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FMI volta a avisar credores para reestruturarem dívida grega

A três dias da reunião de ministros das Finanças do euro marcada para discutir o andamento do terceiro resgate à Grécia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) enviou uma carta aos credores europeus onde os insta a iniciarem negociações imediatas para aliviar a dívida de Atenas.

Bloomberg
06 de Maio de 2016 às 12:15
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A notícia é avançada pelo Financial Times (FT), que teve acesso à missiva remetida pela directora-geral Christine Lagarde aos 19 ministros das Finanças da Zona Euro. Na carta, Lagarde dá como tendo ficado sem efeito as conversações entre credores e o governo liderado por Alexis Tsipas sobre o plano de contingência adicional exigido pelos ministros das Finanças da Zona Euro, no valor de 3.600 milhões de euros e que, por isso, é necessário passar à renegociação da dívida.

 

"Acreditamos que medidas específicas [reformas económicas], reestruturação da dívida e financiamento devem agora ser discutidas em simultâneo. (…) Para que o FMI apoie a Grécia com um novo acordo é essencial que o financiamento e o alívio da dívida por parte dos parceiros europeus esteja assente em objectivos orçamentais realistas porque estão apoiados em medidas credíveis para os atingirem", refere o documento.

O tema da sustentabilidade da dívida grega vai ser discutido na reunião extraordinária do Eurogrupo, segundo a agenda do encontro publicada no site do Conselho Europeu: "As discussões vão cobrir um pacote abrangente de reformas, bem como a sustentabilidade da dívida pública da Grécia". 

 

O FMI, que tem apelado à reestruturação da dívida do país, foi alvo de intensas críticas na Grécia, onde membros do Governo de Tsipras acusam Poul Thomsen, chefe do FMI na Europa, de ter exigido demasiada austeridade. No entanto, segundo o FT, a carta de Lagarde indica que o Fundo quer menos austeridade, argumentando que a meta acordada no ano passado entre a UE e Atenas – um excedente primário de 3,5% em 2018 – é irrealista e deve ser drasticamente reduzida.

 

"É necessário um esclarecimento para clarificar as alegações infundadas de que o FMI está a ser inflexível, exigindo novas medidas orçamentais desnecessárias, provocando um atraso nas negociações e no desembolso de fundos urgentemente necessários", escreveu Lagarde.

Ponto central do desacordo entre a Grécia e os credores é a necessidade apontada por estes de legislar, desde já, medidas de austeridade adicionais equivalentes a 2% do PIB para serem implementadas caso não sejam alcançados os objectivos de consolidação orçamental acordados com a comunidade internacional a troco do terceiro resgate.

Em causa está, sobretudo, a reforma pensada por Tsipras para os sistemas pensionista e tributário, que fica aquém do que os credores julgam necessário para reequilibrar as contas do Estado grego. Em consequência, foi exigido a Atenas que aprove um plano B no parlamento para garantir que, em 2018, terá um excedente primário de 3,5% do PIB que dispensará o país de mais empréstimos da comunidade internacional.

 

O Eurogrupo de segunda-feira é visto como decisivo por ambas as partes, que necessitam chegar a um acordo antes que a campanha em torno do "Brexit" se intensifique.

 

Atenas tem de cumprir um reembolso de 3,5 mil milhões de euros em Julho para o qual necessita dos fundos do resgate. Porém, Bruxelas já avisou o Executivo de Tsipras que não quer negociações confusas durante a campanha sobre a saída do Reino Unido da UE, pelo que se não for possível chegar a um acordo este mês, o país corre o risco de ficar à beira de um "default".

 

O encontro dos ministros das Finanças do euro na segunda-feira foi agendado depois das negociações entre o Executivo de Atenas e os credores terem chegado a um impasse. Alexis Tsipras chegou a pedir a convocação de uma cimeira extraordinária, o que foi rejeitado por Donald Tusk.

No entanto, o presidente do Conselho Europeu reconheceu que é necessário "evitar uma situação de renovada incerteza para a Grécia" e que "ainda há trabalho a fazer pelos ministros das Finanças".

 

Gregos em greve contra reforma das pensões e aumento de impostos

 

Os transportes públicos gregos estão parados esta sexta-feira na sequência de uma greve em protesto contra as condições impostas ao governo pelos credores internacionais.

 

Em causa está reforma das pensões e o aumento dos impostos sobre os salários, condições negociais dos credores - União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - para libertarem as parcelas dos empréstimos internacionais, no quadro do terceiro resgate financeiro concedido ao país em Julho 2015.

 

Os trabalhadores do metro, autocarros e comboios interurbanos vão prolongar a greve até domingo de manhã, de acordo com os respectivos sindicatos.

 

Os táxis, cujo sindicato não acompanhou a onda da greve, são o único meio de transporte na capital da Grécia.

 

Nenhum comboio circulava esta manhã em todo o país e os barcos que fazem a ligação entre a Grécia continental e as ilhas permaneceram nos cais. O poderoso sindicato dos transportes marítimos, Pno, anunciou uma greve de quatro dias, entre as 3:00 desta sexta-feira e as 4:00 TMG de terça-feira.

 

Também o sector público funcionava esta manhã em marcha lenta e a maioria das rádios e cadeias públicas e privadas de televisão não difundiram noticiários, porque o sindicato dos jornalistas apelou à greve.

 

A plataforma dos sindicatos dos trabalhadores do sector privado (GSEE) e do público (Adedy) apelaram à greve na passada quinta-feira, depois do Parlamento ter decido que os dois projectos de lei sobre a reforma das pensões e dos impostos sobre os salários seriam debatidos a partir do próximo sábado de manhã, antes de serem submetidos a votação no domingo à noite.

 

Os projectos de lei prevêem a redução das pensões mais elevadas, a fusão das múltiplas caixas de previdência e o aumento das contribuições e taxas para salários médios e altos.

 

 

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