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ONU pede a França plano de "emergência civil" para migrantes de Calais

As Nações Unidas solicitaram que Paris apresente um plano global de "emergência civil" que assegure melhores condições de acolhimento aos migrantes que permanecem em Calais na expectativa de uma oportunidade para atravessar o canal da Mancha e chegar ao Reino Unido.

07 de Agosto de 2015 às 16:12
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A ONU pediu hoje a França para apresentar um plano global de "emergência civil" para criar acomodação digna para os milhares de migrantes acampados em Calais (norte) na esperança de conseguirem viajar para o Reino Unido.

 

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) advertiu por outro lado que um reforço das medidas de segurança no Canal da Mancha apenas levará os migrantes que tentam atravessá-lo a correr riscos maiores.

 

"Vamos tratar isto como uma emergência civil", disse Vincent Cochetel, chefe da divisão Europa do ACNUR, depois de sublinhar que o Alto Comissariado pede há um ano uma "resposta urgente, abrangente e sustentável" para o agravamento da crise migratória.

 

O responsável sublinhou que um plano de emergência civil é uma resposta apenas parcial para o problema, mas que pode ser facilmente aplicada desde que haja vontade política.

 

"Esta é uma situação gerível", disse.

 

Cerca de 3.000 migrantes e refugiados, muitos deles fugidos de conflitos e perseguições em países como a Síria, Líbia e Eritreia, estão acampados em Calais à espera de uma oportunidade para passar para o Reino Unido no que Cochetel descreveu como "condições terríveis".

 

O ACNUR manifestou também "alarme" pelo crescente número de mortes de pessoas que arriscam a vida ao tentarem passar o túnel sob o Canal, mais de dez desde o início de Junho.

 

Cochetel sublinhou que tanto o governo britânico como o francês se têm oposto à construção de um centro de acolhimento em Calais por recearem que se torne um atractivo para mais migrantes.

 

Mas, salientou, este receio não os isenta da responsabilidade de encontrar uma solução adequada e França podia facilmente transformar algumas das suas muitas instalações militares em centros de acolhimento.

 

O ACNUR pediu também a França para resolver os "actuais significativos atrasos" na resposta aos pedidos de asilo, com uma espera de sete meses para que um pedido seja simplesmente registado em Calais e mais meses de espera por um local de acolhimento.

 

O Alto Comissariado criticou igualmente a falta de cooperação das autoridades britânicas, afirmando que Londres recusou avaliar pedidos de transferência legal de candidatos a asilo em França com fortes ligações ao Reino Unido.

 

Admitindo que as medidas de segurança tomadas de ambos os lados do túnel são compreensíveis, Cochetel frisou no entanto que elas são apenas parte da solução.

 

"Não é com mais cães e mais vedações que vamos resolver Calais. Precisamos de um plano abrangente e de uma resposta sustentável", insistiu, sublinhando que "este problema existe há 14 anos" e "vai continuar", porque "não se pode mudar a geografia".

 

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