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Bruxelas não libertará mais dinheiro se Atenas não aplicar reformas acordadas

A Grécia não receberá mais dinheiro do resgate grego se as autoridades não implementarem as medidas acordadas com a troika. Fontes europeias acusam Atenas de só ter aplicado duas das 15 medidas com que se comprometeu.

Reuters
05 de Setembro de 2016 às 16:31
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De cada vez que se aproxima um momento de desembolso de dinheiro para a Grécia reacende-se a divergência entre os parceiros da troika e as autoridades helénicas, acusadas de não aplicarem as medidas definidas no âmbito do programa de assistência financeiro delineado no Verão do ano passado.

 

De acordo com uma notícia avançada esta segunda-feira, 5 de Setembro, pelo jornal alemão de economia Handelsblatt, citada pela agência Reuters, os responsáveis da Zona Euro não vão dar luz verde a novo desembolso de dinheiro para a Grécia durante o encontro marcado para esta sexta-feira, em Bratislava.

 

O Handelsblatt cita fontes diplomáticas não identificadas que garantem existir descontentamento de Bruxelas relativamente à não prossecução, por parte de Atenas, das políticas acordadas há um ano com a troika e que viabilizou o terceiro resgate à Grécia no espaço de cinco anos. Até ao momento, referem essas fontes, Atenas implementou apenas duas das 15 reformas estruturais acordadas com a troika.

 

Com mais de meio ano de atraso face à data inicialmente estipulada, no final de Maio passado os ministros das Finanças da Zona Euro libertaram finalmente a segunda tranche do resgate concedido pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e que pode ascender até aos 86 mil milhões de euros ao cabo de três anos.

 

Após uma longa disputa, foram então desbloqueados 10,3 mil milhões de euros – valor próximo dos 11 mil milhões previstos – com a libertação inicial, logo em Junho, de uma primeira parcela de 7,5 mil milhões de euros, ficando então definido que a parte restante seria transferida depois do Verão.

 

Ora, segundo o Handelsblatt é esta parte remanescente que está agora em causa e que, a confirmar-se a notícia avançada pelo jornal germânico, não deverá ser libertada durante o encontro do Eurogrupo na capital da Eslováquia.

 

E se, na semana passada, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, salientou como factor positivo as mais recentes privatizações feitas pelo Governo liderado por Alexis Tsipras, o Handelsblatt escreve agora que os responsáveis europeus estão insatisfeitos com o facto de o processo estar a decorrer muito lentamente. Em causa estará a demora na criação do propalado fundo de privatizações.

 

Assim, os diplomatas citados pelo Handelsblatt pretendem discutir o progresso do resgate grego em Bratislava, ficando o desembolso de novos fundos para mais tarde. Para mais tarde, mas possivelmente antes da conclusão do programa, prevista para 2018, mantém-se também a discussão sobre o alívio da dívida pública helénica, cuja necessidade o FMI considera ser "incondicional".

 

Klaus Regling, o alemão que preside ao MEE, afirmou recentemente que se as autoridades gregas adoptarem as reformas estruturais ainda pendentes que foram acordadas com os seus parceiros, poderá beneficiar "muito em breve" de medidas que assegurem o alívio do fardo da dívida no curto prazo.

 

Ao contrário do inicialmente avançado, o FMI continua a não participar financeiramente neste terceiro resgate concedido a Atenas. Como reiterou Lagarde na semana passada, o Fundo mantém que não integra este resgate porque "o programa tem de andar com duas pernas. Primeiro, têm de ser feitas reformas significativas e, em segundo [lugar], tem de haver uma dívida [pública grega] que seja sustentável de acordo com os nossos critérios e, segundo os nossos cálculos, nesta altura não é esse o caso", insistiu Christine Lagarde.

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