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Mais austeridade na Grécia leva Nova Democracia a ganhar terreno ao Syriza

No dia em que o Governo grego apresentou uma proposta de Orçamento para 2017 que contempla 3,3 mil milhões de euros de austeridade adiconal, uma sondagem colocava o Nova Democracia com uma vantagem superior a 12 pontos face ao partido de Tsipras.

Em Janeiro de 2015, a esquerda radical chega ao berço da Europa, quando o Syriza, liderado pelo jovem Alexis Tsipras vence as eleições legislativas. A Grécia fica à beira da expulsão efectiva do Euro, mas um recuo em toda a linha do governo grego mantém o país na moeda única.
Reuters
04 de Outubro de 2016 às 13:49
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Perspectiva-se mais uma enorme dose de austeridade na Grécia. O esboço orçamental para 2017 entregue pelo Governo grego na passada segunda-feira no Parlamento nacional prevê a adopção de políticas de austeridade que totalizam 3,3 mil milhões de euros, sendo que 2,5 mil milhões resultam directamente de aumentos da carga fiscal.

 

Além da subida de impostos, o novo pacote de austeridade inclui aumentos das contribuições para a Segurança Social e cortes nas pensões. Segundo adianta o diário helénico Kathimerini, o essencial do aumento da carga fiscal decorre de subidas nos impostos indirectos (1,46 mil milhões de euros), em especial no combustível, tabaco, café e televisão paga.

 

Esta primeira proposta orçamental apresentada pelo Ministério tutelado por Euclides Tsakalotos prevê ainda uma nova diminuição do complemento pago aos pensionistas com pensões mais baixas (designado de EKAS), num montante superior a 439 milhões de euros. Totalizando 3,3 mil milhões de euros de austeridade adicional, este pacote aproxima-se dos 3,4 mil milhões de euros que, em Abril último, o jornal alemão Süddeutsche Zeitung noticiava como o valor a que a Grécia seria obrigada a adoptar enquanto um plano B para assegurar as metas acordadas com os credores.

Ora, mesmo antes da entrega do documento e perante a expectativa de novos cortes nas pensões, a última segunda-feira em Atenas ficou também marcada por uma acesa manifestação de pensionistas, que levou as autoridades helénicas a lançar gás pimenta e gás lacrimogéneo contra os manifestantes.

 

O reflexo deste descontentamento da população em relação ao Governo de coligação entre o Syriza e os Gregos Independentes (ANEL), que ao contrário do prometido fim da austeridade tem continuado a prosseguir políticas de restrição orçamental, ficou patente numa sondagem que também foi divulgada esta segunda-feira.

 

O estudo da Universidade da Macedónia para a Skai TV, atribui 28,5% das intenções de voto ao Nova Democracia, com os conservadores a aumentarem em dois pontos percentuais para os 12,5 pontos a vantagem sobre o Syriza (16%).

 

Na terceira posição surge o partido neonazi Aurora Dourada com 7,5%, seguido pelos comunistas do KKE (5,5%). Nota ainda para o partido júnior da actual coligação governativa, com o ANEL a não ir além dos 2%. Também a União Centrista e o To Potami ficam abaixo deste limiar de 3%, o mínimo exigido para garantir a entrada no Parlamento helénico.

 

Também a mostrar o desagrado do eleitorado grego em relação ao Governo chefiado por Alexis Tsipras estão os 86,5% de inquiridos que disseram estar "insatisfeitos" com a performance executiva, com apenas 5% a responderem estar "satisfeitos".

 

Governo grego baixa perspectiva de crescimento para 2017

 

Depois de em Setembro Alexis Tsipras ter antecipado, no Parlamento, que a economia grega cresceria 3% em 2017, no esboço para o próximo ano esta estimativa foi revista em baixa pelo Executivo helénico, que agora prevê um avanço do PIB igual ao antecipado pela Comissão Europeia (2,7%).

 

À boleia das perspectivas optimistas para 2017, o Governo grego decidiu incluir uma provisão de 300 milhões de euros a aplicar em medidas de protecção social e apoios à educação. Fontes governamentais citadas pelo Khatimerini referem ainda que Atenas espera conseguir registar um excedente orçamental primário (que exclui o pagamento de juros) de 2%, acima da meta de 1,75% acordada com a troika, o que supostamente garantia alguma margem ao Executivo grego para adoptar medidas de apoio aos mais atingidos por longos anos de austeridade.

 

O esboço orçamental deverá também começar em breve a ser analisado pelos parceiros da troika, que o irão fazer no âmbito da segunda avaliação ao cumprimento do memorando de entendimento que no Verão do ano passado permitiu à Grécia beneficiar do terceiro resgate em cinco anos.  

 

Já esta terça-feira, 4 de Outubro, o Parlamento Europeu vai realizar uma discussão, juntamente com o comissário europeu para os assuntos económicos, Pierre Moscovici, acerca da elevada dívida pública do Estado helénico.

 

Citado pelo jornal grego To Vima, Dimitris Papadimoulis, deputado eleito pelo Syriza, considerou "inaceitável" a "obsessão dogmática" de Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, referindo que é fundamental que até ao final deste ano sejam concluídas as conversações sobre o alívio da dívida grega discutido durante o Eurogrupo de Maio deste ano.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) continua a considerar imprescindível um alívio da dívida pública grega, a caminho dos 200% do PIB do país, que o organismo liderado por Christine Lagarde diz ser "insustentável". Considerando "irrealista" a meta para o excedente orçamental primário exigida à Grécia, o FMI insistiu recentemente na necessidade de os parceiros europeus gregos procederem a um "alívio adicional" da dívida helénica.

O FMI faz depender a participação financeira no terceiro resgate grego, que pode ascender aos 86 mil milhões de euros em três anos, precisamente da disponibilidade dos restantes parceiros da troika para garantirem um alívio incondicional da dívida da Grécia.

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