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Reino Unido e França criam comando policial conjunto em Calais
O reforço de segurança no Eurotúnel e a promessa de um aperto do cerco aos contrabandistas acontece numa altura em que a Alemanha estima receber 800 mil pedidos de asilo só este ano, e os países que são 'porta de entrada' para os refugiados na União Europeia exigem uma resposta a uma só voz para esta crise humanitária.
As autoridades britânicas anunciaram a criação de uma força conjunta, um centro de "comando e controlo", na cidade portuária de Calais. Esta força, composta por autoridades do Reino Unido e de França, irá reportar aos ministros do Interior dos dois países e visa prevenir a entrada de migrantes ilegais através do Tunel da Mancha, escreve a Reuters esta quinta-feira, 20 de Agosto.
"A nova força conjunta vai encontrar e desmantelar grupo de criminosos organizados que tentam transitar ilegalmente migrantes para o norte de França e através do canal" através de "um trabalho mais próximo e colaborativo", pode ler-se no comunicado publicado pelo Ministério do Interior britânico, citado pela Bloomberg.
Além da criação de um centro de combate à migração ilegal conjunto, serão reforçadas as medidas de segurança no local. Entre estas medidas incluem-se mais vedações financiadas pelos britânicos, um reforço policial francês, circuitos de televisão fechados e equipamentos de infravermelhos para vigiar o eurotúnel, e mais iluminação. Será também dado apoio à empresa concessionária do Túnel da Mancha para que reforce o contingente de segurança na entrada do Eurotúnel.
Liderado por autoridades policiais francesas e britânicas, este comando conjunto irá reportar aos ministros do Interior de ambos os países: a britânica Theresa May e o francês Bernard Cazeneuve.
Centenas de migrantes ficam acampados em Calais, esperando uma oportunidade para atravessar o túnel com 50 quilómetros de comprimento, seja saltando para o comboio ou para os camiões que atravessam a estrutura, seja a pé.
Calais é apenas um dos focos da crise migratória que tem estado no centro da agenda política europeia. À costa italiana e grega chegam centenas de refugiados todas as semanas, pessoas que fogem da pobreza, das perseguições e dos conflitos em países do norte de África e do Médio Oriente.
Os países que servem de porta de entrada para estes refugiados exigem à União Europeia uma resposta conjunta para a crise migratória.
Um dos episódios mais marcantes foi quando, no Conselho Europeu de 25 de Junho, o primeiro-ministro italiano acusou alguns líderes de "não serem dignos" de se considerarem parte da Europa, escreveu o Público. A declaração foi feita à porta fechada, num debate acalorado onde Matteo Renzi fez uma intervenção emotiva perante os colegas europeus: "Ou vocês estão solidários ou não nos façam perder o nosso tempo", cita o Expresso.
Na sequência deste encontro, os líderes europeus comprometeram-se a acolher 64 mil requerentes de asilo, incluindo 40 mil que estavam na Grécia e em Itália, noticiava então o jornal Público.
Primeiro-ministro de Itália
"Se pensamos que a Europa é um lugar de ideias e de valores, estamos dispostos a trabalhar com os nossos parceiros, mas se pensamos que a Europa é um lugar que só serve para discutir problemas orçamentais, então esta não é a Europa que concebemos em 1957, em Roma", criticou Renzi em conferência de imprensa após este Conselho Europeu.
Mais tarde, a 20 de Julho, a Comissão informou em comunicado que os países se comprometeram a acolher 22.504 refugiados a precisar de protecção e que estão fora da Europa, e outros 32.256 que já se encontram em solo europeu – abaixo dos 40 mil inicialmente discutidos. Prevê-se neste documento que o acolhimento dos 7.744 migrantes em falta aconteça até Dezembro deste ano.
No passado dia 10 de Agosto, a Comissão Europeia aprovou um programa para os próximos seis anos que passa pela atribuição de 2,4 mil milhões de euros com o objectivo de apoiar vários Estados-membros da União Europeia (UE) a enfrentar a crise migratória.
Escreve a Reuters esta quinta-feira, 20 de Agosto, que a crise migratória será um dos temas em cima da mesa no encontro marcado para a próxima segunda-feira entre o presidente francês François Hollande e a chanceler Angela Merkel.
(Notícia actualizada às 13h04)