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Défice sobe mas a culpa é dos reembolsos, diz o Governo
Nos primeiros seis meses do ano, o défice das administrações públicas ascendeu a 3.075 milhões de euros, mais 264 milhões que em 2016. O Governo garante que este é o resultado de mais reembolsos de IRS e IVA, um efeito que se desvanecerá.
"O défice das Administrações Públicas (AP) durante este período foi de 3.075 milhões de euros, aumentando 264 milhões de euros face a 2016", o que reflecte um "aumento da receita de 1,0% e da despesa de 1,6%", avançou o Ministério das Finanças, numa nota enviada à imprensa, na qual se quantifica também que o "excedente primário [sem juros] ascendeu a 2.018 milhões de euros".
"No primeiro semestre os reembolsos de IRS foram superiores em 1.114 milhões de euros face a igual período do ano anterior, representando um aumento de 84%, justificado pela aceleração no seu processamento. No IVA, os reembolsos aumentaram 403 milhões de euros na sequência da redução do prazo médio de reembolso o qual, no regime mensal, passou de 26 para 20 dias desde o início de 2017", acrescenta o ministério das Finanças.
Sem o efeito dos reembolsos, a receita bruta de impostos está a ter um desempenho até acima do previsto no Orçamento do Estado: "A receita fiscal cresceu 6,3% no primeiro semestre de 2017, excluindo a aceleração dos reembolsos, um valor consideravelmente acima dos 3% previstos em sede de Orçamento do Estado para 2017. A receita bruta de IVA cresceu 6,5%. As contribuições para a Segurança Social cresceram 5,8%".
Despesa avança 1,5%
Do lado da despesa, o gabinete de Mário Centeno dá ainda conta de um aumento limitado da despesa – 1,5%, quando excluídos os juros – isto já incluindo uma subida de 20% no investimento público que bateu no fundo no ano anterior. A despesa com pessoal, outras das principais rúbricas dos gastos, aumentou 0,3%, puxada pelos salários de profissionais de saúde e educação.
"A despesa primária das Administrações Públicas apresentou um crescimento de 1,5%, incorporando um aumento muito expressivo de 20,4% do investimento", lê-se na mesma nota, onde se evidencia ainda que "a despesa com pessoal aumentou 0,3%, mantendo a desaceleração que vem evidenciando ao longo dos últimos dois meses" e reflectindo "a prioridade no investimento em recursos humanos nas áreas da saúde e educação".
Por fim, a síntese destaca uma redução dos stocks de dívida a fornecedores nos primeiros seis meses: "A dívida não financeira nas AP – despesa sem o correspondente pagamento, incluindo pagamentos em atraso – reduziu-se em 331 milhões de euros em termos homólogos, com o stock de pagamentos em atraso a recuar 73 milhões", lê-se no documento.