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Portugal garante um dos maiores excedentes sem juros da Zona Euro
O Estado gastou 8,3 mil milhões de euros em juros e conseguiu um défice de 2,1% do PIB. Isto significa que, sem os juros, regista um excedente orçamental de 2,2% do PIB, um dos maiores valores de toda a Zona Euro.
O menor défice orçamental da democracia, 2,1% confirmado esta sexta-feira pelo INE, serviu para garantir ao país um excedente sem juros de 2,2% do PIB, o que é um dos valores mais elevados de toda a Zona Euro. Considerando as últimas previsões da Comissão Europeia, deverá ser superado apenas pela Grécia e Chipre. Os mercados e os investidores gostarão desta marca; já o PCP e o Bloco de Esquerda verão aqui mais um sinal de que a dívida pública deve ser reestruturada.
No ano passado, os juros pagos pelo Estado ascenderam 8.297 milhões de euros, revelou o INE, um aumento de 6% face a 2015. Sem esta despesa, em vez de um défice orçamental de 3.018 milhões de euros (2,06% do PIB), Portugal regista um superavit de 4.028.7 milhões de euros, que corresponde a 2,18% do PIB.
O excedente primário é um dos principais indicadores de esforço orçamental considerado nas análises feitas por instituições internacionais e investidores e poderá ser apresentado pelo Governo com um sinal do seu empenho na consolidação orçamental.
Ao mesmo tempo é também um dos números que mais desconforto pode criar nas relações entre o PS e os dois partidos à sua esquerda que suportam o Governo e que consideram que este excedente é sinónimo de menos serviços públicos. PCP e Bloco de Esquerda defendem por isso mesmo a necessidade de uma reestruturação da dívida pública, que ascendeu a 241 mil milhões de euros no ano passado.
Dívida volta a superar 130% do PIB
O INE notificou Bruxelas de uma dívida pública de 130,4% do PIB, superando novamente a barreira dos 130% do PIB, depois de ter tocado nos 129% do PIB em 2015.
O valor supera todas as previsões anteriores do Governo, que oscilaram significativamente ao longo do último ano: 127,7% do PIB no orçamento inicial apresentado em Outubro de 2015, 124,8% inscritos na notificação de défice a Bruxelas de Setembro de 2016, e os 129,7% do PIB inscritos no Orçamento do Estado de 2017, apresentado em Outubro último. Em Fevereiro, a Comissão Europeia apontou para 130,5% do PIB.
O governo justifica parte do aumento do endividamento com a acumulação de 2,7 mil milhões de euros de dívida para recapitalizar a CGD, que serão gastos apenas este ano, e que acrescentaram à dívida bruta cerca de 1,5% do PIB. Sem esse montante, a dívida estabilizaria nos 129% do PIB.