseca Mora acusou o Presidente do Panamá de ter recebido "doações" da multinacional brasileira Odebrecht, envolta num mega escândalo de subornos em vários países da América Latina, algo que Juan Carlos Varela negou em conferência de imprensa.

Também criticou o Ministério Público por alegadamente o usar como "bode expiatório", enquanto abundam as críticas pela lentidão de cerca de duas dezenas de investigações por corrupção.

"Lava Jato" é o nome usado no Brasil para designar a operação que investiga os desvios de dinheiro que durante décadas ocorreram no seio da petrolífera estatal brasileira Petrobras e que envolvem a construtora Odebrecht, além de dezenas de empresários e políticos do país.

A Odebrecht, por sua vez, pagou 788 milhões de dólares (739 milhões de euros) em subornos em 12 países da América Latina e África, dos quais 59 milhões (55,3 milhões de euros) foram parar ao Panamá durante a Administração de Ricardo Martinelli (2009-2014), de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

A revelação dos papéis do Panamá, a fuga massiva de documentos de 40 anos da atividade de Mossack Fonseca, expôs milhões de empresas 'offshore' que levantaram suspeitas sobre evasão fiscal e branqueamento de capitais e envolveram personalidades de todo o mundo.

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